
No verão de 2017, o mundo da moda e o submundo digital colidiram em um caso que parecia saído de um filme de suspense. Chloe Ayling, uma jovem modelo britânica então com 20 anos, embarcou em uma viagem de trabalho para Milão, Itália, sem imaginar o pesadelo que a aguardava.
O convite veio de um fotógrafo chamado Andre Lazio, através de seu agente, Phil Green. Era para ser uma sessão de fotos de rotina, uma reposição de um trabalho anterior em Paris cancelado devido a um ataque terrorista na Champs-Élysées.
Chloe chegou a Milão cheia de expectativas. No dia seguinte à sua chegada, seguiu para o local combinado para o ensaio. Mas não havia câmeras, nem luzes, nem equipe de produção. Em vez disso, uma armadilha estava montada. Ao chegar, Chloe foi drogada e perdeu a consciência. Quando acordou, estava em um estado de confusão total, imobilizada, dentro de um veículo em movimento. Seu pesadelo tinha começado.
Seu captor, um homem que se identificava apenas como “MD”, revelou a Chloe a terrível razão de seu sequestro. Ele afirmou trabalhar para uma organização criminosa chamada “A Morte Negra”.

A modelo britânica Chloe Ayling foi sequestrada em 2017 (chloeayling97/Instagram)
O plano era sinistro: leiloar Chloe Ayling como escrava sexual na dark web, uma parte oculta e irrastreável da internet conhecida por atividades ilegais. O valor inicial do leilão? A quantia chocante de 300.000 dólares. MD não perdeu tempo e enviou um e-mail ao agente de Chloe, Phil Green, detalhando a situação e exigindo o resgate para libertá-la ilesa.
Phil Green acionou imediatamente as autoridades. A Polícia Metropolitana de Londres e a Polícia italiana iniciaram uma corrida contra o tempo para encontrar Chloe antes que o leilão acontecesse. Inicialmente, houve desconfiança.
Alguns especularam se aquilo não seria uma armação elaborada pela própria modelo para ganhar notoriedade. Porém, as investigações rapidamente confirmaram a gravidade e a autenticidade da ameaça. Chloe estava em perigo real.
Enquanto as forças policiais trabalhavam nos bastidores, Chloe travava sua própria batalha pela sobrevivência dentro do cativeiro. Sequestrada por dias, ela descreveu uma estratégia crucial: manter a calma absoluta. Em seu documentário posterior, “Chloe Ayling: Meu Sequestro Inacreditável”, ela explicou sua filosofia naqueles momentos aterrorizantes. Chloe acreditava firmemente que entrar em pânico só pioraria sua situação. Ela focou no que podia controlar – suas próprias reações e respostas.
Essa postura serena, segundo Chloe, pareceu causar um efeito inesperado em seu captor, MD. Num ponto crucial do cativeiro, ela percebeu uma mudança no comportamento dele. MD, que a polícia italiana mais tarde identificou como Łukasz Herba, um polonês, demonstrou um interesse que ia além da relação de captor e refém. Ele tentou se aproximar romanticamente de Chloe.

Łukasz Herba foi condenado pelo sequestro de Chloe (Polizia di Stato)
Diante dessa situação delicada e perigosa, Chloe enfrentou um dilema monumental. Ela precisava evitar uma rejeição violenta que pudesse enfurecer seu sequestrador, mas também não conseguia corresponder ao avanço.
Com uma mistura de firmeza e diplomacia, Chloe recusou o beijo, argumentando que não estava no estado mental adequado. Ao mesmo tempo, sugeriu, de forma sutil, que algo poderia ser possível depois de sua libertação, uma estratégia para manter uma esperança viva em seu captor e garantir sua própria segurança.
Chloe continuou a administrar essa dinâmica complexa com extrema cautela. Sua abordagem psicológica, combinada com a pressão das investigações policiais que se intensificavam, acabou por dar frutos. Incrivelmente, seis dias após ser sequestrada, Chloe conseguiu convencer Łukasz Herba a libertá-la.
O destino escolhido para a libertação foi o Consulado Britânico em Milão, em 17 de julho. Uma das condições impostas por Herba era que Chloe deveria encerrar qualquer investigação sobre seu desaparecimento. Chloe concordou naquele momento, mas assim que pisou em solo seguro dentro do consulado, quebrou o acordo. Ela relatou tudo às autoridades, fornecendo detalhes cruciais sobre seu captor e o sequestro.
A história, no entanto, não terminou com a libertação. A sombra da descrença continuou a pairar sobre Chloe. Muitos mantiveram a suspeita de que todo o episódio fora uma farsa para impulsionar sua carreira. Porém, a justiça italiana seguiu seu curso. Em junho de 2018, Łukasz Herba foi a julgamento. As evidências apresentadas foram contundentes.
O tribunal italiano condenou Herba pelo crime de sequestro. A sentença foi severa: 16 anos e nove meses de prisão. A condenação judicial foi a resposta definitiva às teorias de conspiração. Mesmo anos depois, Chloe Ayling segue reafirmando sua história, confrontando a desconfiança que persiste em alguns setores.
Esse Mulher que foi sequestrada para ser vendida na dark web revela detalhes-chave que ela acredita terem salvo sua vida foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.