Durante sua passagem nesta pelo Brasil nesta terça-feira, 6, para o evento AI Engage, Rodney Clark, vice-presidente sênior de Parcerias Globais e PMEs da Cisco, e Ricardo Mucci, presidente da Cisco Brasil, detalharam em entrevista exclusiva a estratégia global da companhia para Inteligência Artificial (IA) voltada à infraestrutura de rede, data centers e segurança digital.
Entre os principais anúncios, está a estreita colaboração com a Nvidia no desenvolvimento de uma infraestrutura integrada de IA, o Cisco Factory AI, onde cliente pode adotar uma solução completa, uma plataforma aberta através e um único fornecedor One Stop Shop, toda sua fábrica de gestão e criação de IA, que compreende não só hardware, mas também softwares da Nvidia de gestão de IA, softwares open de mercado como OpenShift Ranger. Um de arcabouço de soluções escaláveis que pode ser utilizado desde uma pequena solução de Edge até uma infraestrutura robusta.
“Essa abordagem é uma resposta direta ao desafio que os clientes enfrentam hoje: montar soluções com peças de diversos fornecedores, o que complica a integração, aumenta riscos de segurança e encarece a operação”, diz Clark.
“Estamos construindo um ecossistema completo de IA que começa na infraestrutura. Isso inclui conectividade, segurança, observabilidade e colaboração — tudo preparado para suportar o ciclo de vida completo dos modelos de IA com resiliência”, explicou Mucci. Ele ressaltou a importância da resiliência digital como pilar fundamental para sustentar o avanço da IA de forma segura e escalável. “Não se trata apenas de manter os servidores de pé, mas garantir governança, segurança e integridade em cada etapa do pipeline de IA, desde o treinamento até a entrada em produção.”
A Cisco revelou que desenvolveu o chip Silicon, em parceria com a Nvidia, integrado à sua arquitetura de rede Spectro, voltado exclusivamente para workloads de AI, que inclui soluções de segurança como o Cisco Hypershield, para ajudar a proteger as cargas de trabalho de IA, e o Cisco AI Defense, para ajudar a proteger o desenvolvimento, a implementação e o uso de modelos e aplicativos de IA.
Clark destacou que a parceria com a Nvidia vai além do fornecimento de GPUs. “Estamos co-desenvolvendo soluções. Não é só empilhar servidores com placas gráficas. É pensar desde o silício até a camada de software, criando algo nativo para IA”, afirmou. Ele reforçou que o investimento no Silicon One — linha de chips da Cisco — é estratégico para garantir performance, eficiência energética e integração com a rede.
Cybersegurança
Um dos pontos de destaque da conversa foi o foco na segurança aplicada aos modelos de IA, não apenas à infraestrutura tradicional. A Cisco apresentou sua nova abordagem chamada Secure AI, que trata da proteção de todo o ecossistema de dados e modelos, prevenindo ataques, manipulações e usos indevidos. “A resiliência digital agora depende de proteger também os algoritmos e dados que alimentam a IA”, explicou Mucci.
Além disso, a companhia está ampliando seu framework de observabilidade e telemetria, permitindo que os clientes monitorem e auditem o comportamento dos modelos de forma contínua. Essa visibilidade é crucial para a governançde soluções de IA que tomam decisões críticas em tempo real.
Formação
Questionado sobre a posição do Brasil no cenário global da IA, Clark foi enfático: “Não existe um país mais avançado. O que vemos são empresas com diferentes níveis de maturidade. O que importa é investir em infraestrutura, dados e segurança.”
A Cisco também tem observado um movimento crescente de empresas brasileiras buscando internalizar suas fábricas de IA, especialmente em setores como finanças. “Muitos clientes estão percebendo que é mais estratégico construir sua própria infraestrutura de IA, por questões de segurança, custo e controle”, afirmou.
No Brasil, a Cisco aposta forte na formação de talentos. Através do programa Networking Academy, a empresa vai capacitar mais de 1 milhão de pessoas no país até o final do ano. “Somos a 4ª maior operação global e 2ª maior operação de formação de alunos em cibersegurança e vamos expandir agora com trilhas voltadas à inteligência artificial”, adiantou Mucci.