Após anos de desmonte, Lula retomou políticas e abriu diálogo com PCDs, avalia ativista

Quase dois anos e meio após subir a rampa do Palácio do Planalto ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de outros representantes do povo brasileiro, o influenciador potiguar Ivan Baron refletiu sobre os avanços e os desafios das políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência (PCDs) no Brasil. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, Baron afirmou que a posse de Lula simbolizou “um respiro para a democracia”, com a abertura do governo para cobranças por inclusão e direitos.

“Querendo ou não, eu me tornei um representante das pessoas com deficiência no nosso país. Isso é bom, mas sei que as cobranças viriam em dobro”, afirmou. Segundo o ativista, após anos de retrocessos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), houve uma retomada de políticas abandonadas e um reposicionamento do Estado em relação às pessoas com deficiência. “Retomamos tudo o que tinha sido abandonado, esquecido. E agora cabe a nós também fortalecer essa fiscalização”, destacou.

Baron cita como exemplo o relançamento do programa Viver sem Limites, que prevê investimentos bilionários em educação, saúde, assistência social e lazer voltados para a população PCD. “O novo governo não encara pessoas com deficiência como um gasto a mais para a sociedade. […] Está sempre disposto ao diálogo. Tem algo que pode ser melhorado? Então junto com a sociedade civil, as pessoas que de fato sentem na pele, falam as suas necessidades e logo são atendidas”, avaliou.

O ativista lembrou de quando, logo no início do mandato de Lula, questionou um “decreto meio confuso” que poderia significar a extinção de uma secretaria importante para a educação de pessoas surdas. “Prontamente o governo abriu o diálogo e voltou atrás”, afirmou. Para ele, isso se deve ao fato de que, ao contrário da última gestão, “este não é um governo negacionista, não é um governo que exclui as pessoas.”

Apesar dos avanços, capacitismo permanece

Durante a entrevista, o ativista também denunciou o desrespeito a direitos de PCDs ainda frequente, inclusive em eventos de grande porte. Um caso emblemático, segundo ele, foi o show da cantora Lady Gaga no Rio de Janeiro, no último fim de semana. “Eu estava em uma área acessível, com suporte, mas vi pessoas autistas sendo ignoradas, cadeirantes sendo expulsos da área de acessibilidade. Foi um ato criminoso”, mencionou. “O capacitismo não combina com a mensagem de Lady Gaga”, criticou.

Baron também chamou atenção para os entraves enfrentados por pessoas com deficiência no acesso à educação. De acordo com o Observatório Nacional de Direitos Humanos, quase 20% das pessoas com deficiência com 15 anos ou mais são analfabetas no Brasil. “Falta acessibilidade, mas também capacitação de profissionais. Muitos alunos não têm participação ativa nas aulas. E o bullying continua sendo um fator de exclusão, agora também nas redes sociais”, alertou.

Diante disso, Ivan Baron revelou que considera a possibilidade de disputar um cargo político nas próximas eleições. “Coloquei meu nome à disposição, talvez para a Assembleia Legislativa do meu estado ou até para a Câmara Federal. Nós precisamos ocupar esses espaços. Uma representatividade que compre a bandeira anticapacitista é necessária.”

Para o ativista, a inclusão deve ser uma pauta permanente e coletiva, e não lembrada apenas em ciclos eleitorais. “Infelizmente, isso é o que acontece independentemente do campo, seja da direita ou da esquerda. Devemos reforçar a necessidade de pessoas com deficiência ocuparem esse protagonismo, trazerem as suas próprias narrativas. A inclusão é um movimento político. É através dessa política institucional que nós avançamos em direitos e fazemos com que eles não retrocedam”, concluiu.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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