Artista que teve nove orgasmos em museu público para performance revela a parte mais difícil do processo

Artista que teve nove orgasmos em museu público para performance revela a parte mais difícil do processo

Marina Abramović é uma das figuras mais emblemáticas da arte performática, conhecida por desafiar limites físicos e emocionais em suas obras. Entre suas criações mais comentadas está uma reinterpretação de “Seedbed”, performance originalmente realizada por Vito Acconci em 1972. Enquanto a versão de Acconci consistia em ele se masturbar por oito horas diárias durante nove dias em uma galeria de Nova York, Abramović levou a proposta a outro patamar em 2005, no Museu Guggenheim, também na cidade norte-americana. O resultado? Nove orgasmos em uma única sessão — e uma série de desafios inesperados.

Na releitura de Abramović, a artista ficou escondida sob um palco, masturbando-se por oito horas enquanto o público circulava pelo local, ouvindo apenas seus sons. A ausência de contato visual tornou a experiência mais complexa do que imaginava. Em entrevista ao canal Fashion Neurosis, ela detalhou: “O público não me via, apenas ouvia minha voz. A concentração exigida era extrema”. A artista ainda brincou sobre a dificuldade de atingir o clímax em um ambiente tão pouco convencional: “Ser estimulada pelos passos das pessoas acima de mim… Não foi nada fácil, garanto!”.

Além do esforço físico — que a deixou exausta para outros compromissos no dia seguinte —, a obra levantou questões sobre energia feminina e exposição íntima. Abramović queria explorar a potência do corpo da mulher em um contexto artístico, mas enfrentou a ironia de uma situação paradoxal: mesmo em um ato tão privado, a falta do olhar direto do público a fez sentir-se isolada. Apesar dos obstáculos, a performance foi recebida com entusiasmo, consolidando-a como uma mestra em transformar vulnerabilidade em arte.

Marina Abramović é considerada uma pioneira da arte performática
Marina Abramović é considerada uma pioneira da arte performática

Se “Seedbed” chocou pelo caráter íntimo, outras obras de Abramović mergulham em territórios ainda mais intensos. Em “Rhythm 0” (1974), por exemplo, a artista submeteu-se à vontade absoluta do público. Durante seis horas, em uma galeria de Nápoles, ela permaneceu imóvel enquanto os espectadores podiam usar 72 objetos dispostos sobre uma mesa. Entre eles, itens inocentes, como pétalas de rosas e mel, coexistiam com tesouras, facas, uma serra e até uma pistola carregada. O experimento, que começou com gestos suaves, degenerou em violência: roupas cortadas, ferimentos na pele e uma pessoa apontando a arma para sua cabeça. Ao final, Abramović declarou sentir-se “pronta para morrer”, revelando o lado sombrio da liberdade sem consequências.

Outra releitura ousada veio em 2005, com “Genital Panic”. Originalmente criado por Valie Export em 1969, o trabalho foi adaptado por Abramović no mesmo ano da performance no Guggenheim. Sentada em uma cadeira, vestindo calças sem forro na região genital e portando um fuzil Kalashnikov, a artista confrontou o público com uma mistura de nudez e ameaça. Diferente da versão de Export — apresentada em um cinema adulto —, o cenário institucional do museu amplificou o impacto, questionando tabus sobre sexualidade e poder.

Já em 2010, Abramović surpreendeu com “The Artist is Present”, no MoMA de Nova York. Durante três meses, ela sentou-se silenciosamente em uma cadeira, encarando visitantes que se revezavam à sua frente. A simplicidade do gesto escondia uma carga emocional imensa. Participantes choraram, sorriram ou permaneceram impassíveis, enquanto a artista mantinha uma postura quase meditativa. O momento mais viralizado ocorreu quando Ulay, seu ex-companheiro e colaborador, sentou-se diante dela. Após anos sem contato, as lágrimas de ambos comoveram plateias ao redor do mundo.

Essas performances não apenas desafiam noções de arte, mas também exploram a relação entre artista e espectador. Em “Seedbed”, a ausência de imagens obrigou o público a se conectar apenas pelo som, invertendo a dinâmica tradicional. Já em “Rhythm 0”, a passividade de Abramović expôs a crueldade humana quando as regras sociais são suspensas. Cada obra serve como um espelho, refletindo não apenas a coragem da artista, mas também as reações — por vezes imprevisíveis — de quem a observa.

Esse Artista que teve nove orgasmos em museu público para performance revela a parte mais difícil do processo foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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