Após a prisão do advogado Eduardo Simões de Almeida, de 34 anos, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais (OAB-MG), na noite de sábado (10), a presidente da OAB-ES, Érica Neves, detalhou o momento em que acompanhou o suspeito na delegacia e sofreu agressões verbais.
O advogado foi preso sob suspeita de captar clientes de forma irregular e ameaçar e praticar injúria contra Érica Neves, e da presidente da subseção de Guarapari, Mônica Goulart. O advogado reuniu na quadra de uma escola particular do bairro Itapebussu, em Guarapari, centenas de pessoas atingidas na tragédia do rompimento da barragem de Fundão.
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De acordo com a Polícia Militar, a estimativa é de que cerca de 500 pessoas estavam no evento e nenhuma se manifestou como responsável da organização. Os policiais foram ao local duas vezes, sendo que na primeira o advogado suspeito não estava presente.
Em entrevista ao Folha Vitória, a presidente contou que o advogado gravou vídeos, que circulam em grupos de WhatsApp, utilizando “palavras de baixo calão” para se referir à presidente da subseção Guarapari, Mônica Goulart, como “prostituta”.
Em um dos trechos, ele declara: “Quero ver se ela vai ter coragem de chegar no portão, de pisar lá. Você vai saber quem eu sou de verdade”.
Com as injúrias, somadas aos evento de captação de cliente ocorrido de forma irregular, a presidente foi pessoalmente para Guarapari para acompanhar o caso na delegacia, quando as ameaças foram feitas.
Assim que ele chegou, eu me aproximei para perguntar se ele era o advogado do vídeo. Então, ele confirmou e disse que a OAB não é nada, mesmo após eu me apresentar como presidente da Ordem. Eu o acompanhei entrando na delegacia, juntos dos policiais, mas ele se irritou, falando para ‘tirar essa mulher de perto dele’. Veio na minha direção e por muito pouco não me agrediu, o rosto dele encostou no meu. Ele gritou: ‘você não é nada, você é merda’. O policial, rapidamente, apartou. Eu dei voz de prisão imediatamente.
No relato, Érica Neves disse, ainda, que Eduardo Simões de Almeida chegou a realizar ameaças, do tipo “você vai ver o que eu vou fazer com você”.
“Eu senti que não podia dar um passo atrás. E não dei. Olhei para ele gritando na minha cara e não recuei. Se eu tivesse que ser agredida, eu seria, mas não daria um passo atrás”, completou.
Segundo informou a Polícia Civil, o advogado foi autuado duas vezes por ameaça e três vezes por injúria. Ele foi encaminhado ao sistema prisional e não tem direito à fiança
Advogado tem histórico de injúria e OAB-ES busca cassação, diz presidente
Ainda no caminho para a delegacia, ele teria feito ameaças e cometido injúria com mais duas advogadas de Guarapari, as chamando de “vagabundas”. A presidente reforçou que o suspeito só ofendia as mulheres.
Além disso, conforme informou Érica Neves, o advogado possui um conjunto de atos, como boletins de ocorrência, envolvendo agressões e captação de clientela. A subseção da OAB-MG em Aimorés entrou em contato para prestar solidariedade às vítimas das injúrias cometidas pelo suspeito.
Na segunda-feira (12), a OAB-ES irá oficiar a OAB-MG para pedir o afastamento imediato de Eduardo Simões de Almeida e para que seja aberto um processo ético visando a cassação.
Captação de clientela realizada por advogado é irregular
De acordo com a OAB-ES, em Guarapari o advogado montou uma estrutura com computadores, copiadora e impressora para iniciar atendimentos na escola. Centenas de pessoas foram para o colégio.
Ainda segundo a entidade, não é permitida a captação de clientes dessa forma, nem liberada a atuação no Espírito Santo sem fazer a inscrição na seccional local.
“O advogado não se vende, ele é contratado, é uma relação de confiança. Mas ele estava se vendendo, realizando uma mercantilização, o que é considerada uma abordagem irregular de acordo com o nosso Código de Ética. Até o momento, era só isso, antes de realizar as injúrias e ameaças”, finalizou a presidente da OAB-ES.
O espaço segue aberto para a defesa do advogado e o texto será atualizado.
