Qlik investe na presença no mercado brasileiro e da Latinoamérica

Em entrevista à TI Inside, o CEO global da Qlik, Mike Capone, fala sobre os planos da empresa para o Brasil e a América Latina, reforçando o papel estratégico da região no crescimento global da companhia. Com forte atuação no setor de analytics e integração de dados, a Qlik vem apostando na nuvem, inteligência artificial e aquisições tecnológicas para expandir sua presença e portfólio.

Segundo Capone, o Brasil ocupa um lugar de destaque dentro da estratégia global da Qlik. “Foi o segundo mercado que mais cresceu para a Qlik no último ano, atrás apenas da Índia. Continuamos investindo no país, com aumento de 10% a 20% no número de funcionários”, afirma o executivo.

A operação regional, coordenada a partir do Brasil, é apoiada por uma rede de parceiros que Capone considera “a melhor do mundo”. “Temos uma relação muito próxima com nossos parceiros locais, e isso é motivo de grande orgulho”, acrescenta.

Acelerando na nuvem com a AWS

A transição para a nuvem é uma das apostas mais fortes da empresa, impulsionada pela aquisição da Talend, especializada em soluções cloud. A integração da Talend trouxe oportunidades inéditas na América Latina, onde a empresa praticamente não tinha presença. “Os resultados foram incríveis, especialmente no Brasil”, destaca Capone.

Parte dessa estratégia inclui uma nova parceria com a AWS para a construção de uma “região” de nuvem soberana no Brasil. “É uma resposta às exigências locais e um compromisso com a flexibilidade. Incentivamos a migração no tempo certo de cada cliente — não forçamos a transição”, pontua.

Investimentos estratégicos e novas aquisições

A empresa também recebeu recentemente aportes financeiros significativos, com destaque para o fundo soberano de Abu Dhabi (ADIA) e a Thoma Bravo. O objetivo dos investimentos é claro: reforçar a atuação da Qlik em inteligência artificial e expandir capacidades analíticas.

“O ADIA investe fortemente em IA, inclusive na OpenAI, e se impressionou com o que estamos fazendo. Esse aporte nos permite continuar nossa estratégia de aquisições, que já conta com 14 negócios fechados desde 2018”, explica Capone. Entre as recentes aquisições, está a Upsolver, especializada em movimentação de dados e já integrada à plataforma Qlik Talend Cloud.

Foco em soluções verticais e pesquisa

A Qlik mantém o foco exclusivo em dados. “Não vamos para áreas como CRM ou jogos. Queremos expandir nossas capacidades dentro do universo de dados, com soluções específicas para setores como saúde, manufatura e ciências da vida”, diz o CEO.

A empresa já investiu mais de US$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento e segue priorizando inovação em sua plataforma de IA. “O que veremos amanhã é a importância de construir uma base sólida de dados, com qualidade e governança. Sem isso, IA não passa de mágica de curto prazo”, alerta.

Visão estratégica e IPO no radar

Sobre a possibilidade de abrir capital, Capone afirma que a Qlik está preparada. “Se o mercado melhorar, podemos considerar o IPO. Mas estamos bem-posicionados, com capital e investidores fortes, sem pressões.”

Para a América Latina, o modelo continuará apoiado em parcerias locais, que ajudam a Qlik a oferecer soluções customizadas para diferentes setores. “Se nossos parceiros tiverem sucesso, nós também teremos”, resume.

Por fim, Capone comenta os impactos de políticas protecionistas do presidente Donald Trump. “Essas medidas afetam diretamente nossos clientes em manufatura e cadeia de suprimentos. Por isso, é fundamental ter dados confiáveis e modelos de IA capazes de simular cenários e mitigar riscos.”

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