

Acordar cedo na mata tem um som diferente. Para muitos, isso é um chamado. Embora eu não tenha participado da última edição do Global Big Day na Reserva Águia Branca, pois estava representando o Espírito Santo na Conferência Nacional de Meio Ambiente, em Brasília, acompanhei à distância com a mente cheia de lembranças e vontade de também estar lá também.
Já percorri por anos essa região encantadora de Vargem Alta, e foi ali que registrei algumas das aves mais interessantes da minha trajetória como fotógrafo de natureza.
Entre elas, a sanã-vermelha ocupa um lugar especial. Encontrá-la por ali, entre os brejos e o silêncio da vegetação rasteira, foi uma das grandes surpresas que a reserva me ofereceu. Fotografar essa espécie super tímida era uma raridade no Espírito Santo.

Foi também nesse cenário que produzi um livro e um documentário dedicados às maravilhas naturais da região.
Ciência cidadã e paixão pelas aves
O Global Big Day é uma maratona de observação de aves e ciência cidadã para registrar o maior número possível de espécies de aves em 1 dia. Milhares de pessoas em todo o mundo ajudam a monitorar o estado da avifauna local e global. Os dados coletados alimentam bancos de dados científicos e servem como suporte para as ações de conservação.
Na edição de maio de 2025, a participação de observadores capixabas na Reserva Águia Branca foi um marco para o evento no Espírito Santo, tendo um dos maiores números de espécies registradas no Brasil.
Palco para o espetáculo das aves
A Reserva Águia Branca é uma das minhas áreas de observação de aves favoritas no Espírito Santo. É, segundo os dados do Global Big Day de 2025, um dos melhores lugares do Brasil para observar nossos amigos emplumados.

Foram registradas nada menos que 204 espécies em um único dia, posicionando a reserva em primeiro lugar no Espírito Santo, primeiro na Mata Atlântica e terceiro no país. Esse resultado só foi possível graças ao empenho de 52 participantes – o maior número já registrado no local.

Muitos dos participantes fazem parte de grupos bem legais, como o COA-ES, a AMOAVES e o Avoa. A eles, se somaram guias locais, que conhecem cada canto onde o canto dos pássaros ecoa mais forte.
Uma conquista coletiva
A bióloga Patrícia Bellon, da equipe da Reserva, resumiu bem o sentimento que uniu o grupo: “Juntos, fizemos história e ajudamos nossa Unidade de Conservação a avançar no ranking nacional. Estamos conquistando uma posição melhor a cada edição.”
E isso é verdade. Em 2024, a reserva já se destacava no cenário nacional. Em 2025, com essa marca no topo da Mata Atlântica, ela se consolida como referência no Brasil.

Como fotógrafo e ambientalista, acredito que a conquista está além dos números. Cada pessoa que participa desse tipo de evento, está ajudando a levar a mensagem da importância da conservação adiante.
Montanhas capixabas
A Reserva Águia Branca está situada em Vargem Alta, no coração das Montanhas Capixabas. É uma região de clima ameno, paisagens impressionantes e biodiversidade pulsante.
Ali, o turismo de natureza e o agroturismo caminham lado a lado, oferecendo experiências únicas para visitantes e pesquisadores.

A reserva é um espaço vivo de educação ambiental, pesquisa científica e contemplação. Trilhas, auditórios e programas escolares tornam o local uma extensão da sala de aula — só que sob a copa das árvores e o voo das aves.
A sanã-vermelha
Entre as aves que já fotografei na Reserva, a sanã-vermelha talvez seja uma das que mais me marcaram. Na época, fotos dela eram raras no ES.
Com seu corpo pequenino, suas penas avermelhadas contrastando com o branco das laterais e seus lindos olhos cor de sangue, ela vive entre as moitas úmidas dos brejos e o emaranhado da vegetação densa.
É uma ave tímida, difícil de avistar. Mas quem já ouviu seu chamado, sabe que ela está por lá. Seu nome científico, Laterallus leucopyrrhus, remete à “cor da chama e branco nas laterais” — uma descrição poética para uma ave que parece ter sido desenhada.
Encontrá-la em meio à névoa matinal foi, para mim, um presente. Algo que só foi possível graças ao colega observador de aves, Felipe Ventura. Que ouviu o canto da sanã e identificou a espécie que eu ainda não conhecia.
Um chamado para todos
Enquanto escrevo esta matéria, penso nos muitos anos que caminhei por entre essas montanhas com a câmera nas mãos. Lembro de cada passo molhado, de cada espera silenciosa por uma ave que talvez nunca saísse de trás daquele galhinho que sempre atrapalha as fotos.
E lembro da alegria que é quando a foto fica como imaginei. Porque fotografar aves é, além de muita técnica, um exercício de esperança.



Celebrar a Reserva Águia Branca é celebrar uma das parcerias mais legais que já construí. A dedicação dos funcionários de lá é emocionante.
Compromisso
Que esta matéria inspire mais pessoas a conhecerem e protegerem as riquezas naturais do Espírito Santo. Que mais jovens se encantem com o som de um sanã-vermelha ao amanhecer. Que cada fotografia seja uma semente plantada no coração de quem vê.
Eu, como apaixonado pela natureza, enquanto tiver forças, me comprometo a continuar a divulgar as belezas do nosso mundo e a necessidade de conservá-lo.
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Espero que tenham gostado desta história. Te vejo na próxima aventura!