Minha Casa, Minha Vida: por que o mercado continua crescendo e o que saber antes de financiar

Mesmo em meio à alta da taxa de juros e à escassez de recursos para o financiamento habitacional, o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) segue como principal motor do mercado imobiliário brasileiro, especialmente após a retomada no atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A avaliação é de Heitor Kuser, especialista no setor, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

“O crescimento deve continuar, especialmente porque o MCMV tem recursos já pré-definidos. Só a demanda para o programa é de 3 milhões de moradias. Até alcançar essa demanda vai demorar bastante tempo”, afirma Kuser.

No primeiro trimestre de 2025, o programa respondeu por mais da metade dos lançamentos e vendas de imóveis no país. Segundo o especialista, a criação da Faixa 4, voltada a famílias com renda de até R$ 12 mil mensais, contribuiu significativamente para esse cenário. Essa faixa abrange grande parte da classe média, segmento que costuma ser o primeiro a sentir os impactos de crises econômicas.

“Criou-ser um novo público”, aponta Kuser. Ele afirma que com isso, pessoas que queriam comprar, mas estavam represadas por falta de crédito com condições adequadas, agora têm acesso a subsídio. Assim, destrava o mercado.

Embora a taxa Selic esteja em alta, com expectativa de alcançar 15% ao ano até o fim de 2025, os juros para financiamento dentro do MCMV, mesmo considerados altos internacionalmente, ainda são mais baixos que outras linhas de crédito no Brasil. Na avaliação do especialista, isso tem ajudado a manter a atratividade do programa.

O impacto do novo perfil de beneficiários deve ser sentido em várias regiões do país, especialmente nas áreas urbanas mais populosas, como Sudeste e Sul, onde imóveis na faixa de R$ 500 mil a R$ 1,5 milhão, agora elegíveis na Faixa 4, enfrentavam maior dificuldade de venda. “O governo e os bancos estão se movimentando para ampliar o acesso ao crédito. E com a ampliação da base de compradores, a tendência é de crescimento contínuo”, conclui Kuser.

Veja dicas antes de fechar o contrato

Para quem vai comprar um imóvel pela nova Faixa 4 do MCMV, Heitor Kuser orienta atenção redobrada com o orçamento familiar e com a empresa responsável pela construção. “A primeira pergunta é: eu vou conseguir pagar? Cabe no meu orçamento? Porque, com a alienação fiduciária, se você atrasar três parcelas, pode perder o imóvel”, alerta.

Outro ponto essencial é checar a reputação da construtora e do corretor. “Evite comprar de quem você não conhece. Priorize empresas reconhecidas no mercado e confira o histórico da incorporadora para não correr o risco de o imóvel não ser entregue”, aconselha.

Além disso, Kuser destaca que tanto imóveis novos quanto usados são permitidos no programa, mas cada um exige cuidados específicos. Imóveis usados devem ser avaliados quanto a problemas estruturais e geralmente não contam mais com garantia. Já os novos, além da garantia, podem oferecer mais prazo de pagamento e um ambiente “mais saudável”, com vizinhos em situação similar de mudança.

“Esses pequenos cuidados são importantes na hora de tomar a decisão”, ressalta o especialista.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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