Morreu, nesta sexta-feira (23), o renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, fundado por ele e sua esposa, Lélia Wanick, por meio das redes sociais. “Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador”, diz a nota.
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, escreveu o instituto em nota.
O fotógrafo, que morava em Paris, na França, deixa dois filhos, Juliano e Rodrigo, e dois netos, Flávio e Nara. Segundo relato de um amigo próximo à Folha de S. Paulo, ele enfrentava complicações de saúde decorrentes de uma malária contraída nos anos 1990.
Nascido em 1944 em Minas Gerais, Salgado iniciou sua carreira em 1973 e desenvolveu projetos de fotografia em mais de 100 países. Uma de suas obras mais conhecidas e importantes foi uma série de imagens em preto e branco de Serra Pelada, local de mineração de ouro na Amazônia, na década de 1980.

Amigo do MST e do BdF
Ao longo da carreira, Salgado demarcou posição ao lado da luta por dignidade das trabalhadoras e trabalhadores. Com sua câmera consagrada, documentou a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em diversos momentos, como na ocupação da fazenda Giacomet-Marodin, no Paraná, e no triste episódio do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará.
Em diferentes oportunidades, o fotógrafo manifestou seu apoio e solidariedade ao movimento. “O MST é um movimento de ocupação desse espaço vazio, para dar vida e sentido a essa terra. Eu o vejo como um elemento necessário tanto para a ecologia como para o lado social, da redistribuição de renda”, afirmou, à época do lançamento de seu livro Terra, que retrata a luta pela reforma agrária no Brasil nos anos 1990.
Em 2003, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), Sebastião Salgado foi um dos padrinhos presentes à cerimônia de fundação do Brasil de Fato, que lotou Auditório Araújo Viana. O fotógrafo esteve na mesa ao lado do escritor uruguaio Eduardo Galeano, a médica cubana Aleida Guevara, filha do Che, o linguista estadunidense Noam Chomsky, a argentina Hebe de Bonafini, líder das Mães da Praça de Maio, o teólogo Leonardo Boff, João Pedro Stedile, líder do MST, entre outros nomes da esquerda nacional e mundial.
