Nesta segunda-feira (26), professoras da rede estadual de Pernambuco lançaram uma cartilha visando prevenir e combater o abuso sexual contra crianças e adolescentes. O material ficará disponível nas bibliotecas das escolas públicas do estado, visando conscientizar e educar sobre o tema professores e crianças. Organizações da sociedade civil e autoridades políticas participaram do evento de lançamento, que aconteceu no Recife e teve transmissão online (assista abaixo ou clicando aqui).
A iniciativa da cartilha é do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), que deseja transformar o tema também numa campanha que mobilize a sociedade civil. “A escola pública muitas vezes é o único refúgio diante de dificuldades vividas por alunos. O papel do professor é essencial na construção da cidadania e na proteção desses estudantes”, avalia a professora Ivete Caetano, presidenta do Sintepe. Ela afirmou que as escolas devem ser locais de acolhimento para adolescentes e suas famílias.
Yara Manolaque, professora e secretária de Gênero do Sintepe, explica que “a cartilha aborda várias formas de violências sexuais, traz maneiras de realizar o acolhimento das vítimas e de fazer o enfrentamento visando interromper essas violências”. Manolaque liderou a elaboração do material, que também está disponível online (clique aqui).
A cartilha apresenta dados e confirma meninas adolescentes, em especial negras, como as principais vítimas de violência sexual no Brasil. Segundo levantamento divulgado em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), ao menos 20% das estudantes de 13 a 17 anos já haviam sofrido alguma forma de violência sexual.
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A senadora Teresa Leitão (PT) considera que o material convida os educadores a terem um olhar que vai além da sala de aula. “Esta cartilha pode levar a conscientização e a informação para os lugares em que elas são mais necessárias. Estamos formando politicamente a categoria e contribuindo para a transformação social”, afirma Leitão, que é professora e já presidiu o Sintepe.
A vereadora do Recife Liana Cirne (PT) também participou do evento. “É um tema difícil porque faz parte das vidas de muitos e muitas de nós aqui. Se isso afeta a nossa sociedade de maneira tão bárbara e violenta, então precisamos discutir nas escolas, qualificar professores e professoras para tratar desse tema. Enquanto tratarmos como tabu, não vamos vencer essa guerra”, pontuou Cirne.
Também participaram do evento nesta segunda-feira (26) o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), representado pelo promotor Maxwell Vignoli; a Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), representada por Jorgiane Araújo; a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), representada por Fátima Silva; a Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), representada por Larissa Brito; a organização da sociedade civil Centro das Mulheres do Cabo, representada por Hyldiane Lima; além de Mayara Alves representando os estudantes da rede pública estadual.
Distribuição
O Sintepe deve promover atividades específicas sobre o tema para promover a distribuição da cartilha como material de apoio em formações com temáticas de direitos humanos e educação sexual e reprodutiva, além de serem disponibilizadas nas bibliotecas das escolas públicas estaduais. Além de dados, definições e características das formas de violência sexual, a cartilha também apresenta legislação sobre o tema e onde buscar ajuda.
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