Brasil está pronto para receber investimentos em data centers, afirma a EY

A utilização crescente das novas tecnologias vai exigir, nos próximos anos, capacidade de processamento nunca antes vista. A inteligência artificial generativa, aliada à expansão da Internet das Coisas (IoT), à migração de sistemas e informações para a nuvem, ao desenvolvimento da tecnologia autônoma como carros e à proliferação de dispositivos móveis inteligentes, provocará consumo expressivo de dados. “Para atender a essa demanda, haverá necessidade de construção de mais data centers no mundo. O Brasil reúne os elementos para se destacar nesse contexto de construção dessa nova infraestrutura digital”, diz Leonardo Donato, sócio-líder da EY em Telecomunicações, Mídia e Entretenimento e Tecnologia para América Latina.
Um estudo do Goldman Sachs Research indica que a oferta de data centers e a demanda por esse serviço vão se estreitar já nos próximos anos. A taxa de ocupação dessa infraestrutura deve aumentar de 85% em 2023 para um pico superior a 95% no fim de 2026. Isso significa que praticamente não haverá espaço de processamento caso novos data centers não sejam construídos. Os data centers consomem muita energia e água em sua operação. Ainda segundo essa pesquisa do Goldman Sachs, a IA sozinha impulsionará aumento de 165% da demanda por energia dos data centers até 2030. Considerando o período até 2027, a projeção é de 50% de crescimento.
“O Brasil tem terra, ou seja, espaço disponível para construção de data centers, além de energia e água em abundância. Nossa matriz energética é limpa, o que significa uma vantagem em termos de sustentabilidade na comparação com outros países que dependem ainda dos combustíveis fósseis”, analisa Donato. Há, ainda segundo o executivo, a questão do custo, já que a operação de infraestrutura tende a ser mais barata a curto, médio e longo prazo no Brasil – na comparação com outros países, que sofrem, por exemplo, com falta de terrenos, o que encarece a contratação do espaço para alocação dos data centers. “Esse aumento potencial do consumo de energia causado pelos datacenters não é problema para o Brasil, que tem superávit energético, vendendo esse excedente para os países vizinhos”, completa.
Regulação para impulsionar o mercado de data centers
Atento a essa oportunidade, o governo federal prepara uma medida provisória para atrair os data centers para o Brasil, prevendo a obrigatoriedade do uso de energia limpa por esse negócio. Haverá a concessão de incentivos para o setor, como desoneração de investimentos de longo prazo, isenção do imposto de importação para equipamentos e isenção de tributos sobre serviços exportados a partir desses centros de dados. Entre as contrapartidas estarão a exigência de investir no desenvolvimento regional das empresas de data centers, como oferta ao mercado doméstico, bem como em pesquisas de desenvolvimento em IA e na cadeia de sustentabilidade do setor.
“A demanda crescente por processamento de dados é uma tendência que não vemos possibilidade de regredir. É algo contínuo, crescente e escalável. O governo já entendeu a relevância de uma agenda que fomente a infraestrutura digital, com potencial de gerar empregos e aumentar a arrecadação”, observa Donato. Além do interesse governamental, as próprias empresas já perceberam que a estrutura de data centers será cada vez mais relevante para o futuro dos negócios.
“Em países de mercado maduro em tecnologia, as empresas de varejo estão construindo sua própria infraestrutura de data centers ou fechando parceria com empresas de tecnologia que oferecem infraestrutura dedicada. Estratégia semelhante está sendo seguida pelas operadoras de telecomunicações, que, ao notarem o aumento da demanda por serviços de dados, estão fechando parcerias com provedores de serviços de data centers para expandir suas ofertas e melhorar a infraestrutura”, finaliza Donato. 
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