Planejamento e tecnologia garantem qualidade da safra de café conilon no Espírito Santo

A colheita do café conilon já começou no Espírito Santo, maior produtor nacional da variedade. No campo, os cafeicultores estão atentos a cada detalhe, desde o ponto ideal de maturação até o momento exato da secagem. Na Fazenda Venezuela, em Nova Venécia, a família Falquetto é exemplo de como planejamento e boas práticas garantem qualidade e produtividade.

Produtor rural e referência na região, Jailson Falquetto destaca que a evolução na atividade começou com a adoção de práticas como a poda programada, que possibilitou uma lavoura mais equilibrada e produtiva, além da escolha criteriosa do material genético.

“A evolução começou com a poda planejada, depois o preparo do solo bem feito, e a escolha do material genético que proporcionasse alta produção, maturação mais uniforme e resistência a pragas e doenças. Com apoio técnico, buscamos sempre materiais que respondam melhor à nossa realidade aqui”, explica.

Além disso, a colheita semi-mecanizada agiliza o processo e mantém a qualidade. “Este ano a colheita está bem adiantada, graças à mecanização. Não é totalmente mecanizada, mas a máquina veio para ajudar muito”, conta Jailson.

Qualidade começa na lavoura de café

A maturação do café é um dos pontos mais importantes para se obter um produto de qualidade. Colher grãos no ponto cereja — ou seja, maduros — é essencial para garantir uma bebida com sabor e aroma superiores.

“Se você colher um café maduro, já começa a colher um material de qualidade. Se colher verde, não tem como ter qualidade no beneficiamento”, reforça Jailson.

Outro aspecto fundamental é a secagem, que deve acontecer o mais rápido possível após a colheita para evitar a fermentação indesejada. Na Fazenda Venezuela, a rotina é sempre secar o café no mesmo dia em que é colhido.

“Essa foi sempre uma preocupação nossa. O café ficando na lavoura de um dia para o outro perde qualidade. Além disso, a logística precisa funcionar: colher, transportar e secar rapidamente para manter o ciclo produtivo em sincronia”, explica.

Registro de dados e a importância do monitoramento

Na propriedade, todos os dados são rigorosamente registrados: rendimento por secador, custo por saca e qualidade por talhão. Essas informações ajudam a monitorar o desempenho da lavoura e a planejar as próximas safras.

“Com esses dados, conseguimos avaliar o rendimento, a qualidade e o que está acontecendo em cada parte da propriedade”, afirma Jailson.

O filho, Felipe Falquetto, é responsável pelo beneficiamento do café e reforça que cada etapa influencia na qualidade final.

“Café colhido na hora certa, maduro, que não esquenta e não mofa. Secado na temperatura correta, pilado do jeito certo, sem quebrar demais, tudo isso contribui para uma bebida melhor”, explica.

Orientação técnica faz a diferença

Consultor da Cooabriel, a maior cooperativa de café conilon do Brasil, Ademir Fornaciari destaca a importância do planejamento desde o plantio até a colheita.

“O primeiro ponto é o grau de maturação. A literatura indica iniciar a colheita com no mínimo 80% dos grãos maduros. No campo, nem sempre é possível, mas quanto mais próximo disso, menor a perda de produtividade e maior a qualidade”, explica.

Ademir ressalta ainda que falhas na tomada de decisão podem resultar em até 20% de perda na produção.

Além disso, ele orienta para que o café vá rapidamente ao beneficiamento, com secagem em temperatura adequada: “Não se recomenda ultrapassar 250 graus no secador. O ideal é que os grãos atinjam em torno de 60 graus. Se passar disso, corre-se o risco de queimar o café”.

Planejamento estratégico no plantio

Segundo Ademir, o planejamento deve começar na escolha do material genético, com arranjos de clones que tenham maturações semelhantes. Essa é uma peculiaridade do conilon, que exige diversidade genética para fecundação, mas que precisa ser bem organizada.

“Se o produtor mistura clones muito precoces com muito tardios no mesmo talhão, terá dificuldade para colher no ponto ideal. O ideal é dividir a área por talhões com maturação semelhante ou, quando não for possível, adotar a colheita seletiva”, orienta.

Para o consultor, produtores que se organizam se destacam em todas as etapas.

“Produtor que tem planejamento e organização se sobressai em tudo: nos tratos culturais, na colheita e, consequentemente, na qualidade do café. O momento da colheita é muito corrido, e quem se prepara colhe melhores resultados”, reforça.

Na Fazenda Venezuela, essa filosofia é levada a sério. “Às vezes, o custo de um planejamento bem feito é maior no começo, mas depois o resultado é positivo”, finaliza Jailson.

Quando o produtor entende que a qualidade do café começa na lavoura e termina na xícara, o Espírito Santo se consolida como referência mundial na produção de café conilon de excelência.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.