Os 128 dias de Elon Musk no poder: relembre os principais atos e polêmicas do bilionário na Casa Branca


Elon Musk deixou o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (28). O bilionário, que comandava o Departamento de Eficiência Governamental, já vinha se afastando da Casa Branca. Elon Musk e Donald Trump em conversa com jornalistas no Salão Oval em fevereiro
REUTERS/Kevin Lamarque/Foto de arquivo
Elon Musk deixou o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (28).
O bilionário cumpriu 128 dos 130 dias máximos que são permitidos no posto de funcionário especial do governo. Após a notícia de sua saída ser vinculada pela imprensa americana, postou uma mensagem em sua rede social X em tom de despedida.
“À medida que meu período como funcionário especial do governo chega ao fim, gostaria de agradecer ao presidente Trump pela oportunidade”.
O bilionário já vinha se afastando da Casa Branca desde o fim de abril. Após um começo intenso e de muita proximidade com o presidente Donald Trump, a relação de Musk com o governo começou a azedar com o anúncio do tarifaço.
O nome de Musk para comandar o DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), foi confirmado por Trump no dia 12 de novembro, poucos dias após a confirmação de sua vitória nas eleições presidenciais americanas.
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Os motivos que levaram Elon Musk a sair do governo Trump
O departamento, voltado para o corte de gastos da máquina pública, foi uma das promessas de campanha do republicano. E o bilionário, maior apoiador e doador de Trump durante a corrida eleitoral, sempre foi o indicado para estar à frente dele.
O trabalho de Musk junto ao governo já começou com polêmica. Durante um discurso no evento da posse do presidente, no dia 20 de janeiro, em Washington, o dono da Tesla, da SpaceX e do X subiu ao palco para comemorar e fez um gesto com as mãos em direção ao público que foi interpretado por muitos como uma saudação nazista.
Após a vitória de Trump, o bilionário disse que a conquista era apenas o começo de suas ambições políticas. No entanto, no começo desse mês, após anunciar que estava dedicando menos tempo ao trabalho na Casa Branca, ele teria admitido que estava frustrado com os resultados que obteve e, em fórum econômico recente, contou que vai cortar gastos com doações políticas.
“Não fomos tão eficazes quanto eu gostaria”, teria dito no dia 30 de abril, após sua última reunião de gabinete.
A maior parte das medidas do DOGE acabou barrada por decisões da Justiça, como a demissão em massa de servidores.
Linha do tempo
Nos EUA, Elon Musk anuncia que vai deixar governo Trump
Relembre como foram os 128 dias de Musk no centro do poder nos EUA:
21 de janeiro: em seu primeiro ato, no primeiro dia de governo Trump, o DOGE tirou do ar o site do Conselho Executivo de Diretores-Chefes de Diversidade. Na X, o departamento postou um print da página indisponível e escreveu: “Progresso”.
28 de janeiro: sob orientação do DOGE, Trump ordenou o congelamento de parte dos gastos federais e pediu às agências uma revisão nos recursos usados.
29 de janeiro: como parte da estratégia para enxugar a máquina pública, o governo anunciou um programa de demissão voluntária para os 2 milhões de servidores federais. A estimativa do DOGE era que 10% aceitariam a proposta.
3 de fevereiro: a sede da USAID (Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional) em Washington amanheceu fechada e os funcionários, que não haviam sido alertados de nada, foram avisados da decisão por e-mail. Em uma transmissão ao vivo, Musk falou em primeira mão sobre a determinação e chamou o órgão de “ninho de vermes”.
4 de fevereiro: Trump confirmou o encerramento da USAID e elogiou Musk. Disse que ele estava fazendo um bom trabalho e que a agência, que era responsável por 40% de toda a ajuda humanitária no mundo, estava repleta de fraudes.
6 de fevereiro: a Justiça dos EUA barrou o “ultimato” dado por Donald Trump aos servidores públicos para se demitirem de forma voluntária, anunciado no dia 29.
7 de fevereiro: a revista americana “Time” publicou a capa de sua próxima edição com uma montagem do bilionário ocupando a cadeira presidencial, uma referência ao poder crescente de Musk dentro do governo.
Capa da revista Time com montagem de Elon Musk sentado na mesa presidencial do Salão Oval da Casa Branca, em 7 de fevereiro de 2025.
Divulgação/Time
8 de fevereiro: um juiz federal bloqueou o acesso do Doge a dados do Tesouro dos Estados Unidos em uma ação aberta por 19 procuradores democratas contra o presidente dos EUA, Donald Trump.
9 de fevereiro: em entrevista ao canal americano Fox News, Trump afirmou que iria mandar o DOGE procurar supostas fraudes nas áreas de Educação e de Segurança nos próximos dias.
10 de fevereiro: Musk publicou que estava desmantelando a Agência de Proteção Financeira ao Consumidor, que teve seu site tirado do ar. Além disso, uma equipe do DOGE entrou no prédio da agência — criada por Obama em resposta à crise econômica de 2008, para proteger os consumidores de abusos de instituições financeiras – para acessar os sistemas internos.
12 de fevereiro: em entrevista coletiva com a imprensa no Salão Oval, com Elon Musk — que levou o filho — a seu lado, Donald Trump assinou uma ordem que dava mais poder ao bilionário. Previa punições, incluindo demissão, para servidores federais que não fossem fiéis à agenda de política externa estabelecida pelo governo.
Elon Musk levou o filho X para uma coletiva de imprensa junto de Trump na Casa Branca
Kevin Lamarque/Reuters
13 de fevereiro: em uma videochamada na Cúpula de Governos Mundiais, em Dubai, o bilionário afirmou que era necessário ‘eliminar agências inteiras’ para reformar o governo dos EUA.
14 de fevereiro: milhares de trabalhadores responsáveis por tarefas que vão desde a segurança do arsenal nuclear do país até o atendimento a veteranos militares foram demitidos, totalizando quase 10 mil servidores federais em uma semana.
22 de fevereiro: Musk postou na rede social X que os funcionários federais dos EUA deveriam começar a prestar contas sobre seus trabalhos ou seriam demitidos, e disse que a decisão era uma orientação de Trump.
24 de fevereiro: com objetivo de reverter políticas de home office remanescentes da pandemia de Covid, o bilionário ameaçou colocar de licença funcionários do governo que não retornassem imediatamente ao trabalho presencial.
25 de fevereiro: dados publicados pelo próprio Departamento de Eficiência Governamental mostraram que quase 40% dos contratos cancelados pelo DOGE não devem gerar economia para o governo dos EUA.
Elon Musk com a palavra durante reunião do gabinete do governo Trump na Casa Branca
REUTERS/Carlos Barria
26 de fevereiro: Musk participou da primeira reunião de gabinete do governo Trump e teve protagonismo.
1º de março: o DOGE demitiu dezenas de funcionários de tecnologia do governo dos EUA. O bilionário respondeu a uma publicação no X que chamava a equipe de “escritório de computadores de extrema-esquerda do governo”, dizendo que o grupo foi “deletado”.
4 de março: Musk foi exaltado por Trump em seu primeiro discurso no Congresso americano durante seu segundo mandato. O presidente americano agradeceu seu trabalho à frente do DOGE e afirmou que iria colocar “a bandeira americana em Marte”.
Elon Musk reage no dia do discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma sessão conjunta do Congresso, no plenário da Câmara do Capitólio dos EUA, em Washington, D.C., em 4 de março de 2025
REUTERS/Evelyn Hockstein
14 de março: sob influência de Musk, que é cidadão da África do Sul e defende que os sul-africanos brancos têm sido vítimas de “leis racistas de propriedade”, o presidente Trump anunciou a expulsão do embaixador sul-africano Ebrahim Rasool.
20 de março: o jornal americano “The New York Times” publicou uma reportagem dizendo que Musk iria ter acesso a um plano ultrassecreto dos Estados Unidos sobre uma possível guerra contra a China durante uma visita ao Pentágono. Trump negou.
21 de março: o bilionário foi ao centro de Defesa dos EUA, em Washington, para uma reunião com o secretário, Pete Hegseth, e altos líderes militares do governo americano. Antes do encontro, em post na X, negou que fosse ter acesso a qualquer plano e atacou os funcionários do departamento que “vazaram informações falsas e maliciosas” para a imprensa.
24 de março: Elon Musk afirmou que membros de sua equipe no DOGE estão recebendo ameaças de morte diariamente, durante uma reunião de gabinete na Casa Branca. Ele também chamou atenção no dia com um boné com a frase “Trump estava certo sobre tudo”.
Elon Musk durante reunião na Casa Branca
REUTERS/Carlos Barria
2 de abril: o site americano “Político” foi o primeiro a falar sobre a saída iminente de Elon Musk da Casa Branca. Em reportagem com fontes supostamente do círculo íntimo do presidente americano, disse que Trump anunciou a seu gabinete que o bilionário deixaria seu cargo nas próximas semanas.
4 de abril: segundo uma reportagem do jornal “The Washington Post”, o bilionário vinha pressionando Donald Trump a reverter as tarifas recíprocas anunciadas dois dias antes.
8 de abril: Elon Musk criticou publicamente Peter Navarro, um dos principais assessores comerciais da Casa Branca, considerado o arquiteto da guerra tarifária lançada pelos EUA. O empresário chamou o economista de “imbecil” ao comentar um vídeo em que Navarro rebatia suas críticas. A Casa Branca minimizou o embate, com a porta-voz Karoline Leavitt afirmando: “Garotos são assim mesmo, vamos deixar essa briga continuar”.
8 de abril: reportagem publicada pela agência de notícias Reuters afirmou que uma equipe do DOGE estava usando inteligência artificial para espionar a comunicação entre os servidores, em busca de hostilidade ao presidente Donald Trump e sua agenda política.
11 de abril: imprensa americana noticiou que decisão tomada pelo DOGE adicionou mais de 6 mil imigrantes a uma base de dados de beneficiários da Previdência Social falecidos. A medida teria como objetivo forçar os que não tem documentos a deixarem o país, já que ela impossibilita que essas pessoas trabalhem legalmente.
18 de abril: juíza federal suspendeu as demissões em massa realizadas pelo DOGE na Agência de Proteção Financeira ao Consumidor dos Estados Unidos (CFPB). Em depoimento, uma testemunha acusou o departamento de desconsiderar as ordens do tribunal e afirmou que um funcionário exigiu que os servidores que mantiveram o emprego trabalhassem em um turno de 36 horas sem pausas.
30 de abril: Durante reunião sobre os primeiros 100 dias de mandato, o presidente dos EUA disse que o bilionário estava fazendo um ‘trabalho fantástico’ e que havia economizado US$ 150 bilhões em seu trabalho à frente do DOGE. Trump também afirmou que Musk poderia permanecer na Casa Branca pelo “tempo que quiser”.
Elon Musk com bonés com as palavras ‘Golfo da América’ durante reunião de gabinete do governo Trump
REUTERS/Evelyn Hockstein
1º de maio: Um dia depois da reunião, o portal Axios noticiou que Musk não escondeu a frustração com os resultados que conseguiu obter no DOGE. Ele teria afirmado que os cortes chegaram aos US$ 160 bilhões, o que é muito abaixo do que o bilionário afirmava ser seu objetivo original: US$ 2 trilhões.
22 de maio: governo dos Estados Unidos anunciou que vai encerrar a produção da moeda de 1 centavo. A proposta de extingui-las já havia sido cogitada no início do ano pelo DOGE, quando Musk apontou que o custo de produção delas era três vezes superior ao seu valor de face. A expectativa é que, com a mudança, o governo tenha uma economia anual de US$ 56 milhões.
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