
Uma carioca de 51 anos, que fumou por 32, quer se livrar do vício do vape. Tratamento para parar de fumar é oferecido em todas as 240 unidades municipais. Giselle Esteves dos Reis faz tratamento para se livrar do vício em vape
Edu Kapps/SMS
O Dia Municipal sem Tabaco é celebrado neste sábado (31) e atualmente há um grande desafio para o controle do tabagismo no mundo: o vape. No Rio, 1.650 pessoas estão em tratamento para deixar de fumar, entre elas, muitas são adeptas do cigarro eletrônico.
A carioca Giselle Esteves dos Reis, de 51 anos, fumou cigarros tradicionais por três décadas. Fumante desde os 19, ela decidiu reduzir o consumo de nicotina e buscou no cigarro eletrônico uma alternativa aparentemente menos nociva. No entanto, logo se surpreendeu ao perceber que o dispositivo também traz riscos à saúde e pode se tornar um novo vício.
O plano era usar o vape por pouco tempo. Atualmente, ela faz tratamento para combater o vício na Clínica da Família Maicon Siqueira, em Jacarepaguá.
“Achei que ficaria só um ano usando o cigarro eletrônico, mas acabou sendo dois, porque ele tem uma sensação gostosa, tem um sabor docinho e não deixa o cheiro do tabaco. Depois percebi que era muito complicado, já que não sabemos que substâncias têm no dispositivo”, conta Giselle.
Assista à reportagem que explica o que tem no vape:
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O vape continua a fornecer altas doses de nicotina e preserva o ritual da tragada, o que acaba reforçando ainda mais a dependência.
A ideia de que o cigarro eletrônico ajudaria a parar de fumar foi divulgada pela indústria do tabaco para colocar seu novo produto no mercado, de acordo com a Secretaria de Saúde do Rio.
“Todos falam que é pior que o cigarro convencional, então resolvi procurar um tratamento para parar. Tinha dúvidas se o tratamento também era para mim, porque eu não usava mais o tabaco convencional, mas percebi que é para todos que querem parar de fumar”, emenda Giselle.
O tratamento está disponível em todas as 240 unidades de Atenção Primária, com o Programa de Controle do Tabagismo, que atua de forma transversal para promover a saúde da população a partir do estímulo à adoção de hábitos de vida mais saudáveis.
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O tratamento é oferecido nas clínicas da família e centros municipais de saúde e conta com grupos de apoio, consultas individuais com médicos e com enfermeiros, dentistas e outros profissionais da saúde. Basta ir até a unidade mais próxima da residência.
Para a dentista da Clínica da Família Maicon Siqueira, Manoela Porto, o uso do tabaco provoca diversos malefícios a longo prazo e é fundamental priorizar a promoção da saúde por meio da prevenção.
“O nosso trabalho é com encontros semanais, que podem ser individuais ou em grupo, conforme as necessidades de cada paciente. Nas reuniões, utilizamos diversas técnicas terapêuticas e incentivamos os pacientes a compartilhar práticas que também consideram eficazes”, informa a dentista.
Giselle e a dentista Manuela Porto
Edu Kapps/SMS
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As abordagens são individualizadas, seguindo a orientação para cada caso, com aconselhamento, orientações para situações de abstinência e, quando necessário, medicamentos para auxiliar a lidar com a síndrome de abstinência à nicotina.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas no mundo por ano. O cigarro eletrônico virou uma alternativa mais atraente para muitos usuários, devido aos diversos sabores e por não ter o cheiro ruim do tabaco. Porém, ele também contribui para a dependência em nicotina.
Cartaz de campanha contra vape do município do Rio
Divulgação
Para alertar sobre os riscos do fumo à saúde, seja no modelo do cigarro convencional, de enrolar, narguilé ou dispositivos eletrônicos para fumar, a OMS e seus parceiros em todos os lugares do mundo elegeram o 31 de maio como Dia Mundial Sem Tabaco, que este ano terá como tema “Desmascarando a indústria do tabaco: expondo as táticas das empresas para deixar os produtos de tabaco e nicotina mais atrativos”.