
Relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) obtido pela Reuters indica que o país ampliou expressivamente o seu programa nuclear no último trimestre. Foto de 5 de novembro de 2019 pela Organização de Energia Atômica do Irã mostra centrífugas na instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do Irã. A instalação perdeu energia no domingo, 11 de abril de 2021, poucas horas depois de iniciar novas centrífugas avançadas capazes de enriquecer urânio mais rápido. O Irã no domingo descreveu o blecaute como um ato de “terrorismo nuclear” e acusou Israel pelo ataque.
Organização de Energia Atômica do Irã via AP
Documento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) revela que o Irã manteve operações nucleares ocultas em seu território e ampliou o seu programa nuclear.
Segundo o relatório d agência, obtido pela Reuters, o estoque de urânio enriquecido do Irã subiu 953.2 kg desde a última atualização, totalizando 9.247 kg. Já o urânio enriquecido com pureza superior a 60% cresceu de 133.8 kg para 408.6 kg.
☢️Material para nove bomba nucleares. De acordo com a definição da própria agência nuclear, bastam 42 kg de urânio enriquecido com pureza superior a 60% para produzir uma bomba nuclear. Isso significa que, em tese, o Irã poderia produzir até 9 bombas com o material enriquecido — em dezembro de 2024, o número era de 4.
Ao menos três localizações dentro do território iraniano são acusadas de terem desenvolvido um programa nuclear secreto até o início dos anos 2000.
O chefe da agência, Rafael Grossi, fez um pedido às autoridades iranianas para cooperar com os esforços de inspeção da AIEA.
A divulgação do novo relatório provocou reação de Israel. Em comunicado deste sábado (31), o gabinete do primeiro-ministro de Israel disse quo o programa nuclear do Irã não é pacífico e que Teerã continua determinado a concluir seu programa de armas nucleares.
“A comunidade internacional deve agir agora para deter o Irã”, disse o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em um comunicado, acrescentando que o nível de enriquecimento de urânio alcançado pelo Irã “só existe em países que buscam ativamente armas nucleares e não tem qualquer justificativa civil”.
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Nos EUA, Trump dobra tarifas sobre aço importado
Em ‘despedida’ de Musk, Trump deixou recado para Irã
Na última sexta-feira (30), durante a coletiva de imprensa que anunciou a ‘despedida’ de Musk do governo americano, Trump deu recado claro ao governo iraniano ao afirmar que “não negocia com quem mantém armas nucleares”.
A declaração ocorreu uma semana depois dos representantes do Irã e dos EUA se encontrarem para negociar um novo acordo de desarmamento do Irã, mas as conversas não avançaram. O Ministério das Relações Exteriores do país persa contou que o chefe da delegação americana deixou as conversas em Roma, na Itália.
A falta de avanço nas tratativas reflete “diferenças fundamentais” entre as partes, com o novo mandato de Trump exercendo pressão máxima para que o país persa desista de enriquecer 1% a mais o seu estoque de urânio.
Trump disse que, embora apoie as conversações, não descarta ações militares se a diplomacia fracassar.
Por sua vez, Teerã nega que o programa tenha finalidades militares e busca um novo acordo que flexibilize as sanções que afetam duramente sua economia.