
Sabemos que o câncer é uma das principais causas de morte no mundo. Nos Estados Unidos, projeções indicam que mais de 618 mil pessoas perderão a vida devido à doença este ano. Os tipos mais fatais incluem câncer de pulmão, seguido por câncer colorretal e câncer de pâncreas.
Mas o que exatamente acontece dentro do corpo para que o câncer se torne fatal? A resposta, revelada por simulações científicas e explicações médicas como as da Dra. Paulien Moyaert, é complexa e frequentemente indireta. A morte raramente vem apenas do tumor inicial; é o efeito dominó de consequências que a doença desencadeia.
O verdadeiro perigo muitas vezes reside na metástase. Este é o termo para quando células cancerígenas escapam do tumor original e viajam pelo corpo, através da corrente sanguínea ou do sistema linfático.
Uma única célula rebelde pode encontrar um novo lar em qualquer órgão vital – fígado, cérebro, ossos, pulmões – e começar a se multiplicar descontroladamente, formando novos tumores. É essa capacidade de colonizar outras regiões que torna o câncer metastático particularmente letal. A simulação (vídeo mais abaixo) mostra como essa célula migrante é o ponto de partida para uma cascata de problemas.
Imagine um tumor crescendo dentro de um órgão crucial. À medida que se expande, ele pode simplesmente esmagar ou bloquear a função normal. Por exemplo:
Sistema Digestivo: Um tumor no intestino pode obstruir completamente a passagem das fezes. Isso não só causa dor intensa e inchaço, mas pode levar a uma perfuração intestinal. Se o conteúdo intestinal vaza para a cavidade abdominal, uma infecção grave e generalizada (peritonite) se instala rapidamente, tornando-se fatal sem intervenção cirúrgica imediata. Outros tumores podem impedir a digestão adequada ou a absorção de nutrientes, privando o corpo de energia essencial.
Pâncreas: Aqui, o câncer demonstra uma crueldade particular. Os tumores frequentemente bloqueiam os pequenos ductos que transportam as enzimas digestivas poderosas produzidas pelo pâncreas. O resultado? Essas enzimas, projetadas para quebrar alimentos, ficam presas e começam a “digerir” o próprio tecido pancreático. Essa autodestruição é uma das razões pelas quais o câncer de pâncreas é notório por sua dor extrema e alta taxa de mortalidade.
Pulmões: Quando o câncer se estabelece nos pulmões, o perigo imediato é a perda da função respiratória. Tumores podem ocupar espaço vital, impedindo que os alvéolos (sacos de ar) captem oxigênio suficiente. Outros podem bloquear as vias aéreas. O desfecho mais comum, como mostra a simulação, é a asfixia: o corpo literalmente fica sem oxigênio, levando à falência de múltiplos órgãos.
Porém, a morte por câncer raramente é um evento único. Frequentemente, é um processo acelerado por complicações que surgem porque a doença e seu tratamento enfraquecem profundamente o organismo. Duas dessas complicações são particularmente devastadoras:
Infecções: O câncer em si é um golpe brutal no sistema imunológico. As células doentes consomem recursos e perturbam os processos normais de defesa. A quimioterapia, apesar de vital para combater o câncer, intensifica esse problema. Ela suprime a medula óssea, a fábrica onde são produzidas as células sanguíneas, incluindo os glóbulos brancos (leucócitos).
Esses soldados são nossa linha de frente contra bactérias, vírus e fungos. Com a imunidade severamente comprometida, infecções que seriam facilmente controladas em uma pessoa saudável podem se tornar incontroláveis e fatais. A infecção é a segunda principal causa de morte em pacientes com câncer.
Caquexia: Este é um termo médico para um enfraquecimento profundo e debilitante. Não é simplesmente perder peso; é o corpo consumindo seus próprios músculos e reservas de gordura em um ritmo alarmante. Toxinas liberadas pelas células cancerígenas suprimem o apetite e interferem na forma como o corpo processa os alimentos, mesmo quando o paciente tenta se alimentar.
O resultado é uma perda dramática de massa muscular e peso. Estima-se que metade de todos os pacientes com câncer desenvolva caquexia. Suas consequências são diretas: o coração, um músculo, fica mais fraco, podendo levar à insuficiência cardíaca. Os músculos respiratórios enfraquecem, causando insuficiência respiratória.
A caquexia é responsável por até 30% de todas as mortes por câncer, chegando a 50% nos cânceres do trato gastrointestinal e a impressionantes 80% nos casos avançados de câncer de pâncreas. Tratamentos podem controlá-la por um tempo, mas se o câncer progride, o corpo pode não conseguir mais suportar a carga.
A medula óssea merece atenção especial. Além de ser suprimida pela quimioterapia, ela também pode ser invadida diretamente por células cancerígenas (infiltração). Quando o câncer ocupa a medula óssea, não há espaço suficiente para produzir as células sanguíneas saudáveis. Isso gera uma tríade de problemas:
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Anemia (queda nos glóbulos vermelhos), levando a fadiga extrema e falta de ar.
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Baixa contagem de glóbulos brancos (leucopenia), deixando o corpo vulnerável a infecções.
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Diminuição de plaquetas (trombocitopenia), dificultando a coagulação do sangue e causando sangramentos anormais e difíceis de controlar.
Por fim, surge a pergunta: por que não basta remover o tumor cirurgicamente? A simulação esclarece essa dificuldade crucial. Os órgãos vitais onde o câncer frequentemente se aloja – cérebro, fígado, pâncreas, pulmões – são estruturas complexas e delicadas. Operá-los é arriscado por si só. Mesmo que uma cirurgia consiga remover o tumor visível sem danos permanentes significativos ao órgão, o perigo persiste.
Células cancerígenas microscópicas, invisíveis ao olho humano, podem ter escapado antes da operação. Essas poucas células remanescentes são suficientes para semear novos tumores, fazendo a doença voltar. É por isso que o tratamento eficaz geralmente combina cirurgia (quando possível) com terapias sistêmicas como quimioterapia, radioterapia ou terapias-alvo, projetadas para eliminar células cancerígenas que possam ter se espalhado ou permanecido ocultas. O objetivo é atacar a doença em todas as frentes, uma batalha constante contra sua natureza insidiosa e adaptável.
Esse Simulação impressionante revela como uma pessoa morre de câncer e o resultado é chocante foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.