
Na sexta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,91%, cotada a R$ 5,7180. Já a bolsa encerrou em queda de 1,09%, aos 137.027 pontos. Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
O dólar inicia o primeiro pregão de junho, nesta segunda-feira (2), com os investidores ainda repercutindo o vai e vem das tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump.
▶️ O mercado segue monitorando o impasse do governo em relação ao aumento do IOF. Em meio a pressões do Congresso para derrubar a medida, o presidente Lula se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fora da agenda oficial na noite de sexta-feira (30) para discutir o assunto.
Questionado nesta segunda (2), Haddad preferiu não antecipar quais medidas serão anunciadas para reduzir o impacto do aumento do IOF. Ele disse somente que as propostas alternativas à elevação do imposto devem passar pela correção de “outras distorções do sistema financeiro” e que “reformas estruturais vão voltar para a mesa”. (leia mais)
▶️ Por aqui, os investidores também repercutem a revisão da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s, que passou de “positiva” para “estável”, por causa da dificuldade do governo de controlar os gastos e pagar a dívida pública.
▶️ No exterior, o mercado reage ao vai e vem das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na semana passada, a suspensão da maioria das taxas pela Justiça americana trouxe alívio aos investidores, diante da diminuição do risco de inflação (entenda mais abaixo), mas as medidas logo foram restabelecidas, e o mercado voltou a atuar com cautela.
Além disso, Trump anunciou que planeja dobrar as tarifas sobre o aço importado pelo país, de 25% para 50%, e acusou a China de violar o acordo sobre o tarifaço. Em resposta, o Ministério do Comércio chinês disse que as acusações são “infundadas” e prometeu tomar medidas energéticas para proteger seus interesses, ampliando os temores de uma guerra comercial entre as duas potências.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +1,28%;
Acumulado do mês: +0,72%;
Acumulado do ano: -7,47%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado do mês: +1,45%;
Acumulado do ano: +13,92%.
Impasse do IOF
O governo federal tem enfrentado forte pressão para revogar o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), um tributo federal cobrado pelo governo sobre uma série de operações que envolvem dinheiro, principalmente empréstimos e câmbio. (leia mais)
A medida foi anunciada no último dia 22 de maio, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano, com o objetivo de equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o IOF, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Nesta segunda-feira (2), Haddad disse que as propostas devem passar pela correção de “outras distorções no sistema financeiro”.
“Eu tenho duas alternativas. Uma é, com uma medida regulatória, resolver o problema de forma paliativa para cumprir as metas do ano. A outra, que interessa mais à Fazenda, é voltar para as reformas estruturais. Em 2023, várias foram feitas, nós ganhamos nota com as agências de risco, ganhamos prestígio, os investimentos voltaram”, declarou.
Classificação da Moody’s
A agência de classificação de risco Moody’s anunciou na sexta-feira (30) a revisão da perspectiva da nota de crédito do Brasil, que passou de “positiva” para “estável”. Apesar da mudança, o rating soberano do país foi mantido em Ba1, um nível abaixo do chamado grau de investimento.
Segundo a agência, a piora na perspectiva está relacionada às contas públicas, especialmente à “deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida”.
Além disso, a Moody’s citou:
o avanço mais lento do que o esperado na redução da rigidez dos gastos públicos e na construção de credibilidade fiscal;
a capacidade limitada do governo de reduzir significativamente as vulnerabilidades fiscais e estabilizar a dívida no curto prazo;
e a estrutura da dívida pública, atrelada a juros variáveis e à inflação, o que torna o perfil fiscal altamente sensível às oscilações das taxas de juros.
Para a Moody’s, esses desafios limitam o potencial de crescimento do investimento e do Produto Interno Bruto (PIB), além de dificultarem o avanço das reformas econômicas “que, em geral, apoiam a qualidade do crédito do Brasil”.
Após a divulgação, o Ministério da Fazenda reafirmou seu compromisso “com a melhoria contínua dos resultados fiscais e com o aprofundamento do processo de reformas estruturais, essenciais para garantir o maior crescimento econômico de longo prazo e assegurar o equilíbrio das contas públicas”.
O vai e vem das tarifas
Na semana passada, investidores chegaram a reagir com otimismo após o Tribunal do Comércio Internacional bloquear a maior parte das tarifas impostas por Donald Trump desde janeiro a produtos de mais de 180 países.
🔎 A decisão foi vista como positiva pois o mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global.
Mas o alívio durou pouco. A Corte de Apelações do Circuito Federal dos EUA aceitou o recurso de Trump e restabeleceu o tarifaço no dia seguinte.
Assim, investidores voltaram a optar pela cautela, reacendendo os receios de que as tarifas cheguem nos preços aos consumidores e empresas norte-americanas.
Além disso, os temores aumentaram ainda mais depois que Trump acusou a China de violar o acordo sobre as tarifas. O republicano disse que só fechou o acordo para ajudar os chineses, para “salvá-los” de grave perigo econômico.
Em resposta, nesta segunda-feira (2), o Ministério do Comércio da China afirmou que as acusações são “infundadas” e prometeu tomar medidas enérgicas para proteger seus interesses, sem entrar em detalhes sobre possíveis medidas que poderia tomar.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse no domingo que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, provavelmente se reunirão em breve e que “isso será resolvido”.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Tarifaço de Trump volta a valer após tribunal aceitar recurso