Ex-secretária da Fazenda do ES diz que país tem “encontro marcado com o ajuste fiscal”

A economista capixaba Ana Paula Vescovi citou o pleno emprego como um sintoma de economia aquecida e, por isso, pressão inflacionária. Crédito: Edu Kopernick

A ex-secretária da Fazenda do Espírito Santo e atual economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, afirmou que “o país tem um encontro marcado com o ajuste fiscal”. Ela trouxe a posição em palestra que aconteceu nesta terça (3) em Vitória. Nesse sentido, Ana Paula, que também atuou como Secretária do Tesouro Nacional, abordou os cenários atual e futuro do país. Do mesmo modo a fala, diante de empresários e profissionais do mercado do Estado, chama a atenção para a urgência de reformas estruturais.

Ana Paula detalhou a crise de confiança que o país enfrenta, evidenciada em momentos como o final de 2024 e o início de 2025. “O que a gente viu no final do ano passado foi uma demonstração disso. O que a gente viu no início de 2025 foi uma demonstração disso”. 

A economista ressaltou que, embora o Brasil tenha “ganhado tempo” devido a fatores externos como o enfraquecimento do dólar e a valorização do real, essa janela de oportunidade é temporária. “A percepção do mercado é que em 2027, seja por qual circunstância de governo, a gente vai conseguir fazer o ajuste fiscal. É inevitável”.

Economista cita pleno emprego

Um dos pontos de destaque na análise de Ana Paula Vescovi é o impacto do pleno emprego e do superaquecimento da economia. Embora o desemprego em mínimos históricos seja positivo, a economista alertou que a economia brasileira está em “marcha forçada”, com a demanda crescendo muito mais rápido do que a oferta. Essa desproporção levou a um aumento das importações e a uma deterioração das transações correntes. Tudo isso gera pressão inflacionária

É uma economia que não está dando conta de ofertar todos os bens que estão sendo demandados. E esse cenário pode resultar em choques inflacionários. Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander

A economista enfatizou que não há “bala de prata” para o ajuste fiscal, ou seja, não existem soluções fáceis. As medidas disponíveis, como a contenção do crescimento dos gastos públicos para que sejam compatíveis com o crescimento do PIB e a revisão de incentivos tributários, são politicamente difíceis de implementar. “É difícil derrubar o gasto, principalmente quando a gente coloca em jogo políticas sociais. Porém nós podemos conter o crescimento do gasto, que pode ser, pelo menos, compatível com o crescimento do PIB brasileiro”, pontuou.

Diante desse cenário, a mensagem central de Ana Paula Vescovi é clara: o Brasil precisa enfrentar a realidade de um ajuste fiscal impopular, mas crucial. A economista-chefe do Santander salienta que a falta de ação apenas empurra o problema para frente, acumulando custos imensos para a sociedade. A implementação de políticas fiscais responsáveis e a busca por um equilíbrio entre a demanda e a oferta são fundamentais para garantir um futuro de crescimento sustentável e estabilidade financeira para o país.

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