Obesidade Infantil: como prevenir e cuidar de um problema que afeta milhões de crianças no mundo

obesidade infantil
Foto: Freepik

O Dia da Conscientização Contra a Obesidade Infantil, celebrado neste 3 de junho, é mais do que uma data no calendário: é um alerta necessário. A obesidade infantil é hoje considerada um dos maiores problemas de saúde pública pediátrica, afetando cerca de 224 milhões de crianças em idade escolar no mundo.

Mas afinal, por que esse número é tão alarmante? E como as famílias podem ajudar na prevenção? Para responder essas perguntas, o Acorda Cidade conversou com a nutróloga Anne Stephanie Reis Costa, que trouxe orientações fundamentais para pais, responsáveis e toda a rede de apoio que cercam os pequenos.

Por que as crianças estão ficando obesas?

De acordo com Anne Stephanie, a principal causa ainda é a má alimentação, muito associada aos hábitos familiares. Os responsáveis devem sempre buscar uma introdução alimentar adequada nos primeiros anos de vida.

Obesidade Infantil - nutróloga
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“A criança não tem discernimento do que é certo e do que é errado, do que deve ser consumido. Isso é uma necessidade de orientação dos pais ou da rede de apoio familiar com todos os alimentos que devem ser evitado, como o açúcar que deve ser evitado antes dos dois anos, a redução de sal também nessa fase, a introdução alimentar ela deve ser adequada, respeitando os marcos de desenvolvimento, com alimentação saudável, equilibrada, com alimentos variados em diversos contextos, desde verduras, frutas, as quantidades devem ser adequadas”, explicou.

Além disso, ela destaca que hoje existe uma influência muito forte da indústria e da publicidade voltada para o público infantil, que acaba estimulando o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gorduras e carboidratos simples, o que acaba dificultando o “não”.

“O marketing hoje é muito voltado também para que os olhos da criança ressaltem para aquele tipo de alimento.”

Outro problema frequente são as cantinas escolares, que muitas vezes oferecem opções de baixo valor nutritivo, como frituras, doces e refrigerantes.

Quando a criança é considerada obesa?

Uma criança é considerada obesa quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) está acima do percentil entre 95 e 97 para a sua idade ou quando o IMC é igual ou superior a 30 kg/m². O IMC é calculado dividindo o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros quadrados).

De acordo com a nutróloga, o diagnóstico é feito com base na curva de crescimento infantil. “Quando essa curva ultrapassa o percentil 97, por exemplo, ela é considerada obesa”, explicou a nutróloga.

Quais os riscos da obesidade infantil?

A obesidade não traz impactos apenas físicos. Além de doenças como hipertensão, diabetes e até alguns tipos de câncer, ela também afeta a saúde mental.

“Distúrbios do sono, depressão, ansiedade. Isso tem reflexo na autoestima dessa criança”, alerta Anne. E mais: ansiedade e depressão também podem alimentar o ciclo da obesidade, uma vez que muitas crianças acabam buscando na comida uma fonte de prazer e recompensa.

Como os pais devem ajudar?

Para a nutróloga, o caminho começa dentro de casa. “Se um adulto já tem dificuldade de dizer o que não quer comer, de passar por um proceso de reeducação alimentar, imagina uma criança. Então, a redução do oferecimento e de comprar esses alimentos para dentro de casa é um fator essencial”, orientou.

A especialista também afirmou que a obesidade infantil não é um tratamento da criança. É um tratamento da família, principalmente dos pais que devem entrar nessa luta. Ela ressalta que, muitas vezes, os responsáveis também possuem uma relação desregulada com a alimentação, e isso impacta diretamente a formação dos hábitos das crianças.

“Geralmente, crianças obesas têm relação ou com pai e a mãe que já tem um desequilíbrio alimentar. Pode ter também outros responsáveis envolvidos, aquela vó que gosta de agradar e faz todos os pratos, muitos doces, muito chocolate”.

Outro ponto fundamental é a participação da escola, que precisa rever o que é oferecido nas cantinas, e até o controle dos pais sobre dinheiro dado aos filhos, que muitas vezes é gasto com alimentos pouco saudáveis.

obesidade infantil
Foto: Freepik

🚫 O que deve ser evitado?

  • Açúcares simples (doces, bolos, tortas, sorvetes)
  • Alimentos ultraprocessados
  • Excesso de carboidratos (pães, massas, biscoitos)
  • Dieta pobre em proteínas (frango, peixe, carne)
  • Pouca ingestão de fibras (frutas e verduras)
  • Sono mal regulado (crianças precisam em média de 9 a 12h de sono)

“A gente percebe que as crianças nem sabem o que são verduras e frutas. Isso é reflexo da falta de educação alimentar no ambiente familiar. Isso precisa se transformar para que a criança melhore”, pontuou.

Pode fazer atividade física pesada?

Essencial, mas com cuidado. A prática de atividade física na infância é fundamental no combate à obesidade, mas precisa ser algo leve, lúdico e saudável, como explica a nutróloga.

“A atividade física na infância precisa ser algo lúdico, que a criança interaja com outras. Nada de academia, porque crianças expostas a esse ambiente têm mais tendência a distúrbios de autoimagem e busca pelo corpo perfeito, e esse não é o foco. O ideal é esporte, botar para correr, fazer futebol, lutas como jiu-jitsu, karatê, capoeira, até tênis e crossfit kids. Atividades que estimulam o autocuidado, o trabalho em equipe e uma competição saudável”, alertou em entrevista ao Acorda Cidade.

Obesidade - crianças brincando
Foto: Freepik

E o excesso de telas, também contribui?

Mais um fator que tem pesado na balança. “O uso excessivo de eletrônicos deixa a criança parada, sentada, utilizando apenas os olhos. A informação chega de forma tão completa que ela nem gasta energia para pensar ou raciocinar. Fica o tempo todo envolvida em uma atividade altamente passiva, preguiçosa. As crianças estão interagindo menos, brincando menos de correr nas ruas”, explicou.

Anne reconhece que fatores como a insegurança nas ruas fazem com que as famílias optem por manter as crianças dentro de casa, mas reforça que é preciso encontrar alternativas.

“O fato é: telas e eletrônicos também são um fator indireto, mas que influenciam sim a obesidade infantil”, concluiu.

Com informações da jornalista e produtora do Acorda Cidade Daniela Cardoso

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