
Maria Moura dos Santos, conhecida como Maria Toinha, contou com a ajuda do neto para contar suas experiências como mãe de santo, mulher negra e retirante da seca de 1958 no Ceará. Conheça a história de Maria Toinha
Quando muitos acreditam que é tarde demais para começar algo novo, Maria Moura dos Santos, uma cearense de 89 anos, prova o contrário. Mesmo sem ter concluído o ensino fundamental, ela publicou quatro livros, e se tornou finalista de um prêmio literário nacional.
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Conhecida como Maria Toinha, ela nasceu em Paraipaba, na Região Metropolitana de Fortaleza. Afroindígena, mãe de santo e umbandista, Maria enfrentou as duras consequências da seca que assolou o Ceará e transformou suas vivências e histórias em livros. Em conversa com o programa “Inspira e Ação”, da TV Verdes Mares, a idosa contou como sua trajetória na literatura começou.
De vítima da seca a escritora reconhecida
Maria Toinha lançou livros inspirados em suas experiências pessoas como mãe de santo, mulher negra e retirante da seca de 1958 no Ceará.
TV Verdes Mares
Tudo começou quando Marcos Andrade, neto de Maria Toinha, pediu para a avó compartilhar suas histórias de vida. Enquanto ela relembrava momentos marcantes, Marcos os registrava no computador, dando início a uma parceria literária que resultaria em quatro livros.
“Quando foi um dia ele já tava ‘sabido’, pegou o computador e eu cheguei, me sentei perto dele, olhando, aí ele virou pra mim e disse: ‘vó, me conte uma história da sua vida. O passado da sua vida’. Eu disse: ‘meu filho, se eu for contar o passado da minha vida desde menina, enche o mundo inteiro”, relembra.
Maria Toinha e o neto transformam memórias em livros com destaque nacional
Inspirados nas experiências de Maria Toinha como mãe de santo, mulher negra e retirante da seca de 1958 no Ceará, os livros lançados foram:
A Mística dos Encantados (2020);
Lavagem Encantada (2022);
Caminhos Encantados (2023);
Sonhaçu: as infâncias encantadas de Maria Toinha (2024).
Marcos conta que a ideia de registrar as histórias da avó surgiu durante um momento difícil, quando ela enfrentava uma inflamação grave no pâncreas. O medo de que as memórias de Maria Toinha se perdessem para sempre o motivou a agir.
“Eu assumi esse compromisso ético e político de fazer o registro dessas histórias, conferindo a ela o lugar de direito que é de autoria dessas histórias. Eu não podia simplesmente escrever as histórias, publicá-las como se fossem minhas, como se não tivesse a participação fundamental dela para a construção da narrativa”, afirma.
O neto de Maria Toinha, Marcos Andrade, foi o responsável por escrever as obras.
TV Verdes Mares
O trabalho da cearense ganhou reconhecimento nacional com sua indicação ao Prêmio Sim à Igualdade Racial 2025, na categoria Inspiração, no pilar Educação. Embora a vencedora tenha sido a Cacica Maria Valdelice, a indicação de Maria Toinha representa uma importante conquista, ressaltando o impacto cultural e social de sua trajetória e de suas obras.
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