De medicamentos a cirurgias: os caminhos e os riscos para quem busca emagrecer


O Profissão Repórter desta terça-feira (3) mostrou histórias de quem luta contra a balança. Caneta emagrecedora
Reprodução/TV Globo
A busca pelo emagrecimento tem levado milhares de brasileiros a recorrerem a métodos que vão desde medicamentos modernos até cirurgias invasivas. Embora promissoras, essas alternativas exigem atenção redobrada quanto aos riscos e à necessidade de acompanhamento médico. Foi o que mostrou o Profissão Repórter desta terça-feira (3). Saiba mais abaixo.
Canetas emagrecedoras: febre nacional e alerta médico
Canetas emagrecedoras: solução ou risco?
Desde 2023, o Brasil viu disparar o uso de medicamentos injetáveis como a semaglutida e a tirzepatida. Só a semaglutida movimentou quase R$ 3,5 bilhões no país.
Desde então, novos modelos chegaram ao mercado. Elas são indicadas para o tratamento de diabetes, mas também tiveram sucesso para emagrecimento. Os médicos podem prescrevê-las para tratar quem tem obesidade clínica.
A consultora estética Anna Farfalla começou a usar a tirzepatida há seis semanas e já perdeu 10 quilos.
“Eu sempre fui muito magrinha. Não tive problema com obesidade, e nada disso. Foi só por conta de um estresse de trabalho e aí eu comecei a perceber que a alimentação mudou: eu fui comendo mais e mais e cheguei a 62 kg. Para mim, 62 kg é muito, e eu estava acima do peso”, relata.
O Profissão Repórter acompanhou Ana durante uma visita à clínica médica que a acompanha. O médico nutrólogo, Danilo Matsugana, diz que uso da caneta emagrecedora, no caso da Ana, foi recomendo para tratar a ansiedade.
“O caso, dela, a gente identificou que havia uma questão psicológica, de ansiedade e nós decidimos por introduzir essa medicação. Ela tem uma questão da compulsão, ajuda a controlar picos de ansiedade na alimentação, e automaticamente, a paciente fica bem”, diz.
No entanto, de acordo com o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), não há indicação de tirzepatida para tratamento de ansiedade. Em situações assim, o paciente deve ser encaminhado a um psiquiatra para análise do caso, para ver se haverá a necessidade de uso de medicação ou psicoterapia.
O Cremesp ressalta que a prescrição com finalidade exclusivamente estética, sem base clínica sólida, pode configurar infração ética.
Mulher aplica caneta emagrecedora no abdômen
Reprodução/TV Globo
Cirurgia bariátrica: último recurso, mas cada vez mais comum
Cirurgia bariátrica: último recurso, mas cada vez mais comum
Quando o tratamento clínico falha, a cirurgia bariátrica surge como alternativa. Em 2024, o SUS realizou 2.033 procedimentos no estado de São Paulo — um aumento de 41% em relação ao ano anterior. A cirurgia é indicada para pessoas com IMC acima de 30 e comorbidades, desde que tenham tentado outros métodos por pelo menos dois anos.
A enfermeira Juliana Campos, de 40 anos, enfrentou o chamado “efeito sanfona” por mais de 20 anos. Após atingir 108 kg e sofrer três internações por pressão alta, decidiu pela cirurgia.
“Eu tentei academia mais métodos medicamentosos. Ai eu passei por um processo depressivo, e isso me levou a engordar mais , acarretou uma pressão alta que já me levou para a uti por três vezes”, conta.
O procedimento exige mudanças drásticas: a dieta líquida no pós-operatório, por exemplo, é restrita a quatro copinhos de 50 ml por refeição. Além disso, há riscos pouco discutidos. A cirurgia altera a forma como o corpo metaboliza o álcool, podendo intensificar a embriaguez e até levar à dependência.
“Tem muitas pessoas que dizem: emagrecer com a bariátrica é muito mais fácil, mas é muito mais difícil, por isso, você tem aquele acompanhamento psicológico, para poder entender todo esse processo” , alerta Juliana.
Juliana se adapta à dieta com caldos após cirurgia bariátrica
Reprodução/TV Globo
Alerta
Tanto no uso de medicamentos quanto na cirurgia, o acompanhamento multidisciplinar — com médicos, psicólogos e nutricionistas — é indispensável.
O Cremesp reforça que o uso inadequado de medicamentos pode expor pacientes a riscos desnecessários e desvirtuar o propósito terapêutico.
Veja a íntegra do programa no vídeo abaixo:
Edição de 03/06/2025
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