Indústria brasileira calcula impacto da decisão dos EUA em dobrar tarifas de importação de aço e alumínio


Nesta quarta-feira (4), começou a valer o decreto de Donald Trump que dobrou as tarifas de importação desses materiais de 25% para 50%. Empresários brasileiros refazem cálculos após Trump dobrar tarifas de aço e alumínio
Empresários brasileiros estão refazendo cálculos depois que o governo Trump dobrou as tarifas de importação de aço e alumínio.
Dos investimentos espaciais a desejos de consumo. Se é feito de aço e alumínio, pode ficar mais caro nos Estados Unidos. No primeiro minuto desta quarta-feira (4), começou a valer o decreto de Donald Trump que dobrou as tarifas de 25% para 50%.
A indústria americana depende da importação dessas matérias-primas. Compra 25% do aço que consome – principalmente do Canadá e do Brasil. Em 2024, vendemos mais de 4 milhões de toneladas para o país, mais de 15% das importações americanas. E os Estados Unidos importam 50% do alumínio que consomem. Nossa participação é pequena, de só 1%.
Apesar das diferenças, os analistas dizem que as tarifas de Trump vão pesar sobre os dois mercados. Na conta das grandes exportadoras de aço está o risco de que, sem o mercado americano, a produção encolha.
“Essa decisão do Trump vem agravar, na verdade, uma difícil situação que a gente já vinha enfrentando no mercado internacional. Provavelmente, vai haver uma nova acomodação, mas a demanda vai permanecer e, com isso, o que a gente entende que vai acontecer é que acaba sendo penalizado de novo o consumidor, o importador americano”, diz Marco Polo Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil.
Indústria brasileira calcula impacto da decisão dos EUA em dobrar tarifas de importação de aço e alumínio
Jornal Nacional/ Reprodução
Para o setor de alumínio, o pior cenário é que a China desvie a produção que ia para os Estados Unidos para o Brasil, o que aumentaria a competição aqui dentro.
“As medidas de defesa comercial não têm sido suficientes para conter essa inundação de produtos asiáticos. E o nosso mercado é muito focado para o atendimento das necessidades do mercado nacional. Nós somos altamente competitivos em preço, qualidade, em matéria de sustentabilidade. Mas desde que a gente tenha um ambiente de comércio justo, equilibrado e que todos estejam competindo com igualdade de condições”, afirma Janaina Donas, presidente da Associação Brasileira do Alumínio.
E agora, quando sobretaxa os produtos, Trump tem o poder de alterar o dia a dia do mercado financeiro, do trabalhador da indústria siderúrgica nacional e até do catador de latinhas – parte fundamental da cadeia brasileira do alumínio. Mas, nas contas de Cristina Helena de Mello, professora de economia da PUC, é o americano que paga o preço mais alto:
“O aço entra com preço mais caro, e a produção de bens e serviços que utilizam placas de aço vão ficar mais caras. O que a gente tem assistido é uma reorganização das cadeias produtivas globais. Então, eu acho que esse vai ser o caminho e o direcionamento”.
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