Os partidos da oposição na Câmara de São Paulo classificaram os 100 primeiros dias do segundo mandato do prefeito Ricardo Nunes (MDB) como “ineficientes e inoperantes”. O balanço da gestão foi realizado pelas siglas no Palácio Anchieta da Câmara, na manhã desta segunda-feira (14), e contou com vereadores e deputados estaduais e federais, incluindo Eduardo Suplicy, Guilherme Boulos, Kiko Celeguim, Rui Falcão e Luciene Cavalcante.
O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP), que disputou o segundo turno da eleição municipal no ano passado ao lado de Ricardo Nunes, destacou a proximidade do prefeito com o bolsonarismo, repetindo o discurso utilizado na campanha.
“O primeiro fato que eu queria destacar é que nós estamos atuando como a oposição deve atuar numa democracia. Ocorreu eleição há 6 meses. Eu fui candidato. Travamos a batalha e perdemos a eleição. É normal. Nós não fomos xingar as urnas eletrônicas. Nós não fomos fazer quebradeira porque perdemos a eleição, mas estamos fazendo o papel que uma oposição tem que fazer num processo democrático”, afirmou Boulos.
“Vocês se lembram durante a campanha, em mais de uma ocasião, o Ricardo Nunes escondendo o Bolsonaro. Agora nesses 100 dias fez um papelão indo para a avenida Paulista defender anistia para golpista ao lado do Bolsonaro”, disse o deputado.
Por outro lado, os vereadores se dedicaram a criticar a gestão Nunes. O vereador Toninho Vespoli (Psol) destacou que em três meses e meio de gestão, o prefeito enviou apenas quatro projetos de lei para a Câmara. Ainda segundo ele, os projetos foram “irrelevantes para a população” e também “não impactarão em quase nada a cidade”.
Um dos projetos é o reajuste salarial de 2,6% a ser aplicado a partir de maio deste ano e um segundo reajuste de 2,55% a partir de maio de 2026, para os servidores públicos municipais. O reajuste, no entanto, está abaixo da inflação acumulada desde a última correção. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo (IPC-Fipe), a variação de preços entre março de 2024 e março de 2025 foi de 5,16%.
Outro projeto regulamenta o uso de símbolos oficiais. O terceiro cria a Secretaria Municipal de Planejamento e Eficiência, e o quarto, o Conselho Municipal de Promoção da Segurança Jurídica Tributária.
“Me parece que é um governo sem rumo e sem direcionamento para o que quer da cidade, vai só empurrando algumas coisas com a barriga. Não consegue cumprir a própria meta que prometeu. Só cumpriu um terço das metas que ele colocou para ele mesmo. Parte dessas metas eram só rescaldo do que ele já havia começado na gestão anterior”, disse. Vespoli.
A vereadora Luna Zarattini (PT), por sua vez, falou sobre a atuação da gestão Nunes na prevenção e mitigação dos efeitos das enchentes que atingem os moradores do Jardim Pantanal, que fica na região de várzea do Rio Tietê, desde a década de 1980. No início de fevereiro, o bairro ficou uma semana debaixo d’água em razão das fortes chuvas que atingiram o município.
Na ocasião, Nunes sugeriu remover os moradores do local devido aos custos para implementar obras de contenção da água das chuvas. “Tem uma obra que a gente estava orçando, para a gente fazer um dique, mas fica mais de R$ 1 bilhão. Veja, uma obra que vai custar R$ 1 bilhão não vale a pena. Se você pegar o número de casas que tem lá e dividir por um R$ 1 bilhão, acho que é mais fácil tirar as pessoas. Aquelas pessoas vão ter que sair dali, não tem jeito”, disse à época em coletiva de imprensa.
Zarattini afirmou que “até hoje não temos uma resposta contundente para essas famílias”, mas apenas “falas irresponsáveis do prefeito querendo tirar as famílias de lá, ao invés de estar acolhendo essas famílias num momento de abandono, perda de casas e pertences”.
Eliseu Gabriel, líder do PSB na Câmara, por sua vez, trouxe o assunto do Prisômetro – um placar com o número atualizado em tempo real de criminosos foragidos e presos pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) – para criticar a segurança na cidade.
O vereador afirmou que o painel de três metros de altura e um de largura representa a “ideologia da brutalidade” e que “não resolve o problema da segurança, não busca os mandantes”. “É uma medida punitivista, atrasada e demagógica”, disse.
O Brasil de Fato solicitou um posicionamento para a Prefeitura de São Paulo sobre o assunto e aguarda um retorno. O espaço será atualizado quando houver um pronunciamento.