O mercado de consultoria no Brasil precisa passar por uma transformação, colocando o consultor no centro do processo. O sucesso das consultorias modernas dependerá cada vez mais da valorização genuína dos seus profissionais, oferecendo-lhes autonomia, reconhecimento e oportunidades reais de crescimento.
É fundamental reconhecer que consultores não são simples recursos descartáveis, mas sim parceiros estratégicos que merecem autonomia e reconhecimento. Apesar da aparente simplicidade desse modelo, ainda há resistência por parte de empresas acostumadas a métodos ultrapassados de gestão. Para impulsionar essa evolução, três aspectos se destacam: a meritocracia verdadeira, a flexibilidade profissional e o desenvolvimento contínuo de talentos.
O primeiro ponto é a meritocracia. A remuneração deve refletir diretamente o desempenho, e não apenas o cargo ou o tempo de casa. Valorizar resultados reais e tangíveis se torna essencial para um sistema transparente e justo, garantindo que os profissionais sejam devidamente reconhecidos e recompensados pelo valor que geram.
A flexibilidade profissional também se mostra essencial. Com as fronteiras entre trabalho presencial e remoto cada vez mais diluídas, modelos rígidos já não fazem sentido. Os consultores precisam ter a liberdade de escolher formatos de atuação que melhor se alinhem às suas expectativas pessoais e profissionais, seja colaborando com várias empresas simultaneamente ou aprofundando relações estratégicas mais exclusivas. Essa autonomia favorece a satisfação profissional, impulsionando criatividade e produtividade.
O desenvolvimento contínuo dos talentos deve ser prioridade absoluta no setor. As pessoas são o maior ativo das consultorias, e investir em capacitação constante é uma necessidade estratégica. No mercado de tecnologia, altamente dinâmico, empresas que negligenciam o aprimoramento contínuo dos seus profissionais tendem a ficar rapidamente defasadas. Então, criar ambientes que favoreçam não apenas o trabalho, mas o crescimento profissional, é essencial para que esses profissionais se especializem em novas tecnologias e desenvolvam habilidades interpessoais, especialmente liderança. O diferencial competitivo de qualquer consultoria está na capacidade de formar novos líderes.
É preciso romper com práticas que tratam consultores como meros recursos técnicos e adotar modelos que reconheçam claramente seu valor humano e estratégico. Consultores valorizados tornam-se profissionais realizados, entregam melhores resultados e impulsionam um círculo virtuoso que atrai ainda mais talentos para o setor.
O futuro da consultoria no Brasil é promissor, desde que as empresas abandonem paradigmas ultrapassados e adotem uma nova abordagem centrada no consultor. Essa transformação exige inovação e a compreensão de que o sucesso das consultorias está diretamente ligado ao protagonismo dos seus profissionais. A mudança deve começar agora, beneficiando consultores, clientes e todo o mercado.
Éric Machado, CEO da Revna Tecnologia.