Mulher com morte cerebral foi mantida “viva” por 4 meses para poder gerar bebê

Mulher com morte cerebral foi mantida "viva" por 4 meses para gerar bebê

Imagine uma situação onde a vida persiste de forma artificial, não para salvar uma pessoa, mas para sustentar outra ainda por nascer. Essa foi a realidade surpreendente enfrentada por Adriana Smith, uma jovem de Atlanta, nos Estados Unidos, cuja história levanta questões fascinantes e complexas sobre medicina, ética e lei.

Tudo começou em fevereiro. Adriana, então grávida de nove semanas, procurou atendimento médico devido a fortes dores de cabeça que não passavam. Recebeu medicação para dor e foi para casa. No entanto, seu estado piorou drasticamente no dia seguinte. Seu companheiro, alarmado ao encontrá-la com dificuldade para respirar, correu com ela para o hospital.

Exames de imagem revelaram um quadro terrível: múltiplos coágulos de sangue no cérebro de Adriana. Os esforços médicos, infelizmente, não foram suficientes. Adriana foi declarada com morte cerebral. Uma tragédia pessoal que, em qualquer outra circunstância, teria levado ao desligamento dos aparelhos. Mas havia um fator crucial: Adriana estava grávida.

Adriana Smith foi oficialmente declarada com morte cerebral (YouTube/11Alive)

Adriana Smith foi oficialmente declarada com morte cerebral (YouTube/11Alive)

Entrou em cena a controversa “Lei do Batimento Cardíaco” do estado da Geórgia. Esta legislação, que só entrou em vigor após a revogação do direito federal ao aborto nos EUA em 2022, proíbe a interrupção da gravidez após cerca de seis semanas, quando um batimento cardíaco fetal é detectado, com exceções limitadas. Essas exceções incluem emergências médicas para salvar a vida da gestante, preservar sua saúde física ou casos em que o feto não tem expectativa de sobreviver.

Como Adriana já estava clinicamente morta, os médicos argumentaram que ela não corria mais risco. Portanto, sob a interpretação da lei georgiana, havia uma obrigação legal de manter seu corpo funcionando artificialmente até que o feto atingisse uma idade gestacional considerada viável para sobreviver fora do útero. Adriana foi conectada a ventiladores e outros suportes vitais.

Para a família, testemunhar aquela situação foi descrito como uma “tortura”. Sua mãe, April Newkirk, compartilhou publicamente a angústia de ver a filha por mais de 90 dias dependendo inteiramente de máquinas para manter suas funções corporais básicas, enquanto conscientemente sabia que Adriana já não estava mais presente. Newkirk também expressou preocupações profundas sobre a saúde do neto, temendo que ele pudesse nascer com deficiências graves ou talvez nem sobrevivesse ao parto.

Após longas semanas de suporte artificial, chegou o momento decisivo. Na sexta-feira, 13 de junho, os médicos realizaram uma cesariana. Adriana deu à luz um menino prematuro. O bebê, batizado de Chance, veio ao mundo pesando apenas 0,8 kg – um peso extremamente baixo, comum em prematuros críticos.

Apesar do início desafiador, a família recebeu notícias positivas. Chance está lutando e os médicos indicam que ele tem expectativas de se recuperar bem. “Ele está apenas lutando. Nós só queremos orações por ele”, disse April Newkirk. Paralelamente ao nascimento de Chance, veio o fim de um capítulo doloroso. No dia 17 de junho, conforme planejado após o parto, Adriana Smith foi finalmente desconectada dos aparelhos que mantinham seu corpo funcionando.

A mãe de Adriana confirmou que sua filha deu à luz (YouTube/11Alive)

A mãe de Adriana confirmou que sua filha deu à luz (YouTube/11Alive)

April Newkirk refletiu sobre o peso emocional insuportável da situação: “É difícil processar. Eu sou a mãe dela. Eu não deveria estar enterrando minha filha. Minha filha deveria estar me enterrando”.

Ela também levantou uma questão fundamental, partilhada por muitos críticos da lei: a decisão de manter alguém em suporte de vida em tais circunstâncias deveria, em sua visão, caber exclusivamente à família. “Eu acho que toda mulher deveria ter o direito de tomar sua própria decisão. E se não puder, então seu parceiro ou seus pais”, afirmou.

A história de Adriana Smith e seu filho Chance é um exemplo extraordinário e perturbador de como a interseção entre a medicina de ponta e legislações restritivas pode criar cenários que desafiam nossa compreensão convencional de vida, morte e autonomia. O nascimento de Chance sob tais condições permanece um evento médico raro e profundamente impactante.

Esse Mulher com morte cerebral foi mantida “viva” por 4 meses para poder gerar bebê foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.