Homem na casa dos vinte anos fez um ajuste no pescoço com um quiroprático e agora está com síndrome do encarceramento

Homem na casa dos vinte anos fez um ajuste no pescoço com um quiroprático e agora está com síndrome do encarceramento

Imagine acordar plenamente consciente, mas preso dentro de um corpo que não responde. Você vê, ouve e sente tudo, mas não consegue falar, mover os braços ou pernas, nem mesmo virar a cabeça. Essa é a realidade da Síndrome do Encarceramento, uma condição neurológica devastadora que se tornou a vida de Jonathan Buckelew após uma sequência trágica de eventos que começou em uma sala de quiropraxia.

Em outubro de 2015, Jonathan, então com pouco mais de 20 anos, procurou um quiroprático para um ajuste cervical de rotina. Durante a manipulação do pescoço, algo deu terrivelmente errado. Ele sentiu tonturas intensas, ficou desorientado e perdeu a capacidade de responder. A situação era grave. Jonathan foi levado às pressas para o Hospital North Fulton, na Geórgia, Estados Unidos. Os sintomas eram gritantes: ele estava claramente em sofrimento neurológico agudo.

A tragédia, porém, não parou na mesa do quiroprático. Aconteceu no hospital. Apesar dos sinais alarmantes, os médicos do pronto-socorro falharam em identificar a verdadeira emergência. Jonathan estava tendo um acidente vascular cerebral (AVC) grave no tronco cerebral – uma região crítica que controla funções vitais.

Jonathan havia visitado um quiroprático para um ajuste no pescoço antes do derrame (Atlanta News First)

Jonathan havia visitado um quiroprático para um ajuste no pescoço antes do derrame (Atlanta News First)

O tempo é crucial no tratamento de um AVC; minutos podem fazer a diferença entre a recuperação e sequelas permanentes. Neste caso, horas preciosas se perderam. O diagnóstico correto demorou um dia inteiro para ser feito. Esse atraso teve consequências irreparáveis: Jonathan desenvolveu a Síndrome do Encarceramento.

O que isso significa na prática? Jonathan Buckelew, hoje com 34 anos, mantém plena consciência e cognição. Seus olhos funcionam, permitindo que ele veja o mundo ao seu redor. Ele pode ouvir conversas e sentir emoções. Mas praticamente todos os outros movimentos voluntários estão bloqueados. Ele não fala, não anda, não se alimenta sozinho. Sua única forma de comunicação é através do movimento dos olhos ou, com auxílio de tecnologia, usando o nariz para pressionar teclas em um painel adaptado. Toda a sua vida anterior – independência, carreira, hobbies – foi apagada.

A falha médica foi investigada. Documentos judiciais e depoimentos revelaram uma série de erros. O médico do pronto-socorro, Dr. Matthew Womack, não acionou o “alerta de AVC” exigido pelos protocolos do hospital, mesmo diante dos sintomas evidentes.

O radiologista, Dr. James Waldschmidt, interpretou erroneamente as imagens dos exames, perdendo os sinais claros do derrame em progresso. Além disso, o Dr. Womack não informou ao neurologista de plantão, Dr. Christopher Nickum, sobre a sessão de quiropraxia que Jonathan fizera naquele mesmo dia, nem sobre dois episódios semelhantes a convulsões que o paciente apresentou – informações vitais para o diagnóstico.

Jonathan Buckelew venceu um processo de 75 milhões de dólares após os médicos não conseguirem diagnosticar sua condição (Facebook/Janice Buckelew)

Jonathan Buckelew venceu um processo de 75 milhões de dólares após os médicos não conseguirem diagnosticar sua condição (Facebook/Janice Buckelew)

A família de Jonathan moveu um processo contra o quiroprático, o hospital e os médicos envolvidos (Womack, Waldschmidt e Nickum). Um júri em um tribunal do Condado de Fulton considerou os médicos Womack e Waldschmidt culpados de “negligência grosseira” por não diagnosticarem o AVC a tempo.

A decisão foi histórica: Jonathan foi indenizado em 75 milhões de dólares. Desse total, aproximadamente 9 milhões de dólares cobriram despesas médicas anteriores, 20 milhões foram destinados a custos médicos futuros (que serão astronômicos ao longo de sua vida), e 46 milhões foram atribuídos à dor e sofrimento causados pela negligência.

O quiroprático, o hospital e a maior parte da equipe não foram considerados responsáveis pela decisão final do júri. Mesmo com a enorme quantia, a família de Jonathan é enfática: nenhum valor monetário pode compensar a vida que ele perdeu. Seu pai, Jack Buckelew, expressa a dor de ver um filho ativo e saudável transformado em um paciente totalmente dependente. Jonathan “perdeu todos os aspectos de sua vida”, nas palavras do pai.

A rotina da família Buckelew é agora centrada em Jonathan. Seus pais, Jack e Janice, junto com uma equipe de enfermeiros, cuidam dele 24 horas por dia. Sua casa foi radicalmente adaptada. A garagem transformou-se em um depósito de suprimentos médicos, equipado como uma unidade de terapia intensiva (UTI) doméstica.

A família dele disse que “parte o coração” ver o que aconteceu com o homem de 34 anos (Facebook/Janice Buckelew)

A família dele disse que “parte o coração” ver o que aconteceu com o agora homem de 34 anos (Facebook/Janice Buckelew)

Eles precisam planejar com dois meses de antecedência para garantir que nada falte. A comunicação é um exercício de paciência e amor, baseada em piscadas de olhos ou no minucioso uso de um teclado adaptado acionado com o nariz.

Jonathan demonstra momentos de espírito e desejo de viver, querendo sair e experimentar coisas. Mas seu pai também relata os dias difíceis, em que o desespero toma conta e Jonathan expressa, através de seu único meio de comunicação, o desejo de desistir.

O caso jurídico ainda não está totalmente encerrado. O Dr. Womack recorreu da decisão do júri. Depois de ter um recurso inicial negado, ele levou o caso à Suprema Corte da Geórgia, buscando reverter o veredicto ou reduzir a indenização. O Dr. Waldschmidt também entrou com recurso inicialmente, mas posteriormente o retirou.

A história de Jonathan Buckelew é um exemplo extremo das consequências catastróficas que podem surgir de falhas na comunicação e na aplicação de protocolos médicos essenciais. Ele permanece, dia após dia, consciente de um mundo que interage com ele através de uma barreira física imposta por uma sequência de erros que mudou para sempre sua trajetória.

Esse Homem na casa dos vinte anos fez um ajuste no pescoço com um quiroprático e agora está com síndrome do encarceramento foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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