
Imagine ir ao cardiologista preocupado com seu coração e sair com um diagnóstico completamente diferente, tudo por causa de como você lida com seu celular. Foi exatamente isso que aconteceu com Jim Rogers, um pai de família vivendo na Austrália.
Jim, como muitos de nós, começou a sentir certos incômodos. Ele e sua família atribuíam ao estresse do trabalho ou ao cansaço da rotina. Preocupado, especialmente após observações de colegas e de seu parceiro, Tyler, ele marcou uma consulta na cardiologia. A suspeita inicial era de que algo não ia bem com seu coração, o órgão que literalmente mantém a vida bombardeando sangue.
Porém, durante a consulta, algo aparentemente trivial chamou a atenção do médico de forma decisiva. Jim conta que seu telefone não parava de tocar, interrompendo a conversa. A cardiologista, claramente incomodada com as constantes interrupções, pediu educadamente: “Você pode colocar no silencioso?”

ScreensOs primeiros sintomas de Jim Rogers foram notados por um cardiologista (YouTube/ABC News In-depth)hot
Foi aí que veio o momento crucial. Jim simplesmente travou. Diante de um aparelho que manuseava diariamente, ele teve um branco total. Não conseguia lembrar como executar essa ação simples. Essa dificuldade repentina e específica foi um sinal de alerta vermelho para a médica.
Ela percebeu que aquela não era uma simples distração. Questionou Jim se ele vinha enfrentando outros episódios semelhantes de esquecimento ou dificuldade com tarefas cotidianas. Ao confirmar que sim, a cardiologista imediatamente mudou o rumo da investigação. Ela o encaminhou para uma clínica de memória, deixando de lado, naquele momento, as preocupações cardíacas.
Na clínica especializada, Jim passou por uma bateria rigorosa de exames. Profissionais analisaram minuciosamente como ele processava informações, sua capacidade de concentração e sua memória em diferentes situações. Ele realizou ressonâncias magnéticas do cérebro e teve uma consulta detalhada com um neurologista. O conjunto de resultados trouxe uma notícia difícil e inesperada: Jim foi diagnosticado com demência de início precoce.
O diagnóstico foi um choque. Jim revelou que provavelmente já apresentava sintomas sutis há alguns anos antes da confirmação médica. Ao compartilhar a notícia com Tyler, viu a preocupação e a tristeza no rosto do parceiro. Apesar do impacto emocional, Jim admitiu que seu conhecimento sobre a doença era limitado. “Eu só pensava que era uma doença de pessoa idosa”, comentou ele, destacando um equívoco comum.
A história de Jim ilustra como os primeiros sinais de demência podem ser sutis e facilmente confundidos. Especialistas do sistema de saúde britânico (NHS) listam vários sinais de alerta precoce: perda de memória que afeta o dia a dia, dificuldade crescente para se concentrar, problemas para completar tarefas familiares (como cozinhar uma refeição conhecida), confusão ao lidar com dinheiro ou calcular troco, dificuldade para acompanhar uma conversa, desorientação sobre tempo ou lugar, e mudanças perceptíveis no humor ou no comportamento.

Seu telefone celular deu uma pista ao médico (YouTube/ABC News In-depth)
Curiosamente, poucos dias após Jim compartilhar publicamente sua jornada, uma notícia relevante surgiu no campo do tratamento na Austrália. As autoridades médicas do país aprovaram um novo medicamento chamado Kisunla (nome genérico: donanemabe), especificamente para casos de Alzheimer em fase inicial – a forma mais comum de demência.
Esta aprovação é significativa porque oferece uma opção terapêutica onde antes havia muito pouco. Tradicionalmente, tratamentos específicos para Alzheimer em estágio inicial eram extremamente caros, podendo chegar a aproximadamente R$ 400.000 por ano, um valor proibitivo para a maioria. O Kisunla, agora disponível e regulamentado, representa uma esperança mais acessível para alguns pacientes.
Porém, é fundamental entender que este não é um remédio milagroso. O professor Christopher Rowe, um renomado especialista, esclareceu que o Kisunla não é adequado para todos os casos de demência. Estima-se que apenas entre 10% e 20% das cerca de 400.000 pessoas com demência na Austrália (e aproximadamente 40.000 novos diagnósticos anuais) possam se beneficiar dele. O medicamento atua em um estágio muito específico da doença de Alzheimer, direcionando-se a proteínas anormais no cérebro.
A história de Jim Rogers mostra como a observação clínica atenta, até mesmo diante de um incômodo com um celular, pode abrir caminho para um diagnóstico vital. E a recente aprovação do Kisunla na Austrália marca um passo concreto, ainda que limitado, na busca por tratamentos mais eficazes contra uma doença que afeta milhões globalmente, desafiando a ideia de que é um mal exclusivo da velhice.
Esse Homem diagnosticado com demência aos 55 anos teve um sinal notado antes do diagnóstico foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.