
O cantor Léo Estakazero, um dos maiores representantes do forró na Bahia, reforçou sua posição em defesa da preservação das tradições nordestinas durante os festejos juninos e criticou a presença de artistas que não estão ligados à cultura e às músicas típicas da região. Em entrevista ao programa De Olho na Bahia, da Rádio Mix Salvador (104.3 FM), nesta segunda-feira (23), o artista destacou a importância de priorizar a musicalidade nordestina no São João, celebrando o legado cultural e a importância do forró como patrimônio do Nordeste.
Léo, que está em ritmo intenso de apresentações nesse período, afirmou que, apesar de reconhecer a diversidade musical da Bahia, acredita que o São João deveria ser um evento exclusivamente dedicado às músicas típicas nordestinas. “Durante os festejos juninos, não é legal não ter músicas típicas. O São João é uma festa nordestina e as músicas dessa região devem prevalecer. É um feriado que celebra a cultura nordestina, e nós, artistas do forró, deveríamos ser priorizados”, declarou.
Segundo Léo, há uma crescente participação de artistas midiáticos que buscam no São João apenas um caráter comercial, sem respeitar o significado cultural da festa. No entanto, ele destacou que não é contra artistas de outros gêneros participarem, desde que sigam a tradição junina. “Se um artista da música baiana fizer uma homenagem ao forró, incluir um sanfoneiro, montar um repertório de música nordestina, eu não vejo problema. Eles respeitam a festa. O que não acho justo é deixar o São João com uma cara que não é do Nordeste”, explicou.
Defesa do forró baiano
Léo também exaltou a história e os desafios de ser um representante do forró na Bahia, terra marcada pela pluralidade musical que deu origem a grandes movimentos culturais como o samba, a bossa nova, a tropicália e o axé. Para ele, ser um artista do forró em meio a tantas influências exige dedicação e esforço.
“Num lugar onde surgiram nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa, ser um profissional do forró é uma batalha grande. Nós somos poucos representantes baianos que genuinamente fazemos o forró da Bahia. Apesar disso, fico feliz porque temos o maior São João do Brasil”, afirmou.
Luiz Gonzaga como inspiração
O forrozeiro também destacou o legado de Luiz Gonzaga, símbolo máximo do forró, que popularizou a cultura nordestina em todo o país. “Luiz Gonzaga não apenas influenciou a minha carreira, mas mostrou para o Brasil e para o mundo o orgulho de ser nordestino. Ele é uma referência para todos nós”, afirmou.
São João da Bahia
Léo ainda aproveitou para valorizar as festas juninas realizadas na Bahia, rebatendo a ideia de que cidades como Caruaru e Campina Grande, em Pernambuco e na Paraíba, respectivamente, possuem os melhores festejos. “Essas cidades têm suas grifes, mas não existe São João melhor do que o da Bahia. Aqui, temos diferentes tipos de São João, com festas que vão do pé-de-serra mais tradicional às grandes apresentações nacionais. Cada experiência é única e igualmente rica”, ressaltou.
Para ele, o São João precisa continuar sendo uma celebração do Nordeste e do forró, sem descaracterizações culturais que priorizem estilos musicais alheios às raízes juninas. “Com responsabilidade e respeito à tradição, podemos fazer do São João uma festa cada vez maior, mas sem perder nossa essência. Nós, do forró, esperamos o ano inteiro por essa oportunidade de levar nossa música e nossas raízes para o público”, concluiu.
Com informações do site Muita Informação
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