O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs a realização de uma cúpula entre países do Sul Global para discutir a resolução dos conflitos no Oriente Médio e o fim da escalada de conflitos na região, com ameaça do uso de armas nucleares. A ideia é reunir organizações internacionais para chegar ao consenso de uma “paz duradoura” na Ásia Ocidental.
A carta foi enviada aos líderes dos países do Sul Global, além dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin. No texto, o venezuelano cita a importância da participação de grupos como o Movimento dos Países Não Alinhados, a Liga dos Estados Árabes, a Organização para a Cooperação Islâmica, o Conselho de Cooperação do Golfo, a União Africana, os Brics e a Celac. Segundo Maduro, a entrada dos EUA no conflito “ameaça uma crise com consequências catastróficas”.
“A situação na Ásia Ocidental entrou em uma fase de máxima tensão e violência. A intensificação da agressão do Estado de Israel à República Islâmica do Irã, agravada pela ação militar dos Estados Unidos no bombardeio de território iraniano, ameaça desencadear uma crise com consequências catastróficas, relacionadas ao nuclear, para a região e o mundo”, afirma no texto.
A proposta é criar uma Cúpula pela Paz e Contra a Guerra para debater o “crescente perigo” de uma escalada no conflito, que poderia levar a uma guerra nuclear. A ideia é que essa reunião seja realizada em um país da região para assegurar a participação dos atores envolvidos, além de “enviar um sinal claro de compromisso regional com a paz”. Ele pede também a participação ativa de Rússia, China e países ocidentais.
O governo venezuelano reforça que houve uma “recusa persistente” de Israel em desmantelar sua estrutura e seu arsenal nuclear, além de não aceitar a inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e em aderir ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
A proposta inclui também a criação de uma Zona Livre de Armas Nucleares na Ásia Ocidental, além da exigência de que o Conselho de Segurança da ONU estabeleça um mecanismo imediato de desarmamento nuclear para Israel.
Maduro lembra dois esforços importantes para buscar o desarmamento nuclear. O primeiro foi em 1958, quando a União Soviética apresentou à ONU uma proposta de transformar o Oriente Próximo e Médio em uma zona de paz livre de armas nucleares. O segundo foi em 1974, quando o Irã apresentou a primeira resolução na Assembleia Geral da ONU para formalizar o “estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio”, em conjunto com o Egito. A resolução foi aprovada.
“”Se a guerra continuar a se intensificar, poderá terminar em uma guerra altamente destrutiva, até mesmo nuclear. O nível de insanidade de Netanyahu pode levá-lo a usar armas nucleares contra o Irã. Esta ideia, nascida das profundezas do povo venezuelano, expressa a nossa doutrina bolivariana de equilíbrio e paz globais. A paz só pode ser alcançada com o respeito ao direito internacional, com a restauração do direito internacional”, disse em seu programa de televisão semanal Con Maduro+.
O Parlamento do Irã aprovou nesta quarta-feira (25) a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), em resposta ao que chamou de omissão do órgão diante dos ataques de Israel e dos Estados Unidos contra instalações nucleares do país. A decisão foi tomada após 12 dias de guerra, encerrada com um cessar-fogo anunciado na última segunda-feira (23) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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