Em situação crítica, patrimônio histórico centenário corre risco de desabar no Amazonas

O sítio arqueológico de Paricatuba, em Iranduba (AM), região metropolitana de Manaus, está em situação crítica e corre risco de desabamento. A estrutura centenária, conhecida como Ruínas de Paricatuba, apresenta rachaduras, paredes inclinadas e muros caídos, segundo um laudo da Defesa Civil. A vegetação que avança sobre o local também agrava as ameaças. Juntamente com a comunidade, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o poder público estadual e municipal articulam medidas para evitar o colapso do imóvel, que tem grande valor histórico e cultural.

“As Ruínas são parte de uma arquitetura que tem mais de 100 anos. É muito comum que a encontremos, como outras no Brasil e mundo afora, com trechos que não condizem com a sua característica original, de quando a sua arquitetura foi construída. […] Por nossa solicitação, a Defesa Civil se manifestou para pontos de atenção para projetos de estabilização do imóvel”, explica Beatriz Calheiro, superintendente do Iphan no Amazonas. Ela afirma, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, que há um projeto sendo desenvolvido pela comunidade local e o Iphan acompanha a situação junto ao Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, governo do estado e prefeitura.

O órgão federal solicitou o cercamento emergencial da área e ampara ações de poda segura da vegetação, realizadas com o apoio técnico das autoridades ambientais. A Unidade Gestora de Projetos do estado finaliza um plano de escoramento da estrutura, enquanto o Iphan articula a aplicação de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para garantir intervenções estruturais mais amplas. “Nossa atuação é voltada para o patrimônio cultural, mas a segurança das pessoas é fundamental”, ressalta Calheiro.

Lugar de memória sensível

As ruínas de Paricatuba guardam a memória de momentos importantes da história do Amazonas. Construído no auge do ciclo da borracha, entre o fim do século 18 e o início do século 19, o prédio já serviu como espaço educacional, penitenciária e hospital. Durante parte do século 20, funcionou como leprosário, onde pessoas com hanseníase eram isoladas à força pelo estado.

“Essa comunidade ficou ali durante muito tempo isolada, sofrendo as violências do estado. […] São memórias de eventos traumáticos, é um local de memória sensível”, lembra Calheiro. Nos anos 1970, os pacientes foram transferidos para a Colônia Antônio Aleixo, em Manaus, e o prédio foi abandonado. Desde então, a estrutura foi assimilada pela vegetação e pela comunidade local, que passou a cuidar do espaço e hoje desenvolve ali um projeto de turismo de base comunitária.

Ações em andamento

Além da poda e do cercamento, o Iphan e seus parceiros atuam para preservar a paisagem integrada entre natureza e arquitetura. O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) realiza um inventário das espécies vegetais da área. Já o projeto de escoramento e cercamento do prédio deve garantir uma proteção provisória, enquanto se estrutura um plano definitivo com foco em acessibilidade, iluminação e segurança para visitantes.

“Com um projeto definitivo, queremos garantir não só a estabilidade do imóvel, mas também a acessibilidade para as visitas e iluminação. É um local que não tem esses três itens fundamentais para a continuidade não só do bem, mas também do trabalho da comunidade”, aponta a superintendente do Iphan. O local é tombado como patrimônio material do Amazonas por lei estadual, e sua preservação depende da articulação entre diferentes esferas do poder público e a população de Iranduba.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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