
Matheus Ramos, fundador da QT Pizza Bar nos Jardins (Zona Oeste), é o brasileiro mais bem colocado no conceituado prêmio The Best Pizza Awards 2025. Matheus Ramos, fundador e pizzaiolo do QT Pizza Bar.
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Puristas consideram o ketchup na pizza uma afronta à tradição desse prato de origem italiana. O melhor pizzaiolo do Brasil, assim eleito pelo ranking do The Best Pizza Awards 2025 – um dos mais renomados prêmios de pizzas artesanais do mundo –, não tem nada contra usar o molho de tomate condimentado nas “redondas”. Muito pelo contrário: ele já até o incluiu em uma de suas receitas. E em São Paulo.
Logo que passou a morar em São Paulo, há oito anos, o carioca Matheus Ramos diz ter sentido falta de uma pizzaria estilo napolitana nos Jardins (Zona Oeste). Também conta que, ao sair para comer uma pizza na região, os drinques das casas deixavam a desejar.
Assim, em 2019, resolveu juntar a fome com a vontade de comer – ou de beber, no caso – e fundou a QT Pizza Bar, na Alameda Ministro Rocha Azevedo. O formato do negócio também aposta em drinques autorais.
No início, sua função na casa tinha mais a ver com gestão do que com digestão. Foi durante a pandemia, em 2021, que Ramos, publicitário de formação, resolveu testar ser também pizzaiolo: a profissional que fazia esse trabalho também é do Rio e decidiu voltar para a cidade natal.
“Eu ia atrás de outra pessoa, mas resolvi me arriscar”, lembra. “Nunca tinha cozinhado profissionalmente.”
Sua receita para assumir a pilotagem de primeira viagem no preparo das pizzas foi estudar. O aprendizado envolveu, além dos livros, “muito YouTube e cursos”, afirma.
Rebeldia autoral
O espírito empreendedor também foi importante, sobretudo na hora de viajar até Nápoles, na Itália, para beber na fonte original do conhecimento do preparo da pizza.
No tamanho, Ramos segue as medidas da pizza napolitana tradicional: 28 centímetros de diâmetro, para consumo individual.
A rebeldia aparece mesmo é nos recheios. Em um sabor de duração limitada, lançado em setembro de 2024, o pizzaiolo resolveu fazer jus à fama dos cariocas de colocar ketchup na pizza. Foi isso mesmo o que ele fez, usando um de fabricação caseira.
Ingredientes nobres que podem parecer um peixe fora d’água em uma pizza também estão no currículo, ou no cardápio, de Ramos. “Lancei uma receita que leva pastrame com molho béarnaise, que é tipicamente francês”, diz.
Mão na massa
O status de pizzaiolo renomado mundo afora – o The Best Pizza Awards 2025 foi seu oitavo prêmio internacional – exigiu muita mão na massa até o aperfeiçoamento de sua técnica.
Algumas lições sobre como fazer uma excelente pizza só foram aprendidas mesmo depois de muita tentativa e erro. Entre elas, o “desenvolvimento do fermento natural e a proporção de ingredientes no recheio”, enumera.
“O uso de frituras na pizza até hoje é uma dificuldade na comparação com as de Nápoles”, diz.
Porém, em sua visão, o aprendizado precisa mesmo ser contínuo.
“A gente vive em constante evolução. E para evoluir é preciso errar”, filosofa.
Fã de outro inovador
Ramos se diz muito fã do pizzaiolo italiano Francesco Martucci, que ficou em primeiro lugar no The Best Pizza Awards 2025. “Ele também não é um tradicionalista e inova muito nas receitas. Tem uma pizza dele que é só de cebola, de vários tipos diferentes”, exemplifica.
A colocação do brasileiro no ranking geral da premiação – 46º lugar – ainda parece distante das fatias do pódio, mas o fundador da QT Pizza Bar atribui essa diferença em boa medida a alguns dos nossos ingredientes nacionais, como a farinha, que considera de qualidade inferior à da italiana.
No entanto, ao comparar, em geral, pizzas de diferentes nacionalidades, Ramos, que também atua como consultor no preparo da iguaria, afirma que “não existe melhor ou pior”.
“Existe a pizza de Nápoles, a de Nova York, a de Chicago. Cada lugar tem seu estilo e está tudo bem.”
Inclusive com ketchup na receita.
O empresário Matheus Ramos, fundador da QT Bar, em SP
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Restaurante de SP usa IA para criar a ‘pizza perfeita’