
Internado em um hospital de Vitória nesta sexta-feira (27), após uma parada cardiorrespiratória, o ex-meia Geovani Silva, 61 anos, é um dos maiores jogadores da história do futebol capixaba. Revelado pela Desportiva Ferroviária, subiu para os profissionais com 16 anos e conquistou o Capixabão de 1980.
Dois anos depois, foi para o Vasco da Gama, aos 18 anos, onde escreveu a sua história. Em São Januário, virou o “Pequeno Príncipe” e chegou à Seleção Brasileira.
Geovani fez carreira ainda no exterior, jogando no Bologna, da Itália, no Karlsruhere, da Alemanha, e no Tigres, do México. Voltou ao futebol brasileiro e ainda conquistou mais dois títulos do Capixabão: pelo Serra, em 1999, e novamente pela Desportiva, em 2000.
Vice-campeão olímpico em Seul-1988
Geovani foi contemporâneo da geração do futebol brasileiro que foi base da Seleção que conquistou o tetra na Copa dos Estados Unidos em 1994.
Chegou ao Vasco em 1982 e, no ano seguinte, foi campeão mundial sub-20 com a seleção brasileira no México, O capixaba foi o artilheiro e o melhor jogador da competição. O Brasil tinha em campo nomes como Jorginho, Dunga e Bebeto.
Destaque de todas as seleções brasileiras de base, Geovani também foi nome fundamental na conquista da medalha de prata nas Olimpiadas de Seul-1988. Foi a primeira medalha olímpica de um capixaba na história.
Numa equipe com nomes como Romário, André Cruz, Mazinho, Taffarel e Neto, o “Pequeno Príncipe” novamente se destacou, mas ficou fora da final, suspenso, e viu o Brasil perder o ouro para a então União Soviética, com derrota por 2 a 1.

Pela Seleção Brasileira principal, foi campeão da Copa América de 1989. Foram 23 jogos com a Amarelinha e cinco gols marcados. No entanto, nunca disputou uma Copa do Mundo.
Ídolo no Vasco na década de 80
Geovani foi um dos grandes nomes do Vasco na década de 80, ajudando o time a bater de frente com o Flamengo de Zico & Cia logo em sua primeira temporada pelo clube, em 1982.
Fez parceria de sucesso primeiro com Roberto Dinamite. Depois, com Romário. Foi titular e um dos maiores destaques cruzmaltinos também durante a campanha que resultou no título do Carioca de 1987, numa época em que os títulos estaduais eram tão comemorados quanto os nacionais.
O capixaba seguiu encantando o Vasco até metade de 1989 ano que se transferiu para o Bologna, da Itália. Retornou a São Januário em 1991 para participar de mais uma vitoriosa trajetória no Campeonato Carioca e também esteve no grupo vencedor em 1992. O adeus definitivo do ídolo ao clube aconteceu na temporada de 1995.
Ao longo dos 12 anos que vestiu a camisa do Vasco da Gama, Geovani conquistou 10 títulos, disputou 408 jogos e marcou 49 gols.
Craque deu nome ao troféu do Capixabão em 2024
Geovani Silva é cria da Desportiva Ferroviária, que o homenageou no dia 16 de fevereiro deste ano, no intervalo do jogo contra o Rio Branco de Venda Nova, no Engenheiro Araripe, pelo Capixabão.

Mas o craque conseguiu marcar seu nome no futebol capixaba com títulos e a simpatia também de outros clubes.
Além dos dois títulos estaduais pela Locomotiva Grená (1980 e 2000), ele venceu também em 1998, pelo Linhares Esporte Clube, em 1999, pelo Serra. O ex-meia ainda jogou por Rio Branco e Vilavelhense até encerrar a carreira oficialmente em 2002.
Em 2024, Geovani Silva foi escolhido em votação popular para dar nome ao troféu do Capixabão, que foi conquistado pelo Rio Branco.
Homenageado pelo Vasco em 2025
No dia 1º de fevereiro deste ano, o Vasco quebrou recorde de público no estádio Kleber Andrade no empate em 2 a 2 com o Volta Redonda, pela sétima rodada do Campeonato Carioca.
E Geovani Silva foi homenageado pelo clube diante de 21.626 torcedores. O ex-camisa 8, que na noite anterior já havia sido festejado pelo elenco cruzmaltino, apareceu na entrada do campo vestindo a camisa 8 do Vasco e recebeu das mãos do presidente do Vasco, Pedrinho, uma placa em homenagem à sua carreira.

“Ele é um patrimônio para todos nós. O famoso ‘Pequeno Príncipe’ que na minha infância tive oportunidade de chegar dos treinos e ver o profissional treinando ali, com Geovani no campo. E quando eu subo pro profissional ainda pego um pouquinho dele comigo lá. É um ídolo pra gente. Tá na história do Vasco, um dos maiores camisas 8 que nós tivemos e é conhecido como Pequeno Príncipe de forma muito merecida”, comentou Pedrinho.
Nitidamente emocionado, Geovani agradeceu o carinho e celebrou a volta por cima após enfrentar graves problemas de saúde.
“Só não vou chorar, mas dá vontade”, brincou o ex-jogador. “Pedrinho eu vi começando, praticamente… Fico feliz né? Porque quando você é homenageado vivo é bem melhor né? Tive problemas de saúde, pensei que não ia passar deste ano, mas passei e se eu estou vivo é pra comemorar”, destacou Geovani, na ocasião.
Ex-jogador também teve carreira política
Após pendurar as chuteiras, Geovani Silva também teve uma carreira na política. Em 2002, foi eleito deputado estadual, com 19.572 votos, assumindo em janeiro de 2003.
Chegou a ser eleito presidente da Assembleia Legislativa, mas o resultado foi anulado na Justiça poucos dias depois da votação. Ele cumpriu mandato até o final 2006.
Em 2012, teve seu nome lançado como candidato à Prefeitura de Vila Velha pelo PTB.