As palavras que ninguém esperava: escritor com paralisia rompe limites e desafia diagnósticos

Rafael Souza, escritor com paralisia cerebral
Foto: Arquivo pessoal

Rafael Souza Dos Santos, 25 anos, nasceu em Itarana na Bahia. Desde o nascimento ele convive com a paralisia cerebral, condição que limitou os movimentos e desenvolvimento motor, mas contrariando o que muitos esperavam, essa condição nunca limitou seus sonhos. O jovem iniciou sua carreira de escritor e ainda tem muitos objetivos pela frente.

Em entrevista ao Acorda Cidade, Rafael contou um pouco da sua história de perseverança e superação. “Desde pequeno, enfrento desafios por causa da Paralisia Cerebral, mas nunca deixei que isso definisse quem eu sou. Minhas funções físicas foram limitadas desde o nascimento, mas minha alegria, meu bom humor e minha teimosia seguem 100% liberadas”.

Rafael Souza, escritor com paralisia cerebral
Foto: Arquivo pessoal

No processo de aprendizagem nem tudo foi fácil, Rafael precisou lidar com o preconceito e até mesmo diagnósticos médicos que não condizem com a realidade, ainda assim se manteve firme no seu propósito pessoal.

“Desde cedo, ouvi que os médicos diziam que eu não iria aprender a ler. Diziam que seria difícil demais, que talvez eu não conseguisse acompanhar. Lidar com o julgamento dos outros nunca foi fácil. No começo, essas palavras doíam, mas com o tempo, transformei cada dúvida em motivação.”

Na infância, ter o apoio familiar, dos amigos e dos professores também foi imprescindível para que o escritor mostrasse sua força e pudesse transformar o processo de aprendizagem em algo prazeroso. “Eles me lembravam todos os dias que o meu valor não está no que os outros pensam, mas no que eu acredito ser capaz de fazer.”.

“Eu decidi provar que ninguém, além de mim, pode definir meus limites.”

E foi aprendendo que Rafael se apaixonou pela leitura, e desejou ir além.

“Um dos momentos mais marcantes na minha trajetória de alfabetização foi quando consegui ler meu primeiro livro sozinho. Foi como se, de repente, eu tivesse uma chave que me permitia acessar um universo inteiro, e isso me motivou ainda mais a continuar aprendendo e superando os desafios.”

Rafael Souza, escritor com paralisia cerebral
Foto: Arquivo pessoal

O jovem aproveitou seus momentos livres para começar a escrever um livro, forma de superar seus próprios limites e levar uma mensagem importante para todas as pessoas. Rafael não contou a novidade de primeira, ele guardou a informação por um tempo o que só gerou mais alegria e orgulho às pessoas próximas, especialmente da sua mãe.

“Eu escrevia quietinho, no meu tempo, colocando no papel tudo que estava no meu coração. Ninguém sabia que eu estava escrevendo um livro, nem mesmo a minha mãe, quando contei, os olhos dela se encheram de orgulho. Foi um momento emocionante, porque ali ela entendeu o quanto aquilo era importante pra mim.” explicou.

Receber o apoio das pessoas ao redor só impulsionou ainda mais o sentimento cultivado por Rafael quando o livro ainda estava em segredo. “Ver a reação das pessoas foi incrível. Elas se surpreenderam, se emocionaram e começaram a olhar pra mim de uma forma diferente. Como alguém que não só superou desafios, mas que agora inspira outras pessoas com a própria história.”

Agora, ele pretende levar para o mundo a mensagem mais importante: os sonhos não merecem limites.

“A mensagem que eu deixo no livro é simples, mas poderosa: não deixe que te digam até onde você pode ir. A sociedade adora colocar rótulos, limitar sonhos, apontar o que você ‘não vai conseguir, mas só você sabe da sua força, do seu coração e da sua vontade de vencer.”

O livro intitulado “O Diário de Rafael”, não representa apenas a história do escritor, mas como ele mesmo afirma, é sobre histórias de superação. “Esse livro não é só sobre mim, é sobre todos que já ouviram um ‘você não vai conseguir’ e decidiram continuar. Se uma pessoa, só uma, ler meu livro e pensar ‘caramba, se ele conseguiu, eu também posso!’, então já valeu a pena”.

Rafael Souza, escritor com paralisia cerebral
Foto: Arquivo pessoal

Primeiro livro, primeiro passo

O primeiro livro é só o começo de uma carreira que o jovem escritor pretende seguir profissionalmente.

“Meus sonhos não pararam no primeiro livro — na verdade, ele foi só o começo. Quero continuar escrevendo! Já penso em outros livros, talvez contando histórias de outras pessoas que também venceram desafios ou até criando algo mais leve e divertido, com reflexões misturadas com humor, do jeito que eu gosto.”

As metas de Rafael como escritor, se estendem à realização de outros inúmeros projetos.

“Sonho em viajar, dar palestras, contar minha história ao vivo, olhar no olho das pessoas e dizer: ‘Você também consegue!’. Quero estar em escolas, eventos, projetos sociais, levando essa mensagem de força, fé e superação para o máximo de gente possível.”

E essas metas não se resumem apenas ao âmbito profissional, mas a algo ainda mais grandioso. A felicidade e o pleno bem-estar com a vida.

“Quero viver intensamente, continuar sorrindo, fazendo amizades, quebrando barreiras e provando, dia após dia, que a limitação que muitos enxergam não me impede de sonhar alto. Porque enquanto eu tiver sonhos, eu tenho motivo pra seguir. E eu vou seguir — sempre com o coração cheio de coragem e esperança.” finalizou.

Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade

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