Os últimos 7 dias na Venezuela foram marcados por mais um evento climático extremo que ligou um sinal vermelho para o governo. Em meio a um volume de chuvas quatro vezes maior do que o esperado para este período, o presidente Nicolás Maduro disse nesta segunda-feira (30) que a Força Tarefa Andes 2025, um plano de auxílio para a região, terá os principais recursos voltas aos estados de Mérida, Táchira, Trujillo, Barinas, Portuguesa e Zulia.
O período mais forte de chuvas se deu em 24 de junho, quando foram registrados entre 30 e 35 milímetros, o que equivale a um quarto da precipitação usual de junho para a região. Isso saturou o solo, ativou riachos intermitentes e aumentou significativamente o fluxo de grandes rios, causando transbordamento. As operações lançadas pelo governo buscam, agora, resgatar e abrigar pessoas afetadas pelas chuvas.
O ministro de Habitação da Venezuela, Raúl Paredes, afirmou nesta segunda-feira (30) que chegaram materiais para a construção de habitações para as pessoas atingidas, especialmente as 103 famílias que perderam totalmente as suas casas. Além da reparação, Maduro anunciou que a Força Tarefa vai liberar recursos de maneira emergencial para atender às demandas.
“Estamos em todos os estados da república desde o início, servindo ao nosso povo… Imediatamente ativamos os planos, as máquinas e os equipamentos, a fusão perfeita das forças militares e policiais na batalha contínua pela soberania, pela independência e pela paz”, disse o presidente em discurso televisionado.
O governo acionou o estado de alerta para mais chuvas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia e Hidrologia, a tendência é que toda a região seja atingida nas próximas horas por novas tempestades.
Até o momento, os principais estados afetados foram Barinas, com mais de 1.200 famílias atingidas e Mérida, com pelo menos 370 casas impactadas e 8.500 famílias isoladas pelo deslizamento de estradas e quedas de pontes.
Os dados, no entanto, não são atualizados regularmente pelo Serviço Nacional de Gestão de Riscos nem pela Defesa Civil. As atualizações estão sendo feitas pelas páginas dos estados.
O governador do estado de Mérida, Arnaldo Sánchez, disse que as Forças Armadas estão trabalhando para retomar os serviços e para a manutenção da estrutura afetada, principalmente a distribuição de água e energia. O governo nacional também tem arrecadado doações para as famílias. Nesta segunda-feira, cerca de 280 motociclistas chegaram a Mérida com produto básicos. Estradas que dão acesso ao estado, porém, também foram isoladas para manutenções.
O vice-presidente setorial de Obras Públicas, Jorge Márquez, afirmou que o governo percorreu o estado e identificou 25 pontos críticos em pontes e estradas, o que afetou cerca de 63% do transporte rodoviário. A meta do Ministério dos Transportes agora era resolver esses pontos em até 140 horas.
Em Táchira, na fronteira com a Colômbia, cerca de 870 famílias estão isoladas na região dos Andes. Ao todo, 240 casas foram afetadas em 12 municípios, especialmente nas cidades de Fernández Feo, Cárdenas, San Cristóbal e Junín. O governador, Freddy Bernal, afirmou que as autoridades tiveram que demolir 85 casas pelo deslocamento de “grandes massas de terra e do rio”.
Bernal afirmou ainda que equipes da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), da Proteção Civil e da Polícia estão se deslocando pelo estado para retomar as conexões com as cidades mais impactadas.
No estado de Trujillo, 92 casas foram afetadas. Nesta região, as cidades de Urdaneta, Campos Elías e Boconó enfrentam interrupções nos serviços de abastecimento. As estradas que ligam essas cidades ao resto do país estão fechadas. Esse ponto é uma das principais rotas que ligam a produção agrícola ao centro do país.
No estado de Apure, mais de 640 famílias de comunidades indígenas foram afetadas. Eles receberam remédios e atendimento médico, segundo o governo.
Histórico recente
O episódio de 2025 se soma a uma rotina trágica na Venezuela. Nos últimos cinco anos foram registrados eventos climáticos extremos. Em 2021, no mesmo estado de Mérida, foram registradas chuvas que também fizeram com que o governo ligasse o estado de alerta. Na ocasião, o Vale dos Mocotíes foi a região mais afetada e deixaram ao menos 20 mortes.
Em outubro de 2022, a passagem do furacão Julia pelo Mar do Caribe levou à tragédia de Las Tejerías, no estado de Aragua. de acordo com o governo, o incidente levou à morte de cerca de 500 pessoas depois da inundação do córrego Los Patos, o que inundou a cidade, sendo um dos eventos climáticos mais devastadores dos últimos anos.
No ano seguinte, novas chuvas afetaram a serra de Trujillo e a cidade de Monte Carmelo foi a mais afetada, com dezenas de famílias atingidas, além de estradas bloqueadas, o que dificultou o acesso à região. No ano passado, o leste do país foi impactado pelos efeitos do furacão Beryl, em Cumanacoa, no estado de Sucre.
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