
No primeiro episódio, Caminho do Peabiru volta às origens de uma trilha ancestral Muito antes das caravelas, o Brasil já era cruzado por caminhos sagrados. No episódio de estreia da série Caminho do Peabiru, mergulhamos nas origens de uma trilha ancestral que ligava oceanos e atravessava continentes, conectando povos, culturas e saberes de maneira surpreendente. Esta não é apenas uma estrada antiga — é uma rota que desafia tudo o que aprendemos nos livros de história.
O que é o Caminho do Peabiru
O Caminho do Peabiru é uma rede de trilhas milenares que atravessa a América do Sul, com pontos de partida no litoral brasileiro e destino final nos Andes peruanos. A trilha corta o território nacional desde o litoral de Santa Catarina e São Paulo, cruzando o Paraná de leste a oeste, até atingir países vizinhos como Paraguai, Bolívia e Peru. Estima-se que sua origem remonte a pelo menos três mil anos, podendo chegar a até 12 mil, segundo algumas análises recentes.
O nome Peabiru vem do tupi-guarani e significa “caminho gramado amassado”, uma descrição simples que guarda uma profundidade histórica e espiritual. Para os povos indígenas, como os guaranis, kaingang e xetá, esse trajeto era mais do que um meio de locomoção: era um caminho sagrado. Ele era utilizado em rituais religiosos e peregrinações em busca da “Terra Sem Males”, uma espécie de paraíso espiritual, guiados pela Via Láctea.
Santa Catarina, Paraná e São Paulo: vestígios e renascimentos
Neste episódio, mostramos os trechos do Peabiru nos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, regiões que preservam vestígios físicos, registros históricos e memórias orais desse legado milenar.
No Paraná, por exemplo, o governo reconheceu oficialmente a Rota Transcontinental Caminho do Peabiru como Patrimônio Cultural Imaterial. A trilha passa por 84 municípios paranaenses, reafirmando sua relevância histórica e seu potencial turístico e cultural. O reconhecimento da rota como patrimônio estadual busca promover não apenas a preservação da história, mas também o desenvolvimento sustentável dos municípios envolvidos.
Em Santa Catarina e São Paulo, as investigações mais recentes têm apontado com mais precisão os pontos de passagem do caminho original. Um dos marcos importantes está em Cananéia, no litoral paulista, onde pesquisadores concluíram estudos que indicam claramente a presença do Peabiru. A intenção agora é aprofundar o mapeamento, preservar os vestígios e transformar esses locais em áreas de visitação, educação e ecoturismo.
Um legado que desafia a história oficial
Esses trechos guardam mais do que pedras ou ruínas: eles revelam uma história de integração entre culturas pré-colombianas, e sugerem até mesmo possíveis conexões com rotas transcontinentais, como o Caminho de Santiago, na Europa. É uma narrativa que contesta a versão eurocêntrica e linear da história, colocando os povos originários como protagonistas de uma rede sofisticada de deslocamentos e trocas.
Preservação, turismo e identidade regional
Depoimentos de pesquisadores, líderes locais e especialistas reforçam a importância de resgatar esse conhecimento. A criação do Parque Peabiru, por exemplo, é uma das propostas para preservar a rota e torná-la acessível ao público, sem comprometer o meio ambiente. A iniciativa também impulsiona o turismo ecológico e cultural nas regiões envolvidas, fortalecendo a economia local por meio da valorização da própria identidade regional.
Uma jornada de redescoberta
Prepare-se para uma jornada que vai muito além da geografia: o Caminho do Peabiru é uma trilha espiritual, histórica e cultural que sobreviveu ao tempo e agora ressurge, desafiando narrativas oficiais e abrindo novas portas para entender o verdadeiro passado do nosso continente.
Assista!
Caminho do Peabiru | Episódio 1