
Os festejos de São João já foram embora, mas o clima de festa seguiu firme em Feira de Santana. Nos dias 4 e 5 de julho, o Ginásio Municipal de Esportes, no bairro Queimadinha, se encheu de cores, brilho e muito forró com a realização do 2º Festival de Quadrilha Junina. O evento é uma iniciativa popular e conta com o apoio da Prefeitura e da Associação Coleirinho da Bahia, movimentando a cidade com apresentações de 25 quadrilhas – sendo 21 tradicionais e 4 estilizadas – além de shows musicais e premiações simbólicas.

Mais do que uma competição, o festival tem como principal objetivo o resgate e o fortalecimento da cultura popular nordestina. Quem destaca essa missão é a organizadora Mari Falcão, que também é quadrilheira.

“Estamos tentando essa retomada desde 2023. Em 2024, conseguimos realizar o festival, e esse ano conseguimos fazer em uma maior amplitude. A intenção é essa: resgatar as quadrilhas de Feira de Santana, algumas que estavam paradas, outras que continuaram ativas, mas sem incentivo financeiro”, contou ao Acorda Cidade.

A ajuda da Prefeitura tem sido essencial para que o festival aconteça com mais estrutura e visibilidade. O evento volta com tudo na segunda edição para resgatar os grandes Arraiás de Santana. A quadrilha Forró da Alegria, por exemplo, tem uma tradição de 53 anos. São grupos dos distritos de Jaguara, Humildes, São José e da Princesa do Sertão.

“Se a gente pega, por exemplo, as quadrilhas como estavam em 2023 e como estão hoje em 2025, você vê uma grande evolução, até mesmo na estética, figurino.” Quando a Prefeitura entra com o financeiro, porque tem muitos jovens que ainda não trabalham, ajuda a manter viva a cultura”, completou Mari.

Além da competição entre quadrilhas, o evento também premiou categorias específicas, além da premiação dos campeões nas três primeiras colocações. Todos os grupos participantes receberam apoio financeiro. O Festival premiou os melhores marcadores: o 1º lugar ficou com Filhos da Tradição, o 2º com Xodó das Meninas e o 3º com Korró Korró. Já o título de melhor casal de noivos foi conquistado pela quadrilha Sítio Alegre; o 2º lugar ficou com Facho de Fogo e o 3º com Xodó das Amigas. Também foi premiado o melhor figurino: 1º lugar para Filhos da Tradição, 2º para Xodó das Amigas e 3º para Oxente Gente.
As apresentações foram acompanhadas por um trio de jurados com ampla experiência em cultura junina: Juju Araújo, Cristiano Cordeiro e Anne Lima.
Cultura nordestina, resistência em cada passo
Dentre os grupos que se apresentaram, a quadrilha Arraial das Coroas chamou atenção não só pela animação, mas pela presença de integrantes com décadas de amor pela cultura nordestina. Um exemplo é Matildes das Virgens Oliveira, de 68 anos, moradora da Matinha.

“Desde jovem, na adolescência, eu danço quadrilha. Precisamos resgatar nossa cultura. A gente começou o Arraial das Coroas faz muito tempo, depois deu uma parada. Quando foi o ano passado, a gente resgatou de novo. Para mim, representa a cultura e a alegria, a gente tem que participar das brincadeiras enquanto está vivo”, declarou em entrevista ao Acorda Cidade.
Apesar de enfrentar dores nos pés, Matildes garante que isso não a impede de cair no bom forró para relembrar os velhos tempos. São aproximadamente 30 minutos dançando num ritmo pra lá de animado.
“Eu não fico cansada, não. Tenho um problema nos pés, mas não dói na hora em que estou dançando. A dor vem depois, mas eu estou dançando, não paro.”

Outro exemplo de vitalidade e amor pela cultura é Germínia, de 84 anos, que também integra o Arraial das Coroas. Ela também é moradora da Matinha.
“Quando eu era moderna, não tinha espaço, a gente era muito pobre. Também não tinha essas culturas de hoje. Em casa, os maridos também não deixavam. Agora já criei meus filhos, tenho um grupo de canto na paróquia da Matinha e estou aí”, afirmou.

E sobre o desafio de dançar durante meia hora, ela respondeu com bom humor: “Ave Maria, meu Deus do céu, eu suporto sim.”
Além das quadrilhas, o festival também contou com atrações musicais de peso. A banda Os Bambas do Nordeste, que celebra 50 anos de carreira em 2025, encerrou o evento que contou ainda com as bandas de Zé Trindade e Uns Cambadas, conhecidos pelo autêntico forró.
A ideia é que o Festival de Quadrilha Junina se consolide no calendário cultural da cidade.
“Estamos em formato de teste para concurso, mas a proposta é manter esse evento como um espaço de valorização da cultura junina de Feira de Santana”, reforçou Mari Falcão.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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