‘Não seremos simples fornecedores de matérias-primas’: Lula diz que Sul Global pode liderar novo paradigma de desenvolvimento

Na manhã desta segunda-feira (7), durante a terceira sessão plenária da 17ª Cúpula do Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou temas relacionados ao meio ambiente, saúde e COP 30 e reforçou as iniciativas e perspectivas do Sul Global.

“Mesmo sem o passivo histórico dos países desenvolvidos, os membros do Brics não deixaram de fazer a sua parte. Na Organização Mundial da Saúde (OMS) e na Organização Mundial do Comércio (OMC), lutamos juntos pelo acesso a medicamentos e vacinas essenciais para vencer a epidemia de HIV/Aids, a malária, a tuberculose e outras mazelas que afetam, principalmente, os países mais vulneráveis.”, afirmou o presidente. Lula disse, porém, acreditar que o negacionismo e o unilateralismo estão corroendo progressos do passado e sabotando o futuro.

Dentre as preocupações no campo da emergência climática, ele citou ainda o ritmo acelerado do aquecimento global, a deterioração das florestas tropicais e reiterou a afirmação feita por ele mesmo na Conferência de Nice, há poucas semanas: “o oceano está febril”. Lula reforçou que os países em desenvolvimento, como os que em geral compõem o Brics, serão os mais impactados por perdas e danos, especialmente porque são os que menos dispõem de meios para arcar com mitigação e adaptação.

Por outro lado, ele acredita que o Sul Global tem condições de liderar um novo paradigma de desenvolvimento, “sem repetir os erros do passado”. “Não seremos simples fornecedores de matérias-primas. Precisamos acessar e desenvolver tecnologias que permitam participar de todas as etapas das cadeias de valor. 80% das emissões de carbono são produzidas por menos de 60 empresas. A maioria atua nos setores de petróleo, gás e cimento. Os incentivos dados pelo mercado vão na contramão da sustentabilidade.”

Prioridades e perspectivas

Enquanto, em 2024, os 65 maiores bancos do mundo se comprometeram a conceder US$ 869 bilhões para o setor de combustíveis fósseis, o presidente Lula defende que “taxonomias sustentáveis e unidades de contagem de carbono justas e inclusivas podem atrair investimentos produtivos verdes e justos”.

“A Declaração-Quadro sobre Finanças Climáticas do Brics, que adotamos hoje, apresenta fontes necessárias e modelos alternativos para o financiamento climático. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que lançaremos na COP 30, irá remunerar os serviços ecossistêmicos prestados ao planeta.”

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre foram citadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mais de uma vez durante as reuniões do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em entrevista durante a Cúpula do Brics.

Informações divulgadas até então afirmam que o Fundo deve combinar investimento público com captação de recursos no mercado privado, com o objetivo de captar cerca de US$ 4 bilhões por ano, a serem distribuídos entre os 70 países com florestas tropicais preservadas. O financiamento será lançado oficialmente na COP30, que acontecerá em novembro em Belém (PA), mas já conta com a participação de diversos países-membros do Brics.

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