
Você já sentiu seu olho tremendo, sua perna dando um pulo estranho, ou uma parte do corpo se movendo do nada? Pode parecer algo bobo ou até engraçado, mas esses movimentos involuntários dizem muito sobre o que está acontecendo por dentro, especialmente no seu sistema nervoso.
A verdade é que nem sempre a gente manda no próprio corpo. Há circuitos neurológicos que funcionam de forma automática, e quando algum deles desregula, o corpo responde com movimentos que não planejamos. E entender esses sinais pode fazer toda a diferença.
Tremores: o movimento involuntário mais comum
Tremor é quando uma parte do corpo começa a oscilar de forma rítmica, sem que você tenha intenção. Acontece com mais frequência nas mãos, mas pode afetar outras partes do corpo como cabeça, pernas e até a voz.
Alguns tipos aparecem preferencialmente quando o corpo está parado, como costuma ocorrer na doença de Parkinson . Outros tendem a se manifestar quando a pessoa realiza algum movimento, sendo mais comuns em tremores benignos, como o tremor essencial. Há também os que surgem com esforço, como ao manter os braços esticados.
Em alguns casos, o tremor pode ser efeito colateral de medicamentos, o que muitas vezes passa despercebido.
A frequência do tremor (medida em hertz, como 8 Hz por exemplo) também ajuda a entender melhor sua origem. Tremores fisiológicos e o essencial, por exemplo, costumam ter frequências mais altas.
Observar quando o tremor aparece, sua localização, intensidade e se há outros sintomas associados é o primeiro passo para entender o que está acontecendo de verdade.
Mioquimia: o famoso tremelique da pálpebra
Sabe quando sua pálpebra começa a vibrar sozinha, como se estivesse “palpitando”? Esse movimento involuntário, geralmente benigno, é chamado de mioquimia palpebral. São contrações ondulatórias, finas e contínuas do músculo ao redor dos olhos, mais sentidas do que visíveis.
Costuma aparecer em momentos de estresse, cansaço, uso excessivo de telas ou consumo elevado de cafeína. Na maioria dos casos, desaparece sozinho e não indica nenhuma doença neurológica.
Fasciculações: quando o músculo pula sob a pele
As fasciculações são contrações rápidas, localizadas e visíveis de fibras musculares, aquele “pulinho” do músculo sob a pele, que pode acontecer na coxa, braço ou mesmo na língua. Muitas vezes surgem por motivos banais: estresse, esforço físico, uso de algumas medicações.
Mas, quando persistentes ou associadas a outros sintomas, como fraqueza ou perda muscular, podem ser sinal de condições mais sérias, como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Aqui, o contexto também é essencial.
Mioclonias: sustos no corpo
São movimentos rápidos, como pequenos choques ou trancos , ocorrem às vezes no braço, na perna ou até no corpo todo. Acontecem em várias situações: ao adormecer (normal), em algumas epilepsias (nem sempre perceptíveis), ou por alterações metabólicas, como insuficiência renal.
Tiques: quando o corpo repete sem parar
São movimentos repetitivos, geralmente rápidos, como piscar os olhos, estalar o pescoço ou fazer caretas. Costumam aparecer na infância e podem desaparecer com o tempo. Em alguns casos, evoluem para síndromes mais complexas, como a de Tourette.
Distonias: o corpo entorta
Aqui, os músculos contraem de forma sustentada e involuntária, levando a posturas anormais. Pode ser algo pontual, como um torcicolo espasmódico, ou afetar várias partes do corpo. Às vezes, surge apenas quando a pessoa faz um movimento específico, como tocar piano ou escrever.
Discinesias: o corpo se mexe “demais”
São movimentos involuntários mais mais soltos, muitas vezes parecendo contorções, e podem surgir como efeito de algumas medicações, especialmente em pacientes com Parkinson em tratamento há muito tempo.
Coreia: movimentos que parecem uma dança involuntária
A coreia se manifesta por movimentos involuntários, rápidos, irregulares e sem propósito, que “saltam” de uma parte do corpo para outra, como se a pessoa estivesse dançando sem querer. Os braços, as pernas e até o rosto podem ser afetados.
Esses movimentos desaparecem durante o sono e pioram com o estresse. A coreia pode surgir em várias condições, como febre reumática (Coreia de Sydenham), doença de Huntington e em alguns casos de uso de medicamentos ou distúrbios metabólicos. Embora pareça apenas um descontrole motor, ela é sempre sinal de que algo mais profundo está acontecendo no sistema nervoso.
E o que fazer com tudo isso?
Observar, anotar, filmar. Sim, filmar ajuda muito, porque às vezes o sintoma não aparece na hora da consulta. E principalmente: não ignorar. O corpo fala. Quando ele se mexe sem que você tenha mandado, pode estar pedindo ajuda.
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Nem todo movimento involuntário é sinal de doença grave. Mas todo movimento que chama sua atenção merece respeito. Porque quando o cérebro fala com o corpo, mesmo sem sua autorização, é sempre bom escutar!