Espírito Santo: o estado que caça oportunidades com disciplina e liberdade 

Enquanto o Brasil convive com as oscilações políticas e econômicas de seus grandes centros, um pequeno estado da Região Sudeste avança silenciosamente. O Espírito Santo, assim como a onça que inspira seu apelido histórico, não faz alarde nem busca holofotes: observa, calcula e age com precisão. Sua força não está no estardalhaço das capitais mais ruidosas, mas na coerência silenciosa de quem optou por caminhar com ordem, liberdade e mérito.

Com apenas 1,9% da população brasileira, o Espírito Santo figura entre os estados mais equilibrados fiscalmente do país: há doze anos consecutivos, detém a nota máxima (A) em capacidade de pagamento, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional. Em 2023, tornou-se o estado com o maior percentual de investimento público proporcional à Receita Corrente Líquida, com impressionantes 20%, resultado da rara combinação entre responsabilidade fiscal e visão de longo prazo. Essa disciplina permite não apenas pagar suas contas, mas manter investimentos consistentes mesmo nas áreas que muitos governos negligenciam, como infraestrutura, educação e segurança.

Nos rankings de competitividade e governança, como o publicado pelo Centro de Liderança Pública, o Espírito Santo ocupa a sexta posição nacional, superando estados historicamente mais ricos. Sua infraestrutura logística portuária, aliada a políticas estáveis de incentivo ao investimento, posiciona o estado como ponto estratégico para o comércio exterior. Em setores como mineração, petróleo, rochas ornamentais e café, o Espírito Santo não apenas participa, mas lidera parte significativa das exportações brasileiras. Seu volume e relevância no comércio exterior são tão expressivos que se assemelham ao que se espera de um país exportador e não de um estado que, em tese, atuaria de forma secundária dentro da federação. 

Ambiente de Negócios e Investimentos Sustentáveis

Enquanto muitos estados recorreram a subsídios generalizados e incentivos fiscais pouco seletivos para atrair empresas, muitas vezes sacrificando arrecadação sem garantir retorno consistente, o Espírito Santo seguiu outro caminho. Investiu na criação de um ambiente de negócios estável, com regras claras, baixo nível de burocracia e respeito a contratos. Em vez de depender de estímulos artificiais, passou a oferecer segurança jurídica e liberdade para empreender, o que atraiu investimentos mais sustentáveis e produtivos ao longo do tempo. Esse arranjo atraiu investimentos estrangeiros, ampliou sua base produtiva e fortaleceu o protagonismo empresarial local. Não se trata de milagres, mas de coerência com princípios. A cultura de resultados, aplicada desde a gestão pública até as metas de desempenho da segurança e da educação, traduz-se em mérito, estabilidade e eficiência.

O economista Ludwig von Mises defendia que “a liberdade econômica é a condição indispensável de qualquer outro tipo de liberdade”. Já Friedrich Hayek alertava para os riscos do controle excessivo do Estado sobre a ordem espontânea da sociedade. Ambos encontrariam no Espírito Santo um raro exemplo subnacional em que liberdade e responsabilidade caminham juntas.

Liderança Silenciosa e o Legado Capixaba

O que o Espírito Santo ensina ao Brasil é que protagonismo não exige espetáculo. O progresso, como a onça que inspira o próprio Espírito Santo, não precisa fazer alarde. Avança em silêncio, com firmeza, precisão e propósito, qualidades que, ao contrário do ruído, sustentam a verdadeira liderança. Seu exemplo reafirma que liberdade e disciplina, quando cultivadas com persistência, produzem não apenas bons indicadores, mas um legado de confiança institucional. Em tempos de descrença e dependência, o Espírito Santo mostra que é possível caçar oportunidades sem renunciar aos princípios. E, mais que isso, ensina que a força de um Estado não está em sua extensão territorial, mas na grandeza de suas escolhas.

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