
Você pode nem perceber, mas seus dentes podem estar sofrendo mesmo quando você não está comendo. Atos como roer unhas, morder tampas de caneta ou ranger os dentes durante o sono são chamados de hábitos parafuncionais — comportamentos repetitivos que envolvem a boca, mas que não têm relação com funções naturais como mastigar, falar ou engolir.
Embora comuns, esses hábitos podem causar sérios danos à sua saúde bucal e até comprometer o equilíbrio de outras partes do corpo, como a cabeça, pescoço e articula…Segundo o Conselho Federal de Odontologia, os hábitos parafuncionais atingem uma grande parcela da população, especialmente em momentos de estresse, ansiedade ou tensão muscular.
Hábitos que prejudicam os dentes
O exemplo mais conhecido é o bruxismo, caracterizado por contrair, apertar ou ranger os dentes, geralmente durante o sono ou na vigilia. O problema é silencioso, mas pode causar consequências barulhentas: dores nos maxilares, dores de cabeça, desgaste dental, fraturas em restaurações e até dificuldade para abrir a boca ao acordar.
Com o tempo, a força excessiva aplicada aos dentes pode danificar a articulação temporomandibular (ATM), responsável por abrir e fechar a boca.
Outro hábito comum, especialmente entre crianças e adolescentes, é o morder objetos, como canetas, lápis ou a própria bochecha. Esse comportamento pode parecer inofensivo, mas altera a posição dos dentes e favorece pequenos traumas na mucosa oral, aumentando o risco de lesões, infecções e desalinhamento dentário.
Já o velho costume de roer as unhas também prejudica a saúde bucal: além de trazer sujeira e bactérias para a boca, causa microfraturas nos dentes anteriores e sobrecarga nos músculos da face.
Impactos além da boca
É importante destacar que esses hábitos não estão ligados apenas à boca. Muitos pacientes com parafunções relatam dores cervicais, zumbidos, sensação de ouvido entupido e até distúrbios do sono.
A relação é direta: a musculatura envolvida nas parafunções é a mesma que participa de outros movimentos da cabeça e pescoço. Quando há sobrecarga, o corpo responde com dor e desconforto generalizado.
Como controlar
A boa notícia é que esses comportamentos podem ser controlados com o acompanhamento de profissionais da saúde, como dentistas, fonoaudiólogos e psicólogos.
O primeiro passo é o diagnóstico clínico, feito a partir de sinais como desgaste nos dentes, dor muscular, estalos na articulação da mandíbula e hábitos observados pelo paciente ou por pessoas próximas. O dentista pode indicar o uso de placas interoclusais para proteger os dentes, orientar exercícios musculares e recomendar mudanças na rotina.
A prevenção é essencial
A prevenção também é aliada poderosa. Dormir bem, praticar atividades físicas, evitar cafeína em excesso e manter uma rotina equilibrada são atitudes que ajudam a reduzir a tensão muscular e, consequentemente, os hábitos parafuncionais. Estar atento ao próprio corpo e procurar ajuda ao menor sinal de dor ou desconforto é o melhor caminho para manter a boca — e todo o organismo — em equilíbrio.
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Se você já se pegou mordendo o lábio, roendo a tampa da caneta ou acordando com dor no maxilar, fique atento: seu corpo pode estar pedindo ajuda. Cuidar da saúde bucal vai muito além da escova e do fio dental.
Começa no reconhecimento de comportamentos que, embora pareçam inofensivos, carregam um peso silencioso — e muitas vezes doloroso. Afinal, seu sorriso também precisa de descanso, especialmente durante a noite.