
Uma das rotas fica na cidade de Alhandra, símbolo da Jurema Sagrada.
Josimar Diniz / Tv Cabo Branco
O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), sancionou a lei que reconhece a Jurema Sagrada como patrimônio imaterial do estado. A iniciativa, de autoria da deputada estadual Cida Ramos (PT), foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (16) e busca valorizar uma das expressões religiosas mais tradicionais do Nordeste.
Segundo a parlamentar, a proposta tem como objetivo promover o respeito e a preservação da Jurema Sagrada, prática religiosa presente em comunidades tradicionais, especialmente nas cidades de Alhandra e Conde, no Litoral Sul paraibano.
A Jurema Sagrada é uma tradição religiosa que reúne elementos culturais e espirituais indígenas, africanos e europeus, configurando um importante símbolo de resistência cultural no Nordeste brasileiro. Central nos rituais está o uso do chá da jurema, uma árvore típica da caatinga e do agreste nordestino. No entanto, as tradições de origem indígena e africana ainda enfrentam preconceitos, incluindo o racismo e a intolerância religiosa, que representam desafios constantes para seus praticantes.
A proposta foi aprovada pela Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) no início do mês de junho, sob protesto de deputados conservadores. Wallber Virgolino e Sargento Neto, ambos do PL, votaram contra a matéria e Tovar Correia Lima (PSDB) preferiu se abster.
Durante a sessão, Cida Ramos fez um pronunciamento defendendo o respeito à diversidade cultural e religiosa após ouvir o incômodo de colegas do parlamento e risos em tom de deboche no momento da votação.
“Eu sou católica, mas quero dizer que a Jurema faz parte da existência indígena, assim como de vários outros grupos. Nós devemos respeitar. Podemos até não aderir, mas precisamos valorizar as expressões e manifestações culturais e religiosas que se constituíram ao longo da formação social desse nosso país tão diverso e tão rico. Deus é um só, único”, afirmou a parlamentar.
O reconhecimento da Jurema Sagrada como patrimônio imaterial representa, segundo a deputada, uma importante conquista na luta contra o preconceito e a intolerância.
“Apesar de toda busca de organização e respaldo jurídico, é importante salientar que os religiosos de cultos afro-brasileiros e indígenas continuam sofrendo com o racismo e a intolerância religiosa”, afirmou.
A lei, de número 13.760, já está em vigor e passa a valer em todo o território paraibano.
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