Desde 2024, o Brasil passou a exigir verificação biométrica facial obrigatória (via selfie ou escaneamento ao vivo) para usuários de plataformas de apostas online, cassinos e criptoativos, como parte de novas regras de Know Your Customer (KYC) estabelecidas pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA). Exchanges como Mercado Bitcoin, Binance Brasil, Bitso e Foxbit já adotam o procedimento.
Uma pesquisa realizada pelo Casinos Blockchain, com usuários brasileiros ativos nesses setores, revela que 67% se sentem confortáveis em fornecer uma selfie para validar a identidade – indicando que o reconhecimento facial já faz parte da rotina digital da maioria. Apenas 6% se mostram muito desconfortáveis com esse método.
Contudo, o cenário muda quando se trata de biometria avançada, como impressões digitais ou escaneamento de íris:
- Apenas 23% aceitariam fornecer esses dados sem hesitação;
- Outros 45% só o fariam se fosse obrigatório;
- E 9% recusariam totalmente.
Além disso, 34% evitariam plataformas que exigem esse tipo de biometria e 56,5% repensariam o uso devido ao medo de fraudes, como deepfakes ou roubo de identidade. A confiança nas tecnologias de verificação continua alta: 77% confiam tanto ou mais na IA do que em humanos para processar dados de identidade. Mas apenas 22% confiam plenamente que suas informações serão protegidas pelas plataformas, enquanto 45,5% confiam apenas parcialmente.
Veja também: Executivas do Bradesco falam sobre como acelerar a inovação com IA e a importância da infraestrutura na estratégia digital
Privacidade no centro das decisões
O estudo mostra um desejo claro por maior privacidade e controle:
- 95% desejam métodos de KYC mais privados;
- 62% trocariam imediatamente para alternativas como “provas de conhecimento zero” (Zero-Knowledge Proofs);
- Outros 33% considerariam essa possibilidade.
A pesquisa também revelou diferenças geracionais:
A Geração Z (jovens até os 20 e poucos anos) mostra maior aceitação da biometria e da IA, além de interesse ativo por soluções que priorizem a privacidade.
Já os adultos acima dos 40 anos se mostram mais cautelosos, especialmente quanto ao uso de deepfakes, mas também reconhecem a necessidade de adaptação às novas regras.
Caminho para o setor
A adoção do KYC biométrico facial já é vista como padrão para muitos brasileiros. No entanto, os dados da pesquisa apontam que a confiança total ainda está longe de ser conquistada. O setor de apostas e cripto no Brasil — impulsionado pela regulamentação — deve investir em soluções que combinem segurança, privacidade e transparência.
A recomendação é clara: usar tecnologias como IA, criptografia e blockchain com foco em privacidade, além de comunicar de forma transparente como os dados dos usuários são protegidos. Isso não apenas atende às exigências regulatórias, mas também pode se tornar um diferencial competitivo diante de um público cada vez mais consciente e exigente em relação à sua identidade digital.
Siga TI Inside no LinkedIn e fique por dentro das principais notícias do mercado.