
Lula, Alexandre de Moraes, Jais Bolsonaro e Donald Trump são os principais atores políticos da notícias de julho.
Evaristo Sa/AFP//Antonio Augusto/STF//Adriano Machado/Reuters//Patrick Semansky/AP
A primeira quinzena de julho foi intensa na política brasileira. A ameça de tarifas de Donald Trump fez aumentar uma temperatura que já estava alta. Tantas coisas importantes aconteceram que o g1 te ajuda, logo abaixo, a entender as notícias e o que está em jogo.
Elas estão divididas em quatro partes:
1 – Tarifas de Trump como arma política – e suas consequências
2 – Disputa no Congresso
3 – Processo do golpe
4 – Parlamentares com problemas
Confira abaixo os principais acontecimentos políticos de julho até agora:
1 – Tarifas de Trump como arma política
Em carta ao governo brasileiro, o presidente dos EUA anunciou tarifa de 50%
A carta
A carta que Donald Trump endereçou ao governo brasileiro, e divulgou no dia 9 de julho, foi recebida com espanto por políticos, diplomatas e empresários.
Ele anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. O Brasil é o país com a maior taxa na atual leva de notificações.
Logo no início da carta, Trump cita Jair Bolsonaro (PL) e alega ser “uma vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
A reação
A ameaça da tarifa de Trump foi avaliada por representantes do governo como chantagem e ameaça à soberania nacional.
Lula respondeu que “o Brasil é um país com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém” e que o país responderia “à luz da lei brasileira de reciprocidade”.
O presidente lembrou também que o Brasil é deficitário na relação comercial com os EUA desde 2009, ao contrário do que alegou Trump na carta.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que a tarifa de Trump se baseia em uma “compreensão imprecisa” dos fatos do Brasil.
Lula diz que quer negociar tarifaço de Trump
O impacto
O impacto na economia brasileira foi imediato, mesmo que a previsão da tarifa seja 1º de agosto.
Toneladas de mel e de rochas naturais esperando em portos, produção de carne para os EUA paralisada, férias coletivas e pausa na indústria de madeira e móveis são alguns dos resultados.
O efeito pode ser muito pior. A Embraer é uma das empresas mais ameaçadas. Se você quiser ter um gosto amargo da preocupação, ouça empresários do café e da laranja falarem ao podcast O Assunto.
A articulação
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi escalado pelo Planalto para conversar com empresários brasileiros e negociar com o governo americano.
Em reunião com Alckmin, empresários pediram que o governo negocie com os EUA um adiamento do tarifaço. Em resposta otimista, Alckmin disse que ideia é resolver até dia 31, sem precisar adiar.
A direita
A reação inicial de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de SP (estado que mais tem a perder com o tarifaço), foi ignorar Trump e dizer que “Lula colocou sua ideologia acima da economia”.
Acabou criticado por todos os lados: esquerda, empresariado e bolsonaristas. Depois, Tarcísio amenizou o discurso e pediu “união de esforços”. Eduardo Bolsonaro apontou uma suposta “subserviência servil às elites”.
Quem não amenizou foi Jair Bolsonaro, defendido várias vezes por Trump. Ele disse que não se alegra com a tarifa, mas que com anistia haverá “paz para a economia”.
A esquerda
Pesquisa Quaest mostra que a chantagem de Trump resultou em melhora na avaliação do presidente Lula
Horas depois da carta, o CEO da consultoria Eurasia, Ian Bremmer, disse à Globonews que ela seria um “tiro pela culatra”, iria prejudicar Bolsonaro e ajudar Lula politicamente.
Sua previsão estava correta.
O PT, o governo e perfis de esquerda nas redes sociais usaram o momento para defender a soberania nacional. O resultado foi um aumento na popularidade de Lula, que vinha em queda.
A reação dos brasileiros aumentou depois que o PIX virou alvo de Trump em investigação comercial contra o Brasil.
“O tarifaço conseguiu unir a esquerda, os lulistas e os moderados; mas dividiu a direita e os bolsonaristas. Ou seja, empurrou o ‘centro’ para o colo do Lula”, resumiu Felipe Nunes, diretor da Quaest.
2 – Disputa no Congresso
Ao lado dos presidentes da Câmara e do Senado, Alckmin pregou “união” contra a “agressão injusta” de Trump. Mas, nestes dias intensos de julho, “união” não foi a melhor palavra para descrever a relação entre o Executivo e o Legislativo.
Essa disputa não começou em julho – e nem vai terminar agora. A relação entre Congresso e Planalto seguirá estremecida até eleições, avaliaram interlocutores.
Uma dos movimentos da batalha em julho foi o veto do presidente Lula ao aumento do número de deputados.
Foi uma reação do Executivo, que estava acuado com a crise do decreto do IOF – derrubado pelo Congresso no fim de junho.
Os ventos voltaram a soprar a favor do governo com a liberação de parte do decreto do IOF pelo ministro Alexandre de Moraes.
Em reação às duas decisões consideradas derrotas para o Legislativo, a Câmara aprovou uma “pauta-bomba” – um projeto de crédito subsidiado de até R$ 30 bilhões para o agronegócio.
Os deputados também aprovaram uma mudança de regras que flexibiliza licenciamento ambiental. O projeto pode acelerar a destruição do meio ambiente, segundo especialistas. A votação teve o apoio da bancada ruralista e de partidos do centrão.
3 – Processo do golpe
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, no dia 15 de julho, a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de liderar uma organização criminosa para tramar um golpe de Estado e permanecer no poder, apesar da derrota nas urnas em 2022. Ele nega as acusações.
As defesas dos acusados no processo ainda terão um prazo para apresentar seus argumentos a favor dos réus por escrito, as chamadas alegações finais.
Após a entrega desta defesa, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, marcará o julgamento com os demais ministros da Primeira Turma para definir sobre a condenação ou absolvição dos réus.
As alegações finais da PGR para pedir a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe
4 – Parlamentares com problemas
Deputado alvo de operação por desvio em emendas
O deputado federal pelo Ceará Júnior Mano (PSB) foi alvo, no dia 8 de julho, de uma operação da Polícia Federal que apura atuação de uma organização criminosa suspeita de desviar recursos públicos de emendas. Em nota, o deputado afirmou que “não tem qualquer participação” no esquema.
Foragida, Zambelli devolve apartamento
A deputada federal licenciada Carla Zambelli, que fugiu do país e está morando na Itália após ser condenada no STF, devolveu as chaves do apartamento funcional que utilizava, e que seguia ocupado por sua mãe e seu filho.