Cultura é o segredo da longevidade no mercado de TI

Dizer que o mercado de tecnologia está em constante evolução é quase óbvio já que todos os dias vemos produtos, ferramentas, serviços e soluções novas. Diante deste cenário de inovação, o grande desafio para as empresas é manter a competitividade. Prosperar em um ambiente tão dinâmico é uma barreira em qualquer país do mundo. Mas o segredo para conseguir manter a relevância está ligado mais à cultura da companhia do que na pressão por metas e por inovação.

Só no Brasil, mais de dois milhões de negócios fecharam as portas em 2023, segundo o levantamento mais recente do Mapa de Empresa. Com cerca de 30 anos de experiência à frente de uma companhia de TI, posso afirmar que são inúmeros os motivos para tantas empresas extintas. No entanto, o tempo de estrada também me mostrou os caminhos para não integrar essa lista. O primeiro pilar para sobreviver por décadas no mercado de tecnologia é sempre pensar em como crescer. É necessário estar sempre em movimento e idealizando o próximo passo, com planejamento e vontade de evoluir. Quem se conforma com o que já atingiu fatalmente será engolido pela concorrência. Claro, o espírito de crescimento o tempo inteiro levará a momentos de instabilidade, como crises, metas não atingidas e a necessidade de realinhar a rota, mas não há espaço para se acomodar.

Sempre estar atento ao que o mercado oferece é outro pilar mandatório. Empresas de tecnologia precisam estar com a mente aberta para as inovações. Em 2001 conhecemos em um evento nos Estados Unidos uma empresa que parecia promissora. Tinha desenvolvido uma solução de virtualização para servidores Intel. A empresa se chamava VMware. Trouxemos para o Brasil um CD com a primeira versão do software e definimos que deveríamos colocar toda a força de vendas para conhecer a solução. Os primeiros (de muitos) negócios vieram logo em seguida.

Veja também: Liderança que protege: o papel do CEO na segurança da informação

Outro fator crucial é executar o que se planeja. Toda vez que apresentar novos produtos ou serviços, é preciso uma estratégia para vender e colocar em prática, para ter a certeza de que a aposta funcionará. “O que faremos segunda-feira?” é algo que sempre questiono aos líderes da empresa depois que definimos uma nova estratégia. Em 2015, eu já tinha vários clientes de outsourcing, mas o foco em representar grandes fabricantes de tecnologia ainda era o principal negócio da empresa. Definimos que o foco principal deveria ser serviços e planejamos como ir aos clientes da base oferecer managed services. Definimos quais serviços, quais segmentos, quais clientes, tamanho e faturamento de cada um, em qual região. Depois disso, demoramos alguns meses até tomar uma ação de fato. Foi quando questionei ao time comercial: “OK, segunda-feira faremos o quê?” e então começaram de fato as visitas. Dez anos depois, o número de clientes é dez vezes maior.

Perpetuar cultura da empresa é a chave da sobrevivência

Além de todo o cuidado com os métodos listados acima, e quaisquer outras estratégias que façam parte do planejamento, tudo deve estar abaixo do fator principal: a cultura da companhia. Quem vai guiar a empresa para o crescimento são os profissionais que a integram, e transferir os valores para essas pessoas é o fator principal. Criar uma cultura que esteja acima do próprio líder, para que perpetue entre os profissionais, é o segredo da acelerar o crescimento e garantir que a instituição consiga caminhar sozinha. Por trás de toda inovação, estão as pessoas que a desenvolvem. A conduta da empresa deve estar intrinsecamente ligada aos seus valores, transmitidos de forma consistente a todos. Mais do que um discurso, a empresa deve cumprir o que promete, cuidando e valorizando o lado humano. A coerência entre discurso e prática fortalece a cultura organizacional e atrai talentos que compartilham dos mesmos valores.

Em um mercado onde a inovação é constante e a disrupção é a norma, a sobrevivência é um lindo triunfo. O sucesso reside na capacidade de manter-se competitivo por anos e construir uma cultura que transcenda as tecnologias passageiras e inspire a inovação contínua. O mercado brasileiro tem excelentes empresas, e uma liderança que queira perpetuar a companhia pode construir um legado de impacto no dinâmico mundo da tecnologia.

Eduardo Gallo, Presidente da Service IT.

Inscreva-se em nosso canal do Whatsapp e tenha acesso as principais notícias do mercado.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.