Pix é mais usado por jovens e em cidades com baixa renda, aponta estudo

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O estudo também relaciona o uso do Pix à proporção de beneficiários do Bolsa Família. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O Pix se consolidou como o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros, especialmente entre jovens de até 29 anos e em municípios de menor renda. É o que mostra a segunda edição do estudo “Geografia do Pix”, realizado pelo Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVCemif) da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).

A pesquisa, com base em dados de 2024, aponta que a frequência de uso mensal do Pix é maior entre os mais jovens.

Além disso, municípios com maior índice de alfabetização apresentam maior taxa de adesão (57,10%) e valor médio por transação mais elevado (R$ 231,43). Já em regiões com menor índice de alfabetização, o uso mensal tende a ser mais recorrente, ainda que com valores menores.

Nos municípios mais ricos e alfabetizados, a adesão ao Pix é maior. Entretanto, nos mais pobres, ele é mais usado. Isso pode ocorrer porque usuários de maior renda têm à sua disposição uma diversidade maior de meios de pagamento além do Pix, como cartões, TED etc, ou seja, a intensidade do uso do Pix tende a ser maior na baixa renda, explica Lauro Gonzalez, coordenador do FGVcemif e um dos autores do estudo.

Bolsa Família e intensidade de uso

O estudo também relaciona o uso do Pix à proporção de beneficiários do Bolsa Família. Os municípios com maior concentração de beneficiários realizam, em média, 33 transações por mês por usuário, com valor médio de R$ 141,77. A taxa de adesão ao sistema, nesses locais, é semelhante à média nacional: 51,10%.

De acordo com Gonzalez, isso mostra que o Pix tem se consolidado como ferramenta bancária básica para populações de menor renda.

“Além do fator renda e diversidade de meios de pagamento, há evidências de que o Pix se tornou um sinônimo de conta bancária na baixa renda. As contas digitais são usadas principalmente como um meio para fazer Pix. Os ‘bicos’ e a transferência de recursos para amigos e parentes são ‘impulsionadores’ para uso do Pix”, completou o coordenador.

Como foi a pesquisa?

A análise cruzou dados do Banco Central (Estatísticas do Pix por Município) com o Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Os pesquisadores consideraram apenas transações feitas por pessoas físicas, e, assim, desenvolveram três indicadores para entender o comportamento dos usuários:

  • Adesão: proporção da população que usou o Pix ao menos uma vez no mês.
  • Frequência de uso: número médio de transações mensais por usuário.
  • Valor médio da transação: média financeira movimentada por transação.

A pesquisa teve condução de Fabricio M. Trevisan, Lauro Gonzalez, Eduardo H. Diniz e Adrian Cernev, todos vinculados ao FGVcemif. A pesquisa completa pode ser acessada aqui.

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