Tarifaço pode tirar até R$ 2,4 bilhões e impactar 1,1% do PIB do Espírito Santo em 2025

Caso a tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entre em vigor, o Espírito Santo pode sofrer um impacto bilionário em sua economia. A projeção é do economista e diretor econômico da Futura, Orlando Caliman, que estima uma perda de até R$ 2,4 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do estado em 2025, o equivalente a 1,1% do total. O estudo considera os efeitos diretos e indiretos em setores com alta exposição ao mercado americano, como rochas ornamentais, aço, minério de ferro, café e celulose. Entenda.

Só o setor de rochas pode impactar 0,43% do PIB

O estudo traça três hipóteses possíveis de impacto, a depender da efetivação e da abrangência do tarifaço. No pior cenário, com a medida em vigor a partir de 1º de agosto e sem qualquer solução diplomática para os setores afetados, o Espírito Santo pode perder até R$ 2,4 bilhões em valor adicionado à economia, o que representa uma retração de 1,1% no PIB capixaba.

Segundo Orlando Caliman, economista e diretor econômico da Futura, o setor mais impactado é o de rochas ornamentais, que é o mais exposto ao mercado americano (77% das exportações têm os EUA como destino). Nesse “pior cenário”, apenas o impacto no segmento de rochas representa uma perda estimada de R$ 901 milhões em 2025, o que equivale a 0,43% do PIB estadual.

Para a análise, Caliman explica que foi utilizada a metodologia da matriz de insumo-produto, que permite calcular os efeitos em cadeia da redução de produção de determinados setores sobre os demais. Essa matriz gera um multiplicador que mostra o efeito total – para frente e para trás – de cada setor, por isso é possível estimar o impacto no PIB.

“Quando um setor deixa de exportar, ele reduz sua produção, demite, consome menos energia, contrata menos serviços industriais. Quem vende para esse setor também reduz sua produção, e o efeito em cascata segue. É um encadeamento que impacta toda a economia, pois como os fornecedores diretos e indiretos também recuam, esse efeito se propaga pela economia”, completa o economista.

O estudo também considera cenários menos pessimistas. No cenário moderado, a análise parte da hipótese de que produtos como café verde, aço e minério de ferro encontrem alternativas de negociação ou redirecionamento para o mercado interno e para outros países. Nesse caso, o impacto estimado seria de R$ 1,38 bilhões, que representa 0,66% no PIB capixaba.

Já na hipótese mais otimista, com redirecionamento de 50% das exportações antes destinadas aos EUA para outros mercados internacionais, a perda seria menor: R$ 1,2 bilhões, um impacto de 0,57% no PIB capixaba.

“São cenários menos severos, mas ainda bastante preocupantes. Mesmo com redirecionamento parcial ou soluções diplomáticas pontuais, o estado terá perdas relevantes. O que o estudo mostra é que, independentemente do grau de impacto, a economia capixaba será afetada e precisará de medidas para mitigar esse efeito em cadeia”, aponta Caliman.

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