Avanço da celulose desafia previsão do IBGE e renova expectativa de crescimento em MS

Apesar da previsão do IBGE de crescimento populacional modesto nos próximos 45 anos, Mato Grosso do Sul aposta na força de sua expansão industrial, especialmente com a chegada de novos projetos de celulose, para mudar esse cenário. O instituto projeta um incremento de apenas 172,2 mil habitantes até 2070, o que representa cerca de 3,8 mil pessoas a mais por ano. Atualmente com 2,9 milhões de habitantes, o Estado deve atingir o pico populacional em 2052, com 3,2 milhões, e iniciar queda até chegar a 3,09 milhões em 2070.

O número contrasta com os esforços do governo estadual, que vê na industrialização um fator-chave para atrair novos moradores. Iniciativas como a Rota Bioceânica, investimentos em economia verde e, principalmente, a instalação de novas plantas de celulose têm criado um ambiente favorável à migração e geração de empregos com salários acima da média.

“Colocando num cenário, vamos ter indústrias de celulose, aumento de frigorífico, aumento de estrutura, aumento de bioenergia, temos crescimento de 5% do PIB. Nós não temos uma taxa, mas esse cenário indica um crescimento populacional superior a esse projetado pelas regras, focado na migração. A ideia é da fixação dessas pessoas em Mato Grosso do Sul. Esse cenário cria uma possibilidade de aumentar o número de residentes no estado de Mato Grosso do Sul”, afirmou Jaime Verruck, titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

Segundo ele, porém, os números do IBGE estão estatisticamente corretos, servindo como referência oficial para políticas públicas e planejamento eleitoral. O problema, destaca, é que os dados não captam a chamada “população volante”, vinda de outros estados para trabalhar temporariamente em grandes projetos industriais, como os de celulose. “Essa população volante dos grandes projetos, não imputa como população sul-mato-grossense, porque são pessoas de outros estados que vão estar transitoriamente aqui”, explicou.

 

Outro desafio é a concentração populacional: 75% dos habitantes do Estado estão distribuídos em apenas dez municípios. Por isso, o governo tem investido, por meio do programa MS Ativa, na infraestrutura de cidades menores para conter o êxodo e distribuir melhor o crescimento populacional.

Para o economista Odirlei Fernando Dal Moro, o ritmo de crescimento projetado pode se acelerar, caso o volume de investimentos previsto se concretize. “Caso o nível de investimentos do estado cresça e repercuta no crescimento econômico, naturalmente o número de empregos tende a crescer e com isso atrair pessoas de outras regiões”, avaliou. Ele também ressaltou que o processo de industrialização, mesmo com uso crescente de tecnologia, impacta positivamente outros setores da economia, gerando empregos indiretos.

Essa visão é compartilhada por Rodrigo Perez, secretário da SGGE. Para ele, as projeções do IBGE não refletem o dinamismo econômico em curso. “Projetos como a Rota Bioceânica e os novos parques de celulose, além de aportes em bioenergia e infraestrutura, estão tornando Mato Grosso do Sul mais atraente para profissionais qualificados de outros estados”, disse.

Ele reforçou que o crescimento não se deve a um único setor, mas a uma combinação de investimentos em papel e celulose, proteína animal, mineração e logística. “O reflexo aparece nas estatísticas: até maio, o Estado acumulou 20.898 postos formais. O saldo positivo é fruto de emprego com carteira, renda em alta e qualidade de vida que consolidam MS como destino para quem busca estabilidade e bons salários”, apontou.

Entre 2017 e 2022, o saldo migratório do Estado foi positivo em quase 49 mil pessoas, compensando a queda na taxa de fecundidade. Em comparação com estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que devem perder, respectivamente, 5,4 milhões e 2,7 milhões de habitantes até 2070, o avanço sul-mato-grossense é modesto, mas significativo no atual contexto nacional. Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás lideram a lista de estados com maior crescimento populacional, enquanto Mato Grosso do Sul aparece como o último entre os que ainda devem crescer.

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