Estagiários: os possíveis líderes do cooperativismo de amanhã

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*Artigo escrito por Carlos André Santos de Oliveira, diretor-executivo do Sistema OCB/ES e vice-presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/ES.

Penso muito sobre o futuro do cooperativismo e sobre os líderes que estarão à frente do modelo de negócio amanhã. Com quase dois séculos de existência, nosso movimento já provou ser resiliente e capaz de enfrentar desafios e crises, como a crise financeira global de 2008 e a recente pandemia de Covid-19.

Mas há uma pergunta que não sai da minha cabeça: além das crises, estamos preparados para uma transição de gerações? Estamos formando as lideranças que, em breve, vão assumir o comando? Não tenho a resposta para essas perguntas, mas temos discutido esse tema dentro do cooperativismo capixaba.

Novas gerações

As novas gerações têm habilidades e conhecimentos essenciais para lidar com as demandas atuais, bem como com as transformações digitais e tecnológicas que avançam a passos largos.

Para que elas assumam o bastão, precisamos preparar o caminho. Isso significa criar oportunidades, incentivar a troca justa de experiências e garantir que haja espaço para a prática profissional.

É nesse cenário de mudanças e de preparação para o futuro que devemos refletir sobre o papel desempenhado pelos jovens que ocupam a função de estagiários. Se bem-preparados, eles poderão ser os futuros analistas, assessores, gerentes, diretores e presidentes das nossas organizações.

Por isso, é nosso dever criar um ambiente que favoreça o desenvolvimento e o crescimento deles.

Estagiários

Na minha trajetória de 28 anos no Sistema OCB/ES, acompanhei a evolução e o amadurecimento de dezenas de estagiários. Alguns permanecem na instituição até hoje, ocupando até mesmo cargos de gestão.

Outros levaram consigo o conhecimento adquirido aqui e seguem trilhando jornadas de sucesso, inclusive dentro de cooperativas capixabas.

Atualmente, nossa equipe conta com 44 colaboradores – sendo sete estagiários e dez ex-estagiários que foram efetivados e ocupam diferentes funções. Esses profissionais cresceram porque tiveram espaço para mostrar talento, criatividade e visão estratégica.

Os estagiários de hoje, por sua vez, têm uma missão fundamental: trazer um olhar fresco, livre de vícios e aberto a novas perspectivas sobre processos e rotinas.

É por isso que devemos ouvi-los, acolher seus questionamentos e considerar suas ideias. Jovens inquietos, quando incentivados, são fonte inesgotável de inovação e reflexão.

Por isso, empresas que não aproveitam o potencial de seus estagiários deveriam rever sua postura. Muitas vezes, eles são limitados a tarefas mecânicas, excluídos de discussões estratégicas, privados de oportunidades de capacitação e até desvalorizados financeiramente.

Agir assim com quem está começando a carreira é desperdiçar talento – e, mais do que isso, é um ato de egoísmo.

Potencial dos jovens

Devemos aproveitar e fortalecer valores que eles já carregam: sustentabilidade, inclusão, equidade e sede de inovação. Esses são valores completamente alinhados aos princípios cooperativistas.

Quanto mais cedo eles forem integrados à nossa cultura, mais sólidas serão as parcerias que construiremos no futuro.

Tenho uma crença no potencial transformador dos jovens. O futuro do cooperativismo será escrito, entre outras coisas, pelas mãos dos estagiários de hoje – guiadas por valores firmes e apoiadas por líderes que acreditam na força da coletividade.

Cabe a nós abrirmos caminhos, oferecer um ambiente propício ao seu desenvolvimento e confiar no protagonismo de quem está apenas começando. Só assim garantiremos um movimento pujante, longevo e inovador.

Carlos André Santos de Oliveira. Foto: OCB-ES/Divulgação
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