Neste domingo (27), em celebração ao Julho das Pretas, estreia em Brasília a websérie Tranças no Mapa, uma produção que busca enaltecer o ofício tradicional das trançadeiras e trancistas negras do Distrito Federal e do Entorno. O lançamento acontece às 14h, na Casa Kaluanã, no Mercado Sul de Taguatinga, com roda de diálogo comunitário e participação de importantes nomes das políticas públicas culturais e raciais.
O mês de julho, marcado por reflexões sobre a resistência e os legados das mulheres negras, ganha um reforço simbólico e cultural: a estreia da websérie Tranças no Mapa. Realizada pelo coletivo Fios da Ancestralidade e coordenada pela trançadeira, pesquisadora e mestra Layla Maryzandra, a série é um passo no campo do audiovisual comunitário, dando voz às mulheres que, por meio do trançar, entrelaçam história, afeto, identidade e resistência.
A série será lançada neste domingo (27) na Casa Kaluanã, no Mercado Sul de Taguatinga (DF). O local é um dos territórios destacados pela pesquisa como polo de tradição trançadeira, ao lado de Ceilândia. O evento contará ainda com uma roda de diálogo comunitário, reunindo autoridades, artistas, pesquisadores e mestras trançadeiras, em celebração também ao 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Dividida em três episódios — “Heranças das Tranças: O Mapa Familiar”, “Vida nas Tranças: O Mapa Cotidiano” e “Resistência e Patrimônio: O Mapa Político e Patrimonial” — a websérie oferece um panorama visual e narrativo sobre os territórios, as trajetórias e os desafios enfrentados por mulheres negras que fazem do trançar uma forma de sustento, afirmação identitária e prática ancestral.
A produção, que será disponibilizada na primeira quinzena de agosto na plataforma do Programa de Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT/UnB), também é resultado das Oficinas de Mapa Afetivo de Trancistas Negras. Essas oficinas utilizaram metodologias da cartografia social e da educação patrimonial para valorizar as memórias e vivências inscritas nos territórios onde essas mulheres atuam.
“São mapas vivos, onde o corpo é o próprio território. Cada trança é um fio que conecta histórias familiares, práticas cotidianas e resistência cultural”, explica a pesquisadora e coordenadora da websérie Layla Maryzandra.
Perfil das trancistas no DF
Com roteiro e direção assinados por Layla, a série conta com tradução em Libras por Ana Júlia Gomes, ampliando sua acessibilidade. O elenco reúne importantes nomes como a mestra griô Ana Akini, Laodiceia Nascimento, Analice Marques (da comunidade Kalunga em Goiás), Jennifer Cruz, Paula Olívio, Thanan Bicalho, Litiely Brandão e Sara Generoso, que são trançadeiras cujas histórias compõem o tecido social documentado pela websérie.
A pesquisa que deu origem à série utilizou a plataforma Ushahidi para mapear os territórios e revelou dados inéditos sobre o perfil sociocultural das trancistas do DF e Entorno. Quatro indicadores chamaram atenção: a maioria é formada por jovens periféricas; muitas têm na trança sua única fonte de renda; o ofício, embora iniciado por necessidade, permanece como escolha e herança; e há forte presença de transmissão geracional, ainda que muitas afirmem terem aprendido de forma autodidata.
Após a estreia em Brasília, a websérie segue em exibição por outros territórios mapeados pela pesquisa, com destaque para Salvador (BA), em agosto, e São Luís (MA) em outubro, sendo este último terra natal da idealizadora do projeto. A circulação integra o Circuito de Formação, Arte e Mobilização dos Agentes Territoriais de Cultura, do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC), fortalecendo a participação cidadã nas políticas públicas culturais.
Serviço
Data: Domingo, 27 de julho
Horário: 14h
Local: Casa Kaluanã – Mercado Sul, Taguatinga (DF)
Entrada gratuita
Mais informações: Plataforma MESPT/UnB (lançamento digital previsto para agosto)
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