O governo prevê publicar ainda este ano o novo Plano Nacional de Logística (PNL) 2050. O plano já teve outras versões, mas uma de suas principais fragilidades é o imediatismo da gestão pública que o revisa e redige. De acordo com dados do DNIT (2024) e do Ministério da Infraestrutura (2020), a extensão da malha rodoviária brasileira é de 1.720.909 quilômetros, sendo impressionantes 78,5% desse total compostos por rodovias não pavimentadas (ou seja, 1.350.100 km). Desculpem o trocadilho, mas o buraco é mais embaixo. E vale lembrar: este dado considera apenas a malha rodoviária, desconsiderando ferrovias, hidrovias, transporte aéreo e seus respectivos gargalos. Para um país de dimensões continentais e desafios logísticos tão diversos, pensar infraestrutura é pensar em planejamento de longo prazo, com ações que transcendam gestões e resistam ao tempo.
Enquanto esse cenário ideal não se concretiza, o setor logístico precisa seguir operando (e com eficiência). É aí que entra a inteligência logística como uma aliada estratégica, capaz de mitigar os impactos da infraestrutura aquém do esperado, por meio de tecnologia, visibilidade de ponta a ponta e tomada de decisão orientada por dados.
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Soluções como os sistemas TMS (Transportation Management System), que já disse em outras situações que não é apenas um diferencial, mas sim uma necessidade, ajudam transportadoras, operadores logísticos e empresas de e-commerce a contornar os desafios diários das entregas. Seu uso viabilizará a roteirização inteligente, previsibilidade de prazos, análise de ocorrências e automação de processos, aumentando a eficiência da operação.
Além disso, a gestão logística moderna não se resume apenas à escolha de rotas mais eficientes. Ela envolve uma visão holística da operação: do momento em que um pedido é confirmado até sua chegada ao destino final, passando por pontos críticos como centros de distribuição, transportadoras parceiras e prazos ajustados às exigências do consumidor final. Isso tudo exige sincronização fina e visibilidade em tempo real, algo praticamente inviável sem o suporte de plataformas especializadas.
A inteligência logística também permite que decisões estratégicas sejam baseadas em dados reais de performance. Informações sobre atrasos, extravios, custos operacionais e qualidade de entrega, quando analisadas de forma estruturada, ajudam empresas a ajustar sua malha logística e renegociar contratos com base em critérios técnicos, não apenas no feeling.
Em resumo, enquanto o país ainda caminha (a passos lentos) para resolver seus entraves de infraestrutura, a inteligência logística funciona como um GPS que encontra caminhos viáveis, mesmo em terrenos acidentados. É o braço invisível que viabiliza entregas, reduz custos e aumenta a satisfação do cliente, apesar dos buracos, físicos e estruturais, que ainda persistem no nosso sistema.
Ross Saario, CEO da Intelipost.
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